SóProvas


ID
3955360
Banca
CIEE
Órgão
TJ-DFT
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Farmácia literária


    Imagine chegar ao consultório ou ao hospital com um incômodo qualquer e sair de lá com a prescrição de uma terapia intensiva de George Orwell, seguida de pílulas de Fernando Pessoa, emplastros de Victor Hugo e doses generosas de Monteiro Lobato. Você não leu errado: uma boa história ajuda a aliviar depressão, ansiedade e outros problemas que atingem a cabeça e o resto do organismo.

    Quem garante esse poder medicamentoso das ficções são as inglesas Ella Berthoud e Susan Elderkin, que acabam de publicar no Brasil Farmácia Literária (Verus). Redigida no estilo de manual médico, a obra reúne cerca de 200 males divididos em ordem alfabética. Para cada um, há dicas de leituras.

    As autoras se conheceram enquanto estudavam literatura na Universidade de Cambridge. Entre um debate sobre um romance e outro, viraram amigas e criaram um serviço de biblioterapia, em que apontam exemplares para indivíduos que procuram assistência. “O termo biblioterapia vem do grego e significa a cura por meio dos livros”, ressalta Ella.

    O método é tão sério que virou política de saúde pública no Reino Unido. Desde 2013, pacientes com doenças psiquiátricas recebem indicações do que devem ler direto do especialista. Da mesma maneira que vão à drogaria comprar remédios, eles levam o receituário à biblioteca e tomam emprestados os volumes aconselhados.

     A iniciativa britânica foi implementada com base numa série de pesquisas recentes que avaliaram o papel das palavras no bem-estar. Uma experiência realizada na Universidade New School, nos Estados Unidos, mostrou que pessoas com o hábito de reservar um tempo às letras costumam ter maior empatia, ou seja, uma capacidade ampliada de entender e se colocar no lugar do próximo. Outra pesquisa da também americana Universidade Harvard apontou que leitores ávidos são mais sociáveis e abertos para conversar.

     E olha que estamos falando de ficção mesmo. No novo livro não vemos gêneros como autoajuda ou biografia. “Eles já tinham o seu espaço, enquanto as ficções eram um recurso pouco utilizado. É difícil lembrar-se de uma condição que não tenha sido retratada em alguma narrativa”, esclarece Susan.

    As autoras acreditam que é possível tirar lições valiosas do que fazer e do que evitar a partir da trajetória de heróis e vilões. “Ler sobre personagens que experimentaram ou sentiram as mesmas coisas que vivencio agora auxilia, inspira e apresenta perspectivas distintas”, completa.

    As sugestões percorrem praticamente todas as épocas e movimentos literários da humanidade. A obra mais antiga que integra o livro é a epopeia ‘O Asno de Ouro’, assinada pelo romano Lúcio Apuleio, no século II, que serve de fármaco para exagero na autoconfiança. Há também os moderníssimos ‘Reparação’, do inglês Ian McEwan (solução para excesso de mentira), e ‘1Q84’, do japonês Haruki Murakami (potente para as situações em que o amor simplesmente termina). 

    Disponível em 20 países, cada edição de Farmácia Literária é adaptada para a cultura local, com a inclusão de verbetes e de literatos nacionais. “Nós precisamos contemplar as obras que formaram e moldaram o ideal daquela nação para que nosso ofício faça sentido”, conta Ella. No caso do Brasil, foram inseridos os principais textos de Machado de Assis, Guimarães Rosa e Milton Hatoum, que fazem companhia aos portugueses Eça de Queirós e José Saramago.

(Rosa Maria Miguel Fontes. Jornalista e Escritora. Disponível em: http://blogs.uai.com.br/contaumahistoria/farmaci a-literaria/. Abril de 2017. Com adaptações.) 

De acordo com a pertinência linguística, assinale a afirmativa em que o sinal indicativo da crase foi efetuado adequadamente.

Alternativas
Comentários
  • ✅ Gabarito: B

    ✓ Fomos à biblioteca conhecer a Farmácia Literária.

    ➥ CORRETO. Fomos a algum lugar (preposição "a") + artigo definido "a" que acompanha o substantivo feminino BIBLIOTECA= CRASE= À BIBLIOTECA. 

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • A questão versa sobre regra de crase e nos traz 3 alternativas com proibição e somente uma que ocorre a crase, devemos marcar como nosso gabarito a que ocorre a crase corretamente. Veremos a seguir o conceito do uso da crase e algumas proibições de uso delas.

    "Emprega-se o acento grave nos casos de crase e aqueles indicados em Emprego do à acentuado. 1.º) Na contração da preposição a com as formas femininas do artigo o ou pronome demonstrativo o: à (de a+a), às (de a+as). 2.º) Na contração da preposição a com o a inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aqueles, aquelas, e aquilo ou ainda da mesma preposição com compostos aqueloutro e suas flexões: àquele(s), àquela(s), àquilo, àqueloutro(s), àqueloutras(s). 3.º) Na contração da preposição a com os pronomes relativos a qual, as quais: à qual, às quais.

    ❌Não ocorre a crase nos seguintes casos principais:

    ➡Diante substantivos masculinos:

    ▪Não assisto a filme de guerra.

    ➡Diante de substantivos femininos usados em sentido geral e indeterminado:

    ▪Não vai a festa nem a reuniões

    ➡Diante de nomes de parentescos precedidos de pronomes possessivos:

    ▪Recorri a minha mãe.

    ▪Os marinheiros tinham descido a terra para visitar a cidade (sem crase)

    ▪Os astronautas voltaram a terra (com crase).

    ➡Diante de palavra de sentido indefinido: certa, uma cada qualquer, toda…

    ➡Diante dos pronomes relativos: que (quando o a anterior for uma preposição), quem, cuja:

    ▪Ali vai a criança a quem disseste a notícia.

    Diante de verbo:

    ▪Ficou a ver navios.

    ➡Diante de pronome pessoal e expressões de tratamento como: V. Ex.ª, V.S.ª, V. M., etc.:

    ▪Não disseram a ela e a você toda a verdade.

    ➡Nas expressões formadas com a repetição de mesmo termo (ainda que seja um nome feminino), por se tratar de pura preposição: frente a frente, cara a cara, face a face, gota a gota…

    ➡Diante da palavra casa quando desacompanhada de adjunto:

    ▪ Irei a casa logo mais (cf. Entrei em casa; Saí de casa)."

    Após essas explanações podemos analisar as alternativas. Inspecionemos:

    a) Falamos à ela..

    Incorreta. Não ocorre crase diante de pronome pessoal, pois esses não aceitam o artigo.

    b) Fomos à biblioteca...

    Correta. O verbo rege a preposição "a", pois é um verbo de movimento e o substantivo feminino "biblioteca" aceita o artigo definido "a". Por isso, ocorre a crase.

    c) Ofereceram à mim...

    Incorreta. Não ocorre crase antes de pronome pessoal oblíquo, pois esses não aceitam o artigo.

    d) Quando aderir à esse...

    Incorreta. Apenas o feminino desse pronome que aceita o artigo e não "esse", pois é masculino.

    Referência bibliográfica: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 39 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.

    GABARITO: B

  • Correta, B

    Aquele velho bizú: se você vai A e volta DA, crase há.

    Se eu vou A biblioteca, então eu volto DA biblioteca: Fomos à biblioteca conhecer a Farmácia Literária.

  • fomos à biblioteca ------->troca por algum nome masculino

    fomos ao mercado

    sendo assim tem crase !