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ID
4017943
Banca
VUNESP
Órgão
FAMEMA
Ano
2019
Provas
Disciplina
História
Assuntos

O avanço das culturas sul-americanas nas zonas tropicais africanas conhece três etapas. Num primeiro tempo, a América exporta mandioca através da Guanabara e do litoral vicentino. Numa segunda etapa, a mandioca, o milho, a batata-doce e frutas sul-americanas passam a ser plantados nas terras africanas. Num terceiro tempo, tais culturas espalham- -se pelos sertões africanos. O uso do milho e da mandioca como ração dos povos da região permitiu que os guerreiros negreiros dilatassem suas áreas de captura. Roças de mandioca e milho são abertas nas áreas de parada e descanso dos bandos, facilitando o transporte terrestre de um maior número de cativos do sertão.

(Luiz Felipe de Alencastro. O trato dos viventes, 2000. Adaptado.)


O historiador

Alternativas
Comentários
  • O trecho transcrito trata de um tema que muitas vezes é desconsiderado: o comércio e o intercâmbio de produtos entre as regiões coloniais da América e aquelas do litoral Atlântico da África. No caso, entre as regiões brasileiras e primordialmente a região onde hoje se encontram Angola e Guiné Bissau. 
    O fluxo mercantil entre América e África era importante, havendo momentos entre os séculos XVII e XIX que o comércio entre regiões brasileiras e Luanda era mais intenso do que aquele entre Brasil e Portugal. Assim, o cultivo de produtos americanos como o milho passou a ser feito em regiões africanas, da mesma forma que cultivos típicos de lá vieram para este lado do Atlântico.
    Da mesma forma, tecidos foram introduzidos no tráfico de escravos em África pelos portugueses. Ainda no século XVI os “panos da Índia" estavam entre os diversos têxteis que abasteciam o comércio atlântico, os quais até, pelo menos, meados do século XVIII, superavam em qualidade os tecidos produzidos na Europa.
    A questão indaga acerca de quais efeitos este fluxo de produtos em direção à África trouxe para o tráfico negreiro que trata o historiador Luis Felipe Alencastro no trecho transcrito. 
    A) INCORRETA- O trecho trata de cultivos típicos da América – no caso Brasil – que serão reconhecidos em territórios africanos e não o inverso como propõe a alternativa. 
    B) INCORRETA- O intercâmbio destacado no trecho não é entre índios e guerreiros africanos porque ele não existiu. Quem fazia o comércio entre as duas áreas coloniais portuguesas eram europeus. 
    C) CORRETA- A introdução de novos cultivos, que foram estabelecidos no litoral mas depois adentraram o território de regiões da África Atlântica, facilitaram, segundo o autor, o tráfico negreiro pelo fornecimento de alimentos para os negreiros por mais tempo e em mais regiões, ao longo dos caminhos entre o interior e o litoral onde entregavam os cativos para serem escravizados. 
    D) INCORRETA. O escambo para a obtenção de escravos em regiões da África Atlântica portuguesa nem sempre envolvia produtos agrícolas. A troca era de cativos por produtos manufaturados baratos na Europa mas de pouca ou nenhuma produção entre povos da África tais como facas e anzóis. 
    E) INCORRETA – O autor não tem como tema, no trecho transcrito, a agricultura de exportação. O seu tema é escravidão e tráfico negreiro 
    Gabarito do professor: Letra C.
  • RESOLUÇÃO:

    O autor aborda um aspecto pouco estudado do tráfico, através do Atlântico, de africanos escravizados: a introdução de plantas alimentícias sul americanas nas áreas de captura de nativos destinados à escravização, pois o plantio desses produtos permitia a ampliação das áreas de captura, proporcionando alimento tanto a captores como a capturados.

    GABARITO:

    (C) associa a introdução de novos cultivos na África com o aumento do tráfico negreiro.

    Fonte: https://www.indagacao.com.br/2020/03/famema-2020-o-avanco-das-culturas-sul-americanas-nas-zonas-tropicais-africanas-conhece-tres-etapas.html?m=1