- ID
- 3959620
- Banca
- Itame
- Órgão
- Prefeitura de Edéia - GO
- Ano
- 2020
- Provas
-
- Itame - 2020 - Prefeitura de Edéia - GO - Assistente Administrativo
- Itame - 2020 - Prefeitura de Edéia - GO - Fiscal de Obras e Posturas
- Itame - 2020 - Prefeitura de Edéia - GO - Técnico de Enfermagem
- Itame - 2020 - Prefeitura de Edéia - GO - Técnico de Radiologia
- Itame - 2020 - Prefeitura de Edéia - GO - Técnico em Informática
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Construção
Chico Buarque
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
(trecho da música Construção de Chico Buarque, 1971)
Os verbos: amou, beijou, sentou... como a
maioria dos outros, no poema, estão conjugados no
tempo: