SóProvas


ID
3802747
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Aroeiras - PB
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Receita de neurose

Pegam-se quatro idas à cidade todo dia, duas pitadas de monóxido de carbono em cada respirada, sem esquecer da buzinada no trânsito constante.

      Juntam-se um terno e uma gravata, para mulheres um vestido justo e um terninho num salto alto apertando os dedinhos, com 40 graus à sombra. E sem protetor solar. Xingam-se uns 3 motoristas, escutam-se uns seis xingamentos.

      Atravessa-se a avenida, sem correr, de lá pra cá, na hora do rush. Tropeça numa pedra ou enfia-se num buraco e reza pra não ter torcido o pé ou quebrado o salto. Nisso o celular toca, está no fundo da bolsa ou no bolso da calça e depois de ter feito tanto esforço para atender. Era engano ou alguém de casa ligando a cobrar perguntando-se vai demorar muito pra chegar!

      Espera-se uma condução durante duas horas e volta-se pra casa, de preferência em pé, no ônibus cheio. Ou numa Van pirata. Cheia de gente cansada, motorista e trocador estressados. Riocard não passa, o trocador não tem troco a roleta emperra. No corredor, que já não é mais um corredor de tanta agente amontoada, ficamos ali exprimidos pensando:

      -- Como vou sair daqui, pela janela? E sacode pra lá e pra cá, lugar pra sentar? Isso é artigo de luxo. De repente uma freada, pra descansar o sacolejo. Nem dá pra sentir é tanta gente que até amortece. Enfim, de volta ao lar.

      Depois, é só levar ao divã do analista, quatro vezes por semana, durante quinze anos!

      Mas isso se você ganhar na loteria, receber uma herança. Na pior das hipóteses, casar com milionário.

Jô Soares.

Na oração : Atravessa-se a avenida, sem correr, de lá pra cá, na hora do rush


Assinale a alternativa em que o sujeito não tenha a mesma classificação:

Alternativas
Comentários
  • ✅ Gabarito: C

    Atravessa-se a avenida, sem correr, de lá pra cá, na hora do rush → A meu ver, temos uma voz passiva sintética e o sujeito é paciente (a avenida é atravessada), a banca considerou como sujeito indeterminado.

    ➥ Somente na letra C) é que não temos um sujeito indeterminado:

    Havia tempo suficiente para as manifestações → Temos o verbo "haver" com sentido de "existir", é um verbo impessoal e deve-se manter no singular. Trata-se de um sujeito inexistente.

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Na língua portuguesa, há três maneiras diferentes de indeterminar o sujeito de uma oração:

    a) Com verbo na 3ª pessoa do plural

    b) Com verbo ativo na 3ª pessoa do singular, seguido do pronome se;

    c) Com o verbo no infinitivo impessoal

  • CUIDADO

    É possível que encontremos o gabarito ao perceber que a alternativa C é a unica que não traz sujeito, frente as demais alternativas que o possuem de forma indeterminada. No entanto, a banca comete erro grotesco no enunciado, mais precisamente na frase que serve de "molde" para a análise.

    "Atravessa-se a avenida, sem correr, de lá pra cá, na hora do rush"

    Temos aqui um verbo transitivo direto, atravessar, acompanhado de um pronome apassivador. Trata-se de uma oração na voz passiva sintética.

    Lembrem-se que na voz passiva, principalmente sintética, o sujeito é suprimido, mas não deve ser confundido com o sujeito indeterminado.

    Orlando Guimarães, acredito que tu estejas deveras confuso quanto a classificação dos sujeitos.

    "Eles" só será sujeito oculto, quando no contexto pudermos resgatar o referente, do contrario a terceira pessoa do plural é indeterminada, bem como não existem controvérsias quanto a diferenciação de índice de indeterminação do sujeito e partícula apassivadora, sendo que está só ocorre com verbos transitivos diretos ou diretos e indiretos, enquanto aquela apenas com verbos intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação. A única ressalva, aqui, é quanto a verbos transitivos diretos com objeto direto preposicionado , o que não é o caso da questão.

    Qualquer banca que adote "visão" destoante, está incorrendo em erro.

  • OBSERVAÇÃO

    A interpretação que Ivan Lucas expôs é a que é geralmente acolhida pelas bancas, mas existem controvérsias quanto a ela. Segundo alguns gramáticos, o se do enunciado seria índice de indeterminação do sujeito, e algumas bancas adotam a visão deles. Veja o gabarito destas questões:

    https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/13911e6b-51

    https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/fd3e000c-48

  • Pra mim, não deveria ter gabarito.

    "Atravessa-se a avenida" é uma forma de oração na voz passiva sintética. Tem sujeito passivo "a avenida".

    Na letra C, a oração é sem sujeito. As outras alternativas são de sujeito indeterminado.

  • Ivan Lucas, quanto às alternativas B e D, realmente escrevi besteira. Mas a controvérsia que aponto é a classificação do se específico do enunciado e não a diferenciação genéria entre pronome apassivador e índice de indeterminação do sujeito.

    É pronome apassivador o se que acompanha verbos transitivos e verbos intransitivos tomados transitivamente (transcrevo a citação em outro comentário porque aqui não há espaço), de modo que, na oração Atravessa-se a avenida, análoga ao exemplo de Celso Cunha (transcrevo ele no outro comentário), entende-se que a avenida é sujeito ("a avenida é atravessada", diria a didática). No entanto, Evanildo Bechara, por exemplo, defende que (transcrevo a citação no outro comentário) o índice de indeterminação do sujeito também pode acompanhar verbos transitivos e verbos intransitivos tomados transitivamente, de modo que seria possível e correta a oração Atravessa-se as avenidas, na qual se deve entender as avenidas (ou a avenida) como objeto direto em vez de sujeito. Segundo ele, "ambas as sintaxes são corretas". Portanto, são abusivas e nulas as questões sobre o assunto.

  • Ivan Lucas

    Celso Cunha (Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7º edição. 2016. Editora Lexicon. Rio de Janeiro. 762 páginas. ISBN 9788583000310. Páginas 319-21) diz:

    "O pronome se emprega-se como:

    [...]

    d) PRONOME APASSIVADOR:

    Ouve-se ainda o toque de rebate. (B. Santareno, TPM, 121.)

    Fez-se novo silêncio. (Coelho Netto, 0 5 ,1,97.)

    e) SÍMBOLO DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO (junto à 3º pessoa do singular de verbos intransitivos, ou de transitivos tomados intransitivamente):

    Vive-se ao ar livre, come-se ao ar livre, dorme-se ao ar livre. (R. Brandão, P, 165.)

    Martelava-se, serrava-se, acepilhava-se. (Coelho Netto, 0 5 ,1, 131.)

    [...]

    Em frases do tipo:

    Vendem-se casas.

    Compram-se móveis.

    consideram-se casas e móveis os sujeitos das formas verbais vendem e compram, razão por que na linguagem cuidada se evita deixar o verbo no singular".

    Já Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa. 37º edição. 2009. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro. 854 páginas. ISBN 9788520930496. Página 212) diz:

    "[o se] exerce as seguintes funções sintáticas em face das unidades léxicas que com o pronome concorrem:

    [...]

    Índice de indeterminação do sujeito:

    vive-se bem.

    Lê-se pouco entre nós

    Precisa-se de empregados.

    É-se feliz.

    [...] Pelos exemplos acima, o se como índice de indeterminação de sujeito – primitivamente exclusivo em combinação com verbos não acompanhados de objeto direto –, estendeu seu papel aos transitivos diretos (onde a interpretação passiva passa a ter uma interpretação impessoal: Vendem-se casas = ‘alguém tem casa para vender’) e de ligação (É-se feliz). A passagem deste emprego da passiva à indeterminação levou o falante a não mais fazer concordância, pois o que era sujeito passou a ser entendido como objeto direto, função que não leva a exigir o acordo do verbo:

    Vendem-se casas (= ‘casas são vendidas’) = Vendem-se casas (= ‘alguém tem casa para vender’) = Vende-se casas.

    “Vende-se casas e frita-se ovos são frases de emprego ainda antiliterário, apesar da já multiplicidade de exemplos. A genuína linguagem literária requere vendem-se, fritam-se. Mas ambas as sintaxes são corretas [negrito meu], e a primeira não é absolutamente, como fica demonstrado, modificação da segunda. São apenas dois estágios diferentes de evolução. Fica também provado o falso testemunho que levantaram à sintaxe francesa, que em verdade nenhuma influência neste particular exerceu em nós...” [MAg.2, 181-183]".

  •  Atravessa-se a avenida, sem correr, de lá pra cá, na hora do rush

    Realmente o enunciado é confuso..sendo:

    Atravessar ---algo ---a avenida ( OD)

    VTD + SE = Partícula passivadora.

  • QUESTÃO SEM GABARITO!!

    Alternativa C - Vb "haver" no sentido de existir (Sujeito INEXISTENTE)

    Na frase: "Atravessa-se a avenida"

    O SUJEITO É "A AVENIDA"

    Como ela está na voz passiva sintética, passando para a voz analítica, fica: É atravessada a avenida;

    deloca o sujeito; e

    A avenida é atravessada. (SUJEITO SIMPLES)

  • Mesmo com muitas divergências nos comntáro, essa questão da pra matar.

    HAVER é verbo IMPESSOAL, ele é o mais diferente entre todos.

    GAB: C

  • Não há o que discutir! Questão mal elaborada, inclusive anulável! Entretanto, estamos sujeitos a esse tipo de situação. Apesar de tudo, como bem pontuou a colega Jamile, é possível matar a questão.

    Bons estudos a todos!

  • Então questão meio problemática. Mas nesta situação o melhor é marcar a mais certa.

    Logo alternativa C: Verbo Haver no sentido de Existir, sujeito inexistente. Isso é regra!

  • Existe o sujeito indeterminado na questão, ela só quer uma alternativa em que o sujeito é diferente, apenas isso.

    Na letra C o sujeito é inexistente, enquanto nas outras segue o mesmo modelo, que é o indeterminado.

  • Letras A, B, D, E =sujeito existente Letra C e gabarito = sujeito inexistente