“Poema do futuro cidadão”
Vim de qualquer parte
de uma nação que ainda não existe.
Vim e estou aqui!
Não nasci apenas eu
nem tu nem outro...
mas irmão.
Mas
tenho amor para dar às mãos-cheias.
Amor do que sou
e nada mais.
E
tenho no coração
gritos que não são meus somente
porque venho dum país que ainda não existe.
Ah! Tenho meu amor à rodos para dar
do que sou.
Eu!
Homem qualquer
cidadão de uma nação que ainda não existe.
(CRAVEIRINHA, José. Poema do futuro cidadão [1964]. In: SAÚTE, Nelson. Nunca mais é sábado:
antologia de poesia moçambicana. Lisboa: Dom Quixote, 2004. p. 71).
Na literatura africana de língua portuguesa, a busca por uma identidade nacional desempenha um importante
papel, especialmente no contexto das lutas pela independência. No poema de José Craveirinha, essa busca
revela-se: