Alfredo Simonetti define a psicologia hospitalar como o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento. Esse adoecimento se dá quando o sujeito humano, carregado de subjetividade, esbarra em um "real", de natureza patológica, denominado "doença", presente em seu próprio corpo, produzindo uma infinidade de aspectos psicológicos que podem se evidenciar no paciente, na família, ou na equipe de profissionais.
Vamos analisar cada uma das alternativas de acordo com as ideias do autor.
A) CORRETA. Aspectos psicológicos são as manifestações da subjetividade humana diante da
doença, tais como sentimentos, desejos, a fala, os pensamentos e
comportamentos, as fantasias e lembranças, as crenças, os sonhos, os
conflitos, o estilo de vida e o estilo de adoecer. Esses aspectos estão
por toda a parte, como uma atmosfera a envolver a doença, transmutando-a
em adoecimento, e, dependendo do caso, podem aparecer como causa da
doença, como desencadeador do processo patogênico, como agravante do
quadro clínico, como fator de manutenção do adoecimento, ou ainda como
consequência desse adoecimento.
B) CORRETA. O objetivo da psicologia hospitalar é a subjetividade, pois a doença, como falamos, é um real do corpo no qual o homem esbarra, e quando isso acontece toda a sua subjetividade é sacudida. É então que entra em cena o psicólogo hospitalar, que se oferece para escutar esse sujeito adoentado falar de si, da doença, da vida ou da morte, do que pensa, do que sente, do que teme, do que deseja, do que quiser falar. A psicologia está interessada mesmo em dar voz à subjetividade do paciente, restituindo-lhe o lugar de sujeito que a medicina lhe afasta.
C) CORRETA. . O foco da psicologia hospitalar é o aspecto psicológico em torno do adoecimento, como falamos. Mas os aspectos psicológicos não existem soltos no ar, e sim estão encarnados em pessoas; na pessoa do paciente, nas pessoas da família, e nas pessoas da equipe de profissionais. A psicologia hospitalar então define como objeto de trabalho não só a dor do paciente, mas também a angústia declarada da família, a angústia disfarçada da equipe e a angústia geralmente negada dos médicos. Além de considerar essas pessoas individualmente a psicologia hospitalar também se ocupa das relações entre elas, constituindo-se em uma verdadeira psicologia de ligação, com a função de facilitar os relacionamentos entre pacientes, familiares e médicos.
D) CORRETA. Ao escutar, o psicólogo "sustenta" a angústia do paciente o tempo suficiente para que ele, o paciente, possa submetê-la ao trabalho de elaboração simbólica. A maioria dos outros profissionais, bem como a família e os amigos, por não suportarem ver o paciente angustiado, não conseguem lhe prestar esse serviço e querem logo apagar, negar, destruir, ou mesmo encobrir a angústia. Mas angústia não
se resolve, se dissolve, em palavras. O psicólogo mantêm a angústia do paciente na sua frente para que ele possa falar dela, simbolizá-la, dissolvê-la.
E) ERRADA. Para concretizar a sua estratégia de trabalhar o adoecimento no registro do simbólico, a psicologia hospitalar se vale de duas técnicas: escuta analítica e manejo situacional. A primeira reúne as intervenções básicas da psicologia clínica, tais como escuta, associação livre, interpretação, análise da transferência, etc. Essas intervenções são familiares para o psicólogo, a novidade é o setting inusitado em que elas se dão — o hospital. Já a segunda técnica, que é o manejo situacional, engloba intervenções direcionadas à situação concreta que se forma em torno do adoecimento: controle situacional, gerenciamento de mudanças, análise institucional, mediação de conflitos, psicologia de ligação, etc. Todas essas ações são específicas à psicologia hospitalar, ou seja, geralmente o psicólogo não faz nada disso em seu consultório, mas no hospital é preciso sair um pouco da posição de neutralidade e passividade características da psicologia clínica.
Gabarito do Professor: Letra E.