SóProvas


ID
3854839
Banca
IBGP
Órgão
Câmara de Perdizes - MG
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A Paz e a Lei

A paz!! Não a vejo. Não há, como não pode existir, senão uma, é a que assenta na lei, na punição dos crimes, na responsabilidade dos culpados, na guarda rigorosa das instituições livres. Outra espécie de paz, não é senão a paz da servidão, a paz indigna e aviltante dos países oprimidos, a paz abjeta que a nossa índole e o nosso regímen essencialmente repelem, a paz que humilha todos os homens honestos, a paz que nenhuma criatura humana pode tolerar sem abaixar a cabeça envergonhada.

Esta não é a paz que eu desejo. Quando peço a observância da lei, é justamente porque a lei é o abrigo da tolerância e da bondade. Não há outra bondade real, Srs. Senadores, senão aquela que consiste na distribuição da justiça, isto é, no bem distribuído aos bons e no castigo dispensado aos maus.

E a tolerância, que vem a ser senão a observância da igualdade legal? Porventura temos sido nós iguais perante a lei, neste regímen, nestes quatro anos de Governo, especialmente? Há algum chefe de partido, há algum cabeça de grupo, algum amigo íntimo da situação, algum parente ou chegado às autoridades, que não reúna em sua pessoa um feixe de regalias, que não goze de prerrogativas especiais, que não tenha em torno de sua individualidade uma guarda e defesa régia ou principesca?

Essa excursão, Srs. Senadores, me levaria longe e poderia por si só absorver os meus poucos minutos de tribuna nesta sessão.

Nas poucas vezes em que me atrevo a perturbar a serenidade absoluta deste recinto e a contrariar os sentimentos dos meus honrados colegas, tenho consciência, Sr. Presidente, de ter-me colocado sempre em um plano, que não se opõe nem à tolerância nem à paz; que é, ao contrário, o terreno onde a paz e a tolerância se devem estabelecer, o único terreno em que nós todos nos poderíamos aproximar e dar-nos as mãos, o terreno da reconciliação com a lei, com a República, com as suas instituições constantemente postergadas, debaixo da política sem escrúpulos da atualidade.

Fonte: Rui Barbosa. Discurso no Senado Federal, em 13 de outubro de 1914. In: Antologia. Rio de Janeiro, Ediouro, s.d., p. 58-59 – com adaptações. 

Na oração: “... há algum cabeça de grupo, algum amigo íntimo da situação, algum parente ou chegado às autoridades”, o sujeito é:

Alternativas
Comentários
  • ✅ Gabarito: C

     “... algum cabeça de grupo, algum amigo íntimo da situação, algum parente ou chegado às autoridades”.

    ➥ O verbo -haver está sendo usado com sentido de -existir. Trata-se de um verbo impessoal, não possui sujeito, ou seja, sujeito inexistente; ele deve permanecer no singular. Vale ressaltar que os termos que vêm após o verbo são objetos diretos.

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Correta, C

    Verbo HAVER no sentido de EXISTIR é impessoal, logo, no caso da questão, o sujeito é inexistente.

  • Quando o verbo haver aparece no sentido de existir = Sujeito inexistente e o que vem após = OD

  • Oração sem sujeito, visto que o verbo haver no está no sentido de existir.

  • Oração sem sujeito

  • Hipóteses de sujeito inexistente:

    a) Haver com valor existencial - sempre na 3ª do singular

    Havia pessoas boas no local.

    b) Haver e fazer indicando tempo decorrido - sempre na 3ª do singular

    Faz semanas que não o vejo.

    c) Fenômenos naturais, exceto sentido figurado - sempre na 3ª do singular

    Ventava forte naquele dia.

    d) Chega de, basta de, passa de - sempre na 3ª do singular

    Passa das dez horas.

    e) Ser (hora, data, distância)

    São dois quilômetros até o curso.

    Fonte: Português Total Profª. Flávia Rita