Leia o texto abaixo, para responder a questão.
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto de palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da invencionática.Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manuel de Barros. Memórias Inventadas: a infância. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003.
Para o eu lírico, algumas palavras não lhe são prazerosas, enquanto outras merecem seu respeito. Para
explicá-las usa-as em sentido figurado que sugerem ao leitor imagens diferentes e criativas. Que
alternativa explica o sentido dos seguintes versos: “Não gosto de palavras fatigadas de informar.”