Resposta: E
Cunha (2000) chama atenção para o caráter normatizador da Psicologia do Desenvolvimento. A tipificação dos diferentes estágios de desenvolvimento, especificando cada idade da vida, acaba por definir o lugar social dos sujeitos dentro da sociedade, o que dá à Psicologia do Desenvolvimento o caráter de instituição que define regras e prescreve comportamentos. Ao desenvolvimento humano foi associada a ideia de que todo indivíduo passa por um processo dividido em etapas que se distinguem, sobretudo, pelo acúmulo de capacidades e habilidades, que atingem seu apogeu na idade adulta. Contudo, se por um lado a Psicologia do Desenvolvimento foi marcada por concepções baseadas na existência de uma natureza psicológica específica para cada estágio da vida, por outro, ela tem sido, mais recentemente, influenciada pelas contribuições da Psicologia Popular e pelo referencial psicossocial de Moscovici, que reivindicam o papel do contexto sócio-cultural na construção das próprias categorias de infância, adolescência, vida adulta e velhice. De acordo com a TRS, por exemplo, as representações sociais de infância não se separam das concepções de homem, de mundo, dos valores e normas vigentes em uma sociedade. D�Alessio (1990) sugere que as características físicas próprias das crianças, aliadas ao contexto sóciohistórico no qual estão inseridas, contribuem para a construção de uma representação de infância centrada na idéia de dependência. Essas especificidades físicas, por sua vez, implicam em um posicionamento social do adulto que se torna, então, seu tutor, seu responsável.
Fonte: Representações Sociais do Desenvolvimento Humano. Angela Maria de Oliveira Almeida e Gleicimar Gonçalves Cunha. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/rHJrvCntshLb7WSN3GVCz8n/?format=pdf&lang=pt