O erro da questão é dizer que a charge "serve para divertir", pois ainda que a maioria das charges nos divirtam ao ver ridicularizada uma situação ou personagem, o objetivo da charge é a reflexão pela crítica de um contexto da realidade, geralmente político, econômico ou social.
Veja trecho de artigo que compara charge e cartum:
" Após o exame das principais propriedades dos gêneros charge e cartum, é possível identificar o
contrato de comunicação estabelecido por cada um deles. Nessa perspectiva, verifica-se que a charge se
apóia num contrato em que o emissor visa um público atualizado dos principais fatos políticos atuais e
capazes de interpretar recursos expressivos sofisticados. Assim, nota-se um bom espaço de estratégias com
um menor espaço de restrições em relação às charges, o que as caracterizam como um gênero transgressor,
capaz de criticar a todos, incluindo o presidente da República.
Com o cartum, ocorre quase que o contrário, visto que, embora se trate do mesmo público, o emissor
não se limita necessariamente a criticar, podendo também apenas provocar o humor, refletir etc. O tema é
cotidiano, sem exigência de interpretação das caricaturas com personagens políticos, nem sempre tão
conhecidos. O espaço de estratégias é parecido com o da charge, pois o caricaturista trabalha com linguagem
verbal e não-verbal, contudo, geralmente, optam pela primeira.
Sendo assim, nota-se uma semelhança entre os dois contratos em função da proximidade dos gêneros:
pictóricos, humor, reflexão, verbal etc. Entretanto, os objetivos nem sempre coincidem, sendo notadamente a
crítica o objetivo da charge, enquanto o principal objetivo do cartum é fazer rir."-
Verônica Aragão UFRJ: http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_087.pdf