SóProvas


ID
4091914
Banca
FUNCAB
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder á questão.


Meu amigo Brasílio


        No sábado, fui visitar meu velho amigo Brasílio. Ele me recebeu no portão, animado, com um uisquinho na mão, me convidou para entrar, abriu uma champanhe francesa, me deu uma taça, acendeu um charuto cubano. Disse que as coisas estavam indo bem para ele, que os negócios tinham engrenado, que ele finalmente tinha descoberto o segredo para viver na fartura.

         - Fica para jantar- ele convidou.

        Feliz com a felicidade do meu amigo querido, aceitei. Ele foi buscar um prato na cozinha, mas, ao abrir a gaveta, parou, constrangido.

        - Ixi, não tenho talheres.

         - Como não tem talheres, Brasa? - perguntei. Eu tinha cansado de fazer boquinha na casa do Brasílio e sempre usávamos uns talheres lindos, de prata, herança de família.

        - Vendi pela internet. Foi assim que comprei este charuto - disse, distraído, enquanto a cinza caía no chão.

         Foi aí que notei as paredes vazias e esburacadas. Os quadros tinham sumido. E os fios de eletricidade haviam sido arrancados.

- Descobri que dá para viver muito bem apenas catando as coisas de valor da família e colocando para vender. Isso que é vida.

         Claro que o Brasílio não existe e que a história aí em cima é fictícia - ninguém faria um absurdo desses, vender o patrimônio para torrar em desfrute. Ou faria?

         Em grande medida, o modelo econômico deste nosso país é baseado numa lógica bem parecida com a do meu querido e fictício amigo. Bem mais que a metade da economia brasileira é sustentada pela mera extração de recursos naturais, de maneira não sustentável. Arrancamos a floresta, passamos nos cobres e aí torramos a grana - e ficamos sem floresta. É o mesmo que vender a prataria da família e gastar em uísque e charutos.

         Muito da prosperidade recente do país foi abastecida por indústrias de alto impacto, que fazem dinheiro a curto prazo, mas nos deixam mais pobres depois. Historicamente este país confundiu gerar riqueza com atacar o patrimônio, surrupiando-o de nossos descendentes. Não precisa ser assim. Há países como a Suécia. Lá, boa parte da economia é baseada na exploração sustentável da floresta. Se a gelada e infértil Suécia conseguiu um dos maiores padrões de vida do mundo explorando floresta, por que um país tão fértil, com uma floresta incomensuravelmente mais rica, como é o caso do Brasil, não poderia fazer o mesmo?

        Porque a floresta equatorial brasileira não é simples e previsível como a floresta temperada sueca. Lá, cresce basicamente uma única espécie de árvore, que permite uma exploração industrial da madeira pelas indústrias de papel, móveis e navios. A floresta brasileira é muito mais rica do que a sueca, mas é também muito mais complexa. E lidar com complexidade é muito mais difícil. Em vez de fazer um produto só, há que se aprender a fazer centenas, milhares. Em vez de uma matéria-prima só, há quase infinitas.

         Muito difícil. Melhor derrubar tudo e vender a lenha. Melhor alargar tudo para gerar energia. Melhor passar o trator e fazer monocultura de soja ou gado. E aí ficar sem talheres para o almoço.

(Denis Russo Burgierman. Disponível em:<http:super.abril.com.br/blogs/mundo-novo/>, acesso em 18/01/2015.) 

Meu amigo Brasílio

    No sábado, fui visitar meu velho amigo Brasílio. Ele me recebeu no portão, animado, com um uisquinho na mão, me convidou para entrar, abriu uma champanhe francesa, me deu uma taça, acendeu um charuto cubano. Disse que as coisas estavam indo bem para ele, que os negócios tinham engrenado, que ele finalmente tinha descoberto o segredo para viver na fartura.

     - Fica para jantar - ele convidou.

    Feliz com a felicidade do meu amigo querido, aceitei. Ele foi buscar um prato na cozinha, mas, ao abrir a gaveta, parou, constrangido.

    - Ixi, não tenho talheres.

    - Como não tem talheres, Brasa? - perguntei. Eu tinha cansado de fazer boquinha na casa do Brasílio e sempre usávamos uns talheres lindos, de prata, herança de família. - Vendi pela internet.

    Foi assim que comprei este charuto - disse, distraído, enquanto a cinza caía no chão. Foi aí que notei as paredes vazias e esburacadas. Os quadros tinham sumido. E os fios de eletricidade haviam sido arrancados.

    - Descobri que dá para viver muito bem apenas catando as coisas de valor da família e colocando para vender. Isso que é vida.

    Claro que o Brasílio não existe e que a história aí em cima é fictícia - ninguém faria um absurdo desses, vender o patrimônio para torrar em desfrute. Ou faria?

    Em grande medida, o modelo econômico deste nosso país é baseado numa lógica bem parecida com a do meu querido e fictício amigo. Bem mais que a metade da economia brasileira é sustentada pela mera extração de recursos naturais, de maneira não sustentável. Arrancamos a floresta, passamos nos cobres e aí torramos a grana - e ficamos sem floresta. É o mesmo que vender a prataria da família e gastar em uísque e charutos.

    Muito da prosperidade recente do país foi abastecida por indústrias de alto impacto, que fazem dinheiro a curto prazo, mas nos deixam mais pobres depois. Historicamente este país confundiu gerar riqueza com atacar o patrimônio, surrupiando-o de nossos descendentes. Não precisa ser assim. Há países como a Suécia. Lá, boa parte da economia é baseada na exploração sustentável da floresta. Se a gelada e infértil Suécia conseguiu um dos maiores padrões de vida do mundo explorando floresta, por que um país tão fértil, com uma floresta incomensuravelmente mais rica, como é o caso do Brasil, não poderia fazer o mesmo?

    Porque a floresta equatorial brasileira não é simples e previsível como a floresta temperada sueca. Lá, cresce basicamente uma única espécie de árvore, que permite uma exploração industrial da madeira pelas indústrias de papel, móveis e navios. A floresta brasileira é muito mais rica do que a sueca, mas é também muito mais complexa. E lidar com complexidade é muito mais difícil. Em vez de fazer um produto só, há que se aprender a fazer centenas, milhares. Em vez de uma matéria-prima só, há quase infinitas.

    Muito difícil. Melhor derrubar tudo e vender a lenha. Melhor alargar tudo para gerar energia. Melhor passar o trator e fazer monocultura de soja ou gado. E aí ficar sem talheres para o almoço.

(Denis Russo Burgierman. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/mundo-novo/>, , acesso em 18/01/2015.) 


A forma ASCENDEU é homônima à destacada em: “... ACENDEU um charuto cubano.”, pois as duas palavras apresentam o mesmo som, mas possuem significados diferentes. Assinale a opção que deve ser preenchida com a primeira das palavras entre parênteses.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: E

    A) Caçar significa perseguir animais para capturar ou matar: ex.: caçar tatu, caçar um pato, caçar a onça… Cassar significa tornar nulo ou sem efeito: cassar os direitos, cassar o mandato

    B) música = concerto

    C) Espiar = ver ou observar secretamente. ex.:: Ricardo estava espiando o que seus irmãos faziam na sala. 

    Expiar = sofrer, padecer, pagar por erros cometidos anteriormente.

    D) Ruço é pardacento, complicado. ex.: A reforma está ruça. / O conflito ficou ruço.

    Russo é o natural ou originário da Rússia: ex.: Os russos adoram vodca.

    E) sessão = reunião

    cessão = ceder, transferir algo

    seção = repartição, divisão

  • Para não esquecer:

    -Homonímia, palavras que possuem a mesma estrutura fonológica, porém, significados diferentes. se divide:

    a) homógrafas:

    palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.

    Exemplo: gosto (gosto da comida) gosto (de gostar algo/alguém/coisa).

    b) Homófonas: (só lembrar de fonas "som")

    palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.

    Exemplo: sela/cela. cessão/sessão. cerrar/serrar.

    c) Perfeitas - homógrafas e homófonas.

    Palavras iguais na pronúncia e escrita.

    Exemplo: verão (estação) - verão (ver). cedo (ceder) - cedo (manhã.)

    d) Paronímia

    Significado diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita!

    Exemplo: cavaleiro/cavalheiro. absolver/absorver. comprimento/cumprimento.

    vide (Duda nogueira - português para concursos)

  • essa questão tem duas respostas corretas?
  • Sobre o assunto:

    Homônimos - alguma coisa igual

    Se for grafia = Homônimos homógrafos

    A grafia e igual, mas o som é diferente

    Almoço / almoço

    Acerto / acerto

    Se for som = Homônimos Homófonos

    O som é igual, mas a grafia é diferente

    Sessão / cessão

    Se o som e a grafia forem iguais , mas o significado distinto = Homônimo perfeito

    Rio / Rio

    Mato / Mato

    Alguns pontos importantes:

    cassar- anular /

    caçar- Perseguir animais

    conserto- Reparo

    concerto- Musical / harmonia

    espiar -observar escondido

    expiar- Livrar-se da culpa

    russo- Natural de um país.

    ruço-  louro, grisalho, desbotado, descorado, velho, usado, surrado, puído, complicado, intrincado,

    adverso e apertado

    ---------------------------------------------

    Dício.

  • conCCCCerto = musiCCCCCa

  • Correta, E

    Apalavra Sessão faz referência a um período de tempo em que se realizará determinado evento, como exemplo uma estreia teatral; já a palavra Cessão é usada no sentido de ceder algo, por exemplo quando fala em ceder os direitos autorais.

  • EXPIAR

    verbo transitivo direto e pronominal

    Reparar um erro, uma falta; pagar um crime; remir ou remir-se: expiou arduamente por seu erro; vive expiando-se por seus erros.