— Imagina o seguinte. Se um homem descesse de novo
para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao
regressar subitamente da luz do Sol? E se lhe fosse necessário
julgar daquelas sombras em competição com os que tinham
estado sempre prisioneiros acaso não causaria o riso, e não
diriam dele que por ter subido ao mundo superior, estragara a
vista, e que não valia a pena tentar a ascensão? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e
matá-lo, não o matariam?
(Platão. A república, 1993. Adaptado.)
O texto, uma passagem da “Alegoria da Caverna”, pode estar
se referindo, implicitamente, ao julgamento e execução de
Sócrates na cidade de Atenas. A passagem descreve o retorno à caverna do homem que, liberto, conheceu a verdadeira
realidade. Esse homem representa, metaforicamente, o filósofo na pólis como um indivíduo