SóProvas


ID
3819238
Banca
VUNESP
Órgão
FITO
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      No começo do mês, estive em Nova York. Durante as semanas que antecederam a viagem, fui anotando dicas de amigos em folhas de caderno, guardanapos, o que tivesse à mão. Só de “o melhor hambúrguer do mundo”, consegui umas sete sugestões; de “o cheesecake original”, quatro; e, com os endereços para comer sanduíches, enchi frente e verso de um papel A4.

      Como amizade e comida boa são duas coisas que respeito muito, em dez dias nos Estados Unidos eu gabaritei as anotações: voltei dois quilos mais gordo e, ainda no avião, fiz a promessa de, nos próximos seis meses, não chegar a menos de dez metros de uma batata frita.

      O que de mais saboroso provei por lá, contudo, não foi fast-food nem era uma especialidade local. Trata-se de um vegetal. Ou, para ser mais exato, um fruto: uma dádiva dos deuses que, infelizmente, não a encontramos por aqui. Chama-se tomate.

      Assemelha-se bastante, por fora, àquele fruto ao qual, em nosso país, também damos o nome de tomate, mas uma vez que seus dentes penetram a carne macia, o suco abundante escorre pelo queixo e o doce naturalmente se mescla ao sal em sua língua, você entende que está diante de um alimento completamente diferente.

      Acontece que a qualidade do tomate está ligada, entre outros fatores, à quantidade de água nele contida. Quanto mais líquido, mais macio e saboroso. O problema é que a maior presença de suco aumenta o sabor na mesma medida em que reduz a durabilidade. Os agricultores, pensando mais na performance de seu produto dentro dos caminhões do que em cima dos pratos, passaram a priorizar os frutos mais “secos”, foram cruzando-os e manipulando suas características até que os transformaram nesse tímido vegetal que aguenta todos os trancos da estrada, dura séculos na geladeira e quase chega a ser crocante em nossos dentes.

      Dou-me conta de que há questões mais urgentes a serem tratadas em nosso país: levar água encanada para cinquenta milhões de pessoas, criar escolas que ensinem a ler e escrever de verdade, evitar que a gente morra de bala perdida ou picada de mosquito. Mas queria pedir às autoridades competentes, sejam elas públicas ou privadas, que, depois de resolvidos os pepinos e descascados os abacaxis, ajudem a plantar tomates de verdade no Brasil. A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para deixá-la mais doce, macia e suculenta.

(Antonio Prata. Fruto proibido. www.estadao.com.br, 13.12.2010. Adaptado)

Encontra-se em conformidade com a norma-padrão da língua quanto à colocação dos pronomes a seguinte frase:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

     a) … uma dádiva dos deuses que, infelizmente, não encontramos-a por aqui → temos o advérbio de negação "não" sendo fator atrativo, fator de próclise (=não a encontramos).

     b) … o suco abundante escorre pelo queixo e o doce naturalmente mescla-se ao sal em sua língua → temos o advérbio "naturalmente" sendo fator atrativo, fator de próclise (=naturalmente se mescla).

     c) … manipulando suas características até que transformaram-nos nesse tímido vegetal → temos o "que" sendo fator atrativo, fator de próclise (=até que nos transformaram).

     d) Me dou conta de que há questões mais urgentes a serem tratadas em nosso país → não podemos começar a frase com o pronome oblíquo átono, o correto é usar a ênclise (=dou-me).

     e) A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para a deixar mais doce → temos um verbo no infinitivo não flexionado, a colocação pronominal é facultativa, próclise (=antes do verbo → a deixar) OU a ênclise (=após o verbo → deixá-la).

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Assertiva e

    A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para a deixar mais doce…

  • A ) Em casos de palavras negativas usamos próclise.

    B )(..) naturalmente mescla-se ao sal em sua língua.

    Advérbio = fator de próclise

    C ) … o que está como fator de próclise.

    D ) Não iniciamos frase com pronomes.

    Bons estudos!

  • LETRA A - … uma dádiva dos deuses que, infelizmente, não encontramos-a por aqui.

    LETRA B - … o suco abundante escorre pelo queixo e o doce naturalmente mescla-se ao sal em sua língua.

    LETRA C - … manipulando suas características até que transformaram-nos nesse tímido vegetal…

    LETRA D - Me dou conta de que há questões mais urgentes a serem tratadas em nosso país…

    LETRA E - A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para a deixar mais doce…

  • próclise antes de infinitivo é falcultativa ou não recomendada, mas não proibida. letra "e"

  • letra B, "naturalmente" é advervio de modo. Logo, termo atrativo.

    Correta E .

  • E

    ERREI, MARQUEI C.

    OBS.: AS EXPLICAÇÕES DO ARTHUR CARVALHO SÃO AS MELHORES!

  • E- deixar: verbo no infinitivo não flexionado, a colocação pronominal é facultativa, próclise(a deixar) /ênclise (deixá-la).

  • Terceira questão que vejo cobrando esse caso facultativo de colocação pronominal. Novamente vai a explicação que retirei do livro A Gramática para Concursos Públicos, do Fernando Pestana: Infinitivo não flexionado precedido de ''palavras atrativas'' ou das preposições ''para, em, por, sem, de, até, a'' fica facultativo. Mas essas preposições podem ser um pouco chatinhas para decorar, portanto aí vai um Mnemônico que eu elaborei a fim de que tivesse mais lembrança cerebral '' Para, por, em, sem, de, até, a'' Fica tipo Para por em 100 de até a kk enfim, eu acho que fica mais eufônico.

  • A questão trata sobre a posição dos pronomes oblíquos dentro de uma oração. Os pronomes oblíquos são partículas átonas que, dentro do discurso, ligam-se a termos atrativos (ou tônicos) dentro do texto. Quando há uma conjunção integrante, por exemplo, dizemos que a partícula átona (com som menor) é atraída para perto da conjunção, mas, o que ocorre é que, dentro dos nossos discursos, é incomum transformarmos aquela palavra em algo audível. Veja o exemplo:

    Vimos que amavam-nos.
    Vimos que nos amavam.
    Ao final da oração, o nos torna-se audível, mas, quando próximo à conjunção, os sons se ligam formando um conjunto. Para facilitar a compreensão, costumamos listar as situações em que o pronome oblíquo é atraído e permanece antes do verbo (próclise):

    > Negativas (não, nunca);
    > Pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos;
    > Advérbios;
    > Conjunções subordinativas.

    Visto isso, podemos analisar as opções em relação à posição dos pronomes (próclise ou ênclise) diante do verbo.


    Letra A: INCORRETA. Nessa opção o pronome encontra-se após o verbo (ênclise), entretanto há uma negação antes do verbo. Nesse caso, a correção seria "não a encontramos por aqui".


    Letra B: INCORRETA. O advérbio anterior ao verbo é uma partícula atrativa, por isso o pronome deve manter-se próximo a ele: "naturalmente se mescla ao sal".


    Letra C: INCORRETA. Que é uma conjunção integrante, introdutória de uma oração subordinada, por isso partícula atrativa do pronome oblíquo: "até que nos transformaram".


    Letra D: INCORRETA. Nesse caso, na Norma Padrão da Língua Portuguesa não iniciamos orações por pronomes oblíquos. 


    Letra E: CORRETA. Nessa opção, a próclise está correta. Vale lembrar que o fato de existir um advérbio após o verbo, não significa que o pronome seja atraído por ele. O fator de atração ocorre sempre quando o termo atrativo está antes do verbo. A ênclise (colocar o pronome oblíquo após o verbo) é a ordem comum para o pronome.


    Resposta: Letra E.
  • GABARITO E

     A) uma dádiva dos deuses que, infelizmente, não encontramos-a por aqui.

    NÃO funciona como PALAVRA NEGATIVA-> FATOR ATRATIVO

    B) o suco abundante escorre pelo queixo e o doce naturalmente mescla-se ao sal em sua língua.

    NATURALMENTE atrai o SE-> FATOR ATRATIVO

    C) manipulando suas características até que transformaram-nos nesse tímido vegetal…

    QUE funciona como CONJUNÇÃO SUBORDINADA INTEGRANTE->FATOR ATRATIVO

    D) Me dou conta de que há questões mais urgentes a serem tratadas em nosso país…

    ME no começo-> PROIBIDO POA NO COMEÇO

    E) A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para a deixar mais doce…

    RESPOSTA CORRETA

    QUALQUER ERRO ME INFORME POR FAVOR !!!!

  • E) A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para a deixar mais doce…

    para deixar ela--- a vida.

  • GAB. E)

    A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para a deixar mais doce…

  • Coloquei alternativa B, errei.

    Analisei a alternativa E pensando ser o correto da seguinte forma:

    A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para a deixa-la mais doce…

    Agora que começamos não podemos parar!

  • Palavras atrativas da Próclise (pronome antes do verbo):

    ?PRICONGA!

    ? = Oração interrogativa

    PRI = pronome relativo, indefinido, interrogativo

    CO = conjunção subordinativa

    N = palavra com sentido negativo

    G = em + gerúndio (Em SE tratando)

    A = advérbio (sem vírgula)

    ! = oração optativa (Deus LHE pague! Deus O abençõe!)

    Créditos: Professor João Bolgnesi do Damásio.

  • Progredindo...

  • O verbo deixar termina em "r" e como isso não teria que terminar "deixá-la"? Agora fiquei confusa...