Leia o texto de Jonathan Culler para responder à questão.
Era uma vez um tempo em que literatura significava
sobretudo poesia. O romance era um recém-chegado, próximo demais da biografia ou da crônica para ser genuinamente literário, uma forma popular que não poderia aspirar
às altas vocações da poesia lírica e épica. Mas no século XX
o romance eclipsou a poesia, tanto como o que os escritores
escrevem quanto como o que os leitores leem e, desde os
anos 60, a narrativa passou a dominar também a educação
literária. As pessoas ainda estudam poesia — muitas vezes
isso é exigido — mas os romances e os contos tornaram-se
o núcleo do currículo.
sso não é apenas um resultado das preferências de
um público leitor de massa, que alegremente escolhe histórias mas raramente lê poemas. As teorias literária e cultural têm afirmado cada vez mais a centralidade cultural
da narrativa. As histórias, diz o argumento, são a principal
maneira pela qual entendemos as coisas, quer ao pensar em nossas vidas como uma progressão que conduz
a algum lugar, quer ao dizer a nós mesmos o que está
acontecendo no mundo. A explicação científica busca o
sentido das coisas colocando-as sob leis — sempre que
a e b prevalecerem, ocorrerá c — mas a vida geralmente
não é assim. Ela segue não uma lógica científica de causa
e efeito mas a lógica da história, em que entender significa
conceber como uma coisa leva a outra, como algo poderia
ter sucedido: como Maggie acabou vendendo software em
Cingapura, como o pai de Jorge veio a lhe dar um carro.
(Teoria literária: uma introdução, 1999)
Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em: