Simonetti aponta quatro posições passiveis de serem assumidas
pelo paciente em rrelação à sua doença. A posição em que o paciente se
encontra na órbita da doença é o melhor que ele pode fazer naquele
momento: ele não está nessa posição para provocar ninguém, e se pudesse
agir de modo mais produtivo já o teria feito, mas não pode ainda. O
normal é o ser humano ter dificuldades para se adaptar à doença.
Vamos analisar cada uma das alternativas comentando as quatro posições:
A) ERRADA. Se o paciente nega a doença mas aceita bem o tratamento, o psicólogo não deve fazer nada, é melhor deixar como estar e ficar atento, porque provavelmente logo surgirão os sinais de que ele já pode reconhece-la.
B) ERRADA. O psicólogo de mediar essas situações, escutando as queixas mais como uma testemunha do que como um juiz.
C) ERRADA. Quando a depressão é um instrumento de preparação para as perdas iminentes, o encorajamento e o otimismo exagerado não tem razão de ser. O trabalho psicológico geralmente é silencioso, em contraposição ao que sugere a alternativa, que requer muita conversa. No pesar preparatório há pouca ou nenhuma necessidade de palavras, em geral um toque carinhoso de mão, um afago nos cabelos ou apenas um silencioso sentar-se ao lado é suficiente.
D) CORRETA. Se além de negar a existência da doença o paciente também recusar o tratamento, e isso colocar em risco a sua condição clínica, cabe então dizer a ele que existe, sim, um problema de saúde a ser tratado, e cabe escutar sua resposta sem entrar em disputa; afinal, essa afirmação é mais uma provocação para fazê-lo falar do que uma instrução a ser cumprida. Simultaneamente a essa afirmação, o psicólogo deve se interessar pelos motivos do paciente para recusar o tratamento. O objetivo da psicologia hospitalar não é convencer o paciente de que ele é um doente, nem forçá-lo a concordar com o diagnóstico médico; tudo o que o psicólogo deseja é que o paciente fale, fale de si, da doença, do que quiser. Quando o paciente pode falar livremente, a negação não raro se desvanece.
E) ERRADA. Diante de um paciente na posição de revolta o psicólogo deve focalizar a verdade da pessoa e não apenas o errado da situação. Esse é um principio fundamental, válido para todas as situações em psicologia hospitalar. Todo problema envolvendo pacientes apresenta essas duas facetas, como dois lados de uma moeda: o que é errado do ponto de vista do tratamento médico, e o que é certo do ponto de vista da vivência do paciente. Existe sempre uma verdade no sentimento do paciente que o leva a um ato errado; há sempre uma intenção positiva embutida em um comportamento negativo. O psicólogo não precisa concordar com o comportamento, mas pode reconhecer a autenticidade dos sentimentos do paciente; isso ajuda enormemente.
Gabarito do Professor: Letra D.
Gabarito D.
A - Não se deve confrontar o paciente, tendo em vista que, pelo menos naquele momento, a negação é o único mecanismo possível para lidar com o adoecimento;
B - É comum que na fase da revolta o paciente se comporte assim, entretanto, assim como mencionado acima, não é função do psicólogo, repreender ou, de qualquer forma, tentar controlar ou modificar diretamente as formas de afeto do paciente;
C - Não se fala sobre estes tipos de intervenção, pelo contrário, menciona-se que não se recomenda, neste quadro, intervenções do tipo otimista;
D - Correta.
E - Todas as intervenções devem se basear numa perspectiva de acolhimento, numa abordagem compreensiva e não de ênfase no erro.