SóProvas


ID
3866518
Banca
Instituto UniFil
Órgão
Prefeitura de Sertaneja - PR
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Negócio da China

Por Mentor Neto


      Mais um ano, mais um vírus que vai acabar com a humanidade. Enquanto escrevo esta crônica, o Corona Vírus já contabiliza mais de 400 vítimas fatais, na China. Difícil saber se os dados são confiáveis, já que o governo chinês não preza exatamente por compartilhar informações. Apesar disso, estão fazendo o que podem. Interditaram entradas e saídas da cidade que foi o epicentro da doença. Wuhan tem mais de 11 milhões de habitantes. Um vilarejo para os padrões chineses, mas é gente que não acaba mais. Praticamente dois Rio de Janeiro de habitantes impossibilitados de transitar pelo país. Ao mesmo tempo, autoridades chinesas insistem em minimizar o problema ou culpar os Estados Unidos por difundir o medo. A falta de transparência chinesa apenas complica a situação e as consequências econômicas começam a se espalhar numa velocidade mais rápida do que uma pandemia. Azar do mundo que o Corona não surgiu no Brasil. Fosse aqui o berço dessa doença e o planeta estaria salvo. Acabaríamos com o vírus do mesmo jeito que acabamos com o Orkut. Afinal, não existe povo capaz de administrar crises melhor do que o brasileiro. Se a Natureza nos tivesse brindado com esta oportunidade, a raça humana estaria segura. De cara, já teríamos dado um apelido para a doença. “Gripe Cervejona”, por exemplo.

      – Cadê o Plínio, do RH?

      – Pegou a cervejona, mas amanhã ele tá aí.

      E pronto.

    Um belo dum apelido já desmoraliza o vírus de cara, que é para impor nosso ritmo. Claro que não seríamos capazes de fechar uma cidade inteira. Se alguém sugerisse uma maluquice dessas, metade do país diria que é coisa de fascista e que no tempo do Lula era melhor. A outra metade diria que o Corona é coisa de comunista e que temos sorte de ter o Mito para nos salvar. Divididos, permitiríamos que, em pouco tempo, o vírus se espalhasse por todo o país. Ótima notícia, pois possibilitaria que mais pesquisadores tivessem condições de estudar possíveis vacinas. Por aqui o Corona seria uma doencinha de verão, porque lidamos com doenças muito mais graves do que essa. O Bacilo da Corrupção, por exemplo. Isso sim é doença séria. Quando ataca, corrói o sujeito por dentro, apesar de não apresentar sintomas externos. Pelo contrário. Alguns doentes acabam vivendo melhor do que no tempo em que eram saudáveis. Pelo menos até serem diagnosticados. Alguns dizem que o foco inicial foi Brasília. Mas há registros de casos desde 1500. Mais grave que o Corona é, também, o Bala-Perdida Vírus. Surgiu no Rio de Janeiro e não tem cura conhecida. Mata mais do que a peste negra e é tão implacável quanto. Você está lá, saudável, assistindo o futebol na sua sala quando, sem mais nem menos, pimba! O vírus entra pela janela e já era para você. Outra doença muito comum nos últimos anos é causada pela misteriosa Bactéria da Barragem. Doença fulminante, capaz de dizimar cidades inteiras em questão de horas. Tem ainda a Epidemia do Desmatamento, o Microorganismo dos Rios Poluídos, a Metástase da Desigualdade e a mais grave de todas, que muitos chamam de a M&atil de;e de Todas as Doenças: o Germe do Voto Errado, onde o sujeito perde completamente a habilidade de escolher seus representantes. Todas doenças gravíssimas, com que aprendemos a conviver, enquanto a cura não vem. Há quem diga, inclusive, que existem remédios para esses nossos males, mas que o sistema não permite que cheguem aos doentes, por interesses econômicos. O antibiótico da Educação e a vacina do Saneamento, por exemplo. Então, não me venham com esse escarcéu por causa de um viruzinho mequetrefe desses, ora por favor.

      Brasileiro que é brasileiro tira essa cervejona de letra, isso sim.

Disponível em https://istoe.com.br/negocio-da-china-2/

Analise: “Há quem diga, inclusive, que existem remédios para esses nossos males” e assinale a alternativa que foi reescrita sem que a oração perca o sentido.

Alternativas
Comentários
  • Falar e dizer não são a mesma coisa, mesmo que informalmente usados assim; Cuidado para não generalizar algo que uma banca pequena traz

    Falar: Oralizar qualquer coisa, expressar-se por meio de palavras.

    Dizer: Declarar, afirmar algo.

    Então há sim alteração de sentido.

  • Falar e dizer não são a mesma coisa, mesmo que informalmente usados assim; Cuidado para não generalizar algo que uma banca pequena traz

    Falar: Oralizar qualquer coisa, expressar-se por meio de palavras.

    Dizer: Declarar, afirmar algo.

    Então há sim alteração de sentido.

  • Não custa reforçar:

    Há = sentido de existir.

    A= Tempo futuro.

    Sairei daqui a pouco.

  • CUIDADO!

    A questão não possui gabarito, a banca comete erro grave.

    O enunciado solicita a reescritura que preserve o sentido da frase original.

    “Há quem diga, inclusive, que existem remédios para esses nossos males” (ORIGINAL)

    A)"Exista quem dialogue, exclusivamente, que têm drogas para nossos aspectos."

    Incorreta. Desconsiderando a correção gramatical, a presença do adverbio "exclusivamente" já nos mostra a incorreção quando da manutenção de sentido.

    B)"Tem quem fale, inclusive, que têm remédios para essas coisas ruins."(GABARITO DA BANCA)

    Incorreta. Em linguagem informal, o verbo "ter" pode ser utilizado como verbo impessoal, adotando sentido de "existir". Caso em que, assim como outros verbos impessoais, será sempre flexionado na terceira pessoa do singular. A flexão na terceira pessoa do plural, do modo que a banca propõe, é erro gramatical.

    C)"A quem diga, inclusive, que a remédios para esses nossos males."

    Incorreta. A banca substitui o verbo "há" (haver - existir), em duas ocorrências, pela partícula "a", tornando a construção incorreta.

    D)"Tem gente que fala mais que a boca."

    Incorreta. A construção não guarda qualquer sentido com a frase original.

    A QUESTÃO É NULA!

  • Eu não acredito que isso foi cobrado...

    OBSERVAÇÃO

    Perceba que o examinador nem acerta os tempos verbais. Ele escreve " assinale a alternativa que foi reescrita sem que a oração perca [tenha perdido!] o sentido.

  • Tem gente que fala mais que a boca.kkkkkkkkkkk

  • A questão é sobre a semântica do verbo "haver" e quer que o candidato encontre nas alternativas a reescrita que não houve alteração de sentido. É importante que o candidato avalie só e somente só o sentido.

    “Há quem diga, inclusive, que existem remédios para esses nossos males”

    a) Exista quem dialogue, exclusivamente, que têm drogas para nossos aspectos.

    Incorreta. O advérbio de exclusividade no lugar de um de inclusão fez com que o sentido fosse alterado.

    b) Tem quem fale, inclusive, que têm remédios para essas coisas ruins.

    Correta. O verbo "ter" é intercambiável com o verbo "haver" quando no sentido de existir para a linguagem coloquial. A questão como foi bem clara ao pedir que somente não houvesse mudança de sentido e no caso não há, logo é o nosso gabarito.

    Trouxe a explanação de alguns gramáticos para que não reste dúvida sobre a possível troca de forma coloquial sem mudar o sentido. Vejam:

     "Na linguagem coloquial, é muito comum o emprego do verbo ter como impessoal, no lugar do verbo haver. Muitos escritores e compositores já incorporaram esse tipo de construção em seus textos, embora a norma culta recomende que se empregue o verbo haver impessoal nesses casos." (CEREJA & MAGALHÃES, 1998, p. 214).

    "A distribuição dos verbos nas construções existenciais do português brasileiro mostra o privilégio às construções com ter sobre haver e existir [...]. O ainda relativamente alto percentual de construções existenciais com haver não condiz com a observação de outros autores [...] de que seu emprego é muito raro, se não inexistente, na língua oral coloquial." Franchi et al. (1998, p. 106),

    c) A quem diga, inclusive, que a remédios para esses nossos males.

    Incorreta. O verbo haver não pode nem coloquialmente ser trocado por "a".

    d) Tem gente que fala mais que a boca.

    Incorreta. Mudou todo o sentido.

    Referências bibliográficas.

    CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Tereza Cochar. Gramática, texto, reflexão e uso. São Paulo: Atual, 1998. 

    FRANCHI, Carlos; NEGRAO, Esmeralda Vailati; VIOTTI, Evani. Sobre a gramática das orações impessoais com ter/haver. DELTA [online], vol. 14, n. especial, 1998

    GABARITO B

  • Questão horrível. Uma banca admitindo que verbo "haver" impessoal, possa ser substituído pelo verbo "ter" ? completamente errado!

    Verbo "ter" não pode fazer papel do "haver" quando este estiver com sentido de "existir", isso é coloquialismo da língua.

  • O enunciado da questão deveria ser:

    Dentre as aletrnativas abaixos que estão todas erradas, marque aquela menos absurda.

    Só assim para resolver.

  • "Tem gente que fala mais que a boca." kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  • Por utilizar a palavra "quem", o verbo "ter" não deveria ser sem acento?