SóProvas


ID
3870112
Banca
CONTEMAX
Órgão
Prefeitura de Conceição - PB
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o poema abaixo para responder a questão.


Moraliza o poeta nos ocidentes do sol a inconstância dos bens do mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.


Porém se acaba o Sol, por que nascia?

Se formosa a Luz é, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?


Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.


Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.


In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Org. James Amado. Prep. e notas Emanuel Araújo. Apres. Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992

Analise as proposições abaixo acerca do poema e assinale a alternativa CORRETA:

I – Na primeira estrofe o eu lírico enfrenta um paradoxo.
II – O eu poético, ao longo do poema, se sente angustiado.
III – O verbo nascer, presente na primeira estrofe é transitivo direto.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: A

    I – Na primeira estrofe o eu lírico enfrenta um paradoxo → CORRETO. A primeira estrofe traz os seguintes versos: “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria.” Neles, o eu-poético fala sobre a inconstância das coisas (a luz que vai embora, a formosura que morre em sombras tristes etc). No entanto, ao longo do texto, inclusive nesta primeira estrofe, demonstra inquietação perante a transfiguração das coisas devido ao tempo. Nesse caso, ele finaliza o poema com o seguinte verso: “A firmeza somente na inconstância”. Dessa forma, fica nítido o paradoxo que constata o eu-poético: a única constância do mundo é a inconstância.

    II – O eu poético, ao longo do poema, se sente angustiado → CORRETO. As perguntas dirigidas a si mesmo demonstram inquietação, demonstram certa indignação perante a situação vivenciada, que é a fugacidade das coisas, a transfiguração promovida pelo tempo.

    III – O verbo nascer, presente na primeira estrofe é transitivo direto → INCORRETO.  O verso ao qual diz respeito a presente afirmação III é este: “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”. Aqui, tem-se uma inversão típica das produções barrocas, já que o sujeito está posposto ao verbo, sendo a forma direta desta maneira: “O Sol nasce”. Sob esse viés, o verbo “nascer” atua como verbo intransitivo, pois não precisa de complemento, porque esse verbo possui sentido completo (se alguém nasce, ele não nasce algo ou a algo, ele simplesmente nasce). Vale destacar ainda que uma informação, como a de onde nasceu alguém, não seria o complemento do verbo, mas um adjunto adverbial de lugar. Destarte, a proposição III está equivocada, já que o verbo “nascer”, na primeira estrofe, é intransitivo, não transitivo direto.

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!