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ID
4020646
Banca
VUNESP
Órgão
UEA
Ano
2019
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Njinga dizia que não queria a paz com os portugueses porque os portugueses haviam aprisionado sua irmã e não queriam libertá-la. O padre Serafim de Cortona escreveu, então, para o governador português de Angola, pedindo- -lhe que libertasse a irmã de Njinga, com o que faria grande serviço a Deus e ao rei, com a introdução “da nossa santa fé naquelas partes”. A favor da devolução, disse ainda que assim acabaria a já longa guerra e se abriria o “comércio ao resgate dos negros”.

(Marina de Mello e Souza. Além do visível: Poder, Catolicismo e Comércio
no Congo e em Angola (Séculos XVI e XVII), 2018. Adaptado.)

O episódio é relatado pelo padre Serafim de Cortona em um documento escrito em 1658 sobre Njinga, rainha de territórios do interior da África. Para o sacerdote,

Alternativas
Comentários
  • O trecho transcrito na questão demonstra o entrelaçamento de interesses de vários estratos sociais, econômicos e políticos na expansão comercial e marítima dos países ibéricos a partir do século XV.
    Interessava aos mercadores novas praças de comércio onde pudessem alocar os excedentes de produção manufatureira e obter produtos escassos, raros e caros na Europa. Por sua vez, os monarcas ansiavam por terras e lucros que pudessem financiar a concentração de poderes em suas mãos. Os fidalgos sem terra, ainda bastante ligados ao conceito de que a propriedade da terra era a base de poder e riqueza, tinham como objetivo obter terras, já que, apesar das guerra de Reconquista, as mesmas eram escassas na península e, a lei da primogenitura retirava de outros filhos a possibilidade de herança. 
    À Igreja Católica , principalmente em função da presença de muçulmanos na península e às críticas que vinha recebendo por setores significativos das populações europeias (o que levará em 1520 à rupturas a partir das ações de Martinho Lutero, monge alemão), interessava uma expansão da catequização . Havia a necessidade de revitalização do catolicismo. 
    Por fim, perseguidos, desertores, judeus, marranos , cristãos novos, aventureiros e desempregados verão nas colônias uma chance de renovação de vida e, de enriquecimento. 
    Pede-se que seja apontada, em uma das alternativas, a interpretação correta do trecho do padre Serafim de Cortona. 
    A) INCORRETA – O tema destacado na alternativa não é especificamente tratado no trecho do sacerdote. Além disso a escravização do elemento africano não preocupava, no século XVII, à Igreja Católica. E sim a catequização. 
    B) INCORRETA- O trecho transcrito não se refere ao período anterior à chegada dos europeus. E as tribos e Estados africanos tinham seus conflitos internos que não se relacionavam com a chegada dos europeus. 
    C) INCORRETA- O sacerdote não pode inferir o prejuízo aos africanos por não ter participado da vida das comunidades. Ademais, o seu interesse era o da catequização, entre outros, e não a manutenção econômica ou social das tribos.
    D) INCORRETA- A resistência à ocupação existiu em todas as regiões que forma colonizadas. No entanto, não há uma ligação direta entre aqueles que professavam religiões fetichistas e a resistência ao europeu.
    E) CORRETA – A ocupação e colonização de regiões fora da Europa atendiam a variados interesses. Daí a aliança entre a Igreja Católica na Península Ibérica, as coroas de Portugal e Espanha e os mercadores de cada país para levar adiante o empreendimento, tido como projeto de Estado. 
    Gabarito do professor: Letra E.