As alegres meninas que passam na rua, com suas
pastas escolares, às vezes com seus namorados.
As alegres meninas que estão sempre rindo,
comentando o besouro que entrou na classe e pousou
no vestido da professora; essas meninas; essas coisas
sem importância.
O uniforme as despersonaliza, mas o riso de
cada uma as diferencia. Riem alto, riem musical, riem
desafinado, riem sem motivo; riem.
Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca
mais voltassem a rir e falar coisas sem importância.
Faltava uma delas. O jornal dera notícia do crime.
O corpo da menina encontrado naquelas condições, em
lugar ermo. A selvageria de um tempo que não deixa
mais rir.
As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se
adultas de uma hora para outra; essas mulheres.
ANDRADE, C. D. Essas meninas. Contos plausíveis.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
No texto, há recorrência do emprego do artigo “as” e
do pronome “essas”. No último parágrafo, esse recurso
linguístico contribui para