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ID
3865942
Banca
AJURI
Órgão
Desenvolve - RR
Ano
2018
Provas
Disciplina
Jornalismo
Assuntos

A disseminação de notícias falsas através das redes sociais na internet pode se revelar um problema grave para as organizações. Ao desmentir um boato, a organização deverá levar em consideração que o público interpreta as mensagens segundo suas referências. Assinale a alternativa que contém a corrente teórica que investiga os movimentos de assimilação, interpretação e resistência do receptor.

Alternativas
Comentários
  • Os Estudos Culturais surgem como conseqüência do esforço de alguns investigadores ingleses em romper com a perspectiva behaviorista característica da Sociologia da Comunicação, que vê a influência dos meios como um mecanismo de estímulo e resposta. Inseridos na perspectiva das teorias críticas da sociedade, procuram conceber os media como forças sociais e políticas amplas e difusas, cuja influência é quase sempre indireta e sutil, às vezes mesmo imperceptível. Eles recusam tanto uma concepção da audiência como passiva e indiferenciada quanto a noção de que os textos mediáticos são portadores de um sentido transparente. Apostam, então, no exame detalhado da variedade de formas como as mensagens são decodificadas pelos membros da audiência com orientações sociais e políticas diferentes.

    Por outro lado, postular a atividade do receptor é falar da sua capacidade de resistência aos poderes dos media e, portanto, falar do poder do receptor. Tal associação entre recepção e resistência é conseqüência da filiação marxista dos Estudos Culturais. Pensar a cultura numa perspectiva marxista ao mesmo tempo em que procedia a uma revisão do marxismo clássico permitiu aos Estudos Culturais superar uma concepção especular da cultura e, com o apoio de Gramsci, conceber a comunicação como práticas de significação num campo de forças sociais. A comunicação era o lugar da luta de classes e deveria ser interrogada a partir dos modos de luta que aí se produzem. Mas perceber a cultura como lugar de confronto implicou muitas vezes a valorização da cultura popular e de sua capacidade de resistência. No campo da comunicação, este risco se reflete na crença de que a tarefa dos meios de comunicação de massa é dominar e a dos receptores (classe subalterna) é resistir. Realiza-se uma rotação no eixo tradicional: a capacidade de ação - de domínio, imposição e manipulação - que antes era atribuída aos emissores é traspassada agora à capacidade de ação, de resistência e impugnação dos receptores. Conceber a comunicação e a cultura como locais de enfrentamento implica considerar a recepção como prática de resistência.

    Fonte: Itania Maria Mota Gomes em trabalho apresentado no Intercom.