SóProvas


ID
3976855
Banca
Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
Órgão
Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Gastei uma hora pensando um verso

Que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

Inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

E não quer sair.

Mas a poesia deste momento

Inunda minha vida inteira.

Carlos Drummond de Andrade. “Poesia”, In: Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.

É exemplo de metonímia o verso “Que a pena não quer escrever”. O mesmo recurso expressivo aparece em:

Alternativas
Comentários
  • A) No pomar de antigas casas, havia sempre um pé de laranja. Catacrese

    B) As ideias desse pensador são um rio caudaloso. Metáfora

    C) Após a festa, guardou os cristais de novo na caixa. Metonímia

    D) Amava-o, mas percebia que ele seria seu bem e seu mal. Oxímoro

    E) Os prisioneiros sonham com o sol da liberdade.

  • Colega, a letra D não poderia ser uma Antítese?

  • Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som.

    O trecho a ser inspecionado:

    “Que a pena não quer escrever.”

    Avaliando o trecho, nota-se que a metonímia se aloja na troca da pessoa pelo objeto. Não é a pena, a caneta quem determina a vontade de escrever um poema, e sim o portador do objeto.

    a) No pomar de antigas casas, havia sempre um pé de laranja.

    Incorreto. Há catacrese, uma metáfora desgastada pelo uso à qual se recorre na falta de um termo específico ou em virtude do esquecimento deste. Exs.: embarcar num trem, azulejos verdes, enterrar farpa no dedo, calçar as luvas.

    b) As ideias desse pensador são um rio caudaloso.

    Incorreto. Há metáfora, recurso expressivo demasiadamente portentoso e, do ponto de vista puramente formal, consiste na transferência de um termo para uma esfera de significação que não é sua, em virtude de uma comparação implícita, ou seja, que não apresenta elementos comparativos do tipo "como", "qual", "tal como", "tal qual". Exs.:

    “Incêndio — leão ruivo, ensanguentado.” (Castro Alves)

    “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)

    Todavia, nem sempre está implícita essa comparação, como se veem nos exemplos a seguir extraídos de Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara: “sol da liberdade”, “vale de lágrimas”, “negros pressentimentos”, “não ponha a carroça diante dos bois”.

    c) Após a festa, guardou os cristais de novo na caixa.

    Correto. Trocou-se objeto pela matéria. Não foram guardados os cristais propriamente ditos, e sim o objeto constituído por eles (taças, por exemplo);

    d) Amava-o, mas percebia que ele seria seu bem e seu mal.

    Incorreto. Há paradoxo ou oximoro, contradição entre ideias de tão modo acentuada que margeia o absurdo, o ilogismo. Ex.: "Estou cego e vejo/Arranco os olhos e vejo." (Carlos Drummond de Andrade)

    e) Os prisioneiros sonham com o sol da liberdade.

    Incorreto. Há metáfora, recurso expressivo demasiadamente portentoso e, do ponto de vista puramente formal, consiste na transferência de um termo para uma esfera de significação que não é sua, em virtude de uma comparação implícita, ou seja, que não apresenta elementos comparativos do tipo "como", "qual", "tal como", "tal qual". Exs.:

    “Incêndio — leão ruivo, ensanguentado.” (Castro Alves)

    “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)

    Todavia, nem sempre está implícita essa comparação, como se veem nos exemplos a seguir extraídos de Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara: “sol da liberdade”, “vale de lágrimas”, “negros pressentimentos”, “não ponha a carroça diante dos bois”.

    Letra C

  • Alguém pode me confirmar se a letra E trata-se de uma Perífrase?

    Obrigada.

  • Eu acho que para saber que "cristais" não eram cristais de fato e sim objetos feitos por eles, depende de contexto. A questão não nos deu contexto, logo, como responder tal questão?! Eis a questão.

  • Resolução:

    a) No pomar de antigas casas, havia sempre um pé de laranja. Catacrese, trata-se do emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais específica. Não existe laranjeiro, por exemplo, isso é um tipo de feijão; assim, usa-se "pé de laranja" para designar a planta que gera laranjas.

    b) As ideias desse pensador são um rio caudaloso. Metáfora, isto é, o emprego de uma palavra ou expressão com significado diferente do usual, literal. As ideias do pensador não são "um rio caudaloso" propriamente dito, mas como um, tem as características dele. Nesse sentido, a metáfora é uma comparação implícita.

    c) Após a festa, guardou os cristais de novo na caixa. Metonímia. Os "cristais" não são pedras preciosas soltas, mas sim uma peça, um conjunto. Assim, os "cristais" são parte de um todo, uma metonímia, portanto.

    d) Amava-o, mas percebia que ele seria seu bem e seu mal. Paradoxo. Ele ser, ao mesmo tempo, seu bem e seu mal é um paradoxo, algo impossível de acontecer.

    e) Os prisioneiros sonham com o sol da liberdade. Perífrase. A perífrase, também chamada de antonomásia, é a substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique. O "sol da liberdade" é sinônimo de ser livre, de observar o sol não de uma cela, mas de fora da prisão.

    Sim, eu sei que o professor já comentou essa questão, mas eu gosto de deixar meus comentários para fixar melhor o conteúdo.