SóProvas


ID
4108549
Banca
COVEST-COPSET
Órgão
UFPB
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 2

“Português é muito difícil”.


Essa afirmação preconceituosa é prima-irmã da ideia de que “brasileiro não sabe português”. Como o nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical literária de Portugal, as regras que aprendemos na escola, em boa parte, não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil.

Por isso, achamos que “português é uma língua difícil”: temos de fixar regras que não significam nada para nós. No dia em que nosso ensino se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil, é bem provável que ninguém continue a pensar assim. Todo falante nativo de uma língua sabe essa língua. Saber uma língua, na concepção científica da linguística moderna, significa conhecer intuitivamente e empregar com facilidade e naturalidade as regras básicas de seu funcionamento.

Está provado e comprovado que uma criança, por volta dos 7 anos de idade, já domina perfeitamente as regras gramaticais de sua língua. O que ela não conhece são sutilezas e irregularidades no uso dessas regras, que só a leitura e o estudo podem lhe dar. Nenhuma criança brasileira dessa idade vai dizer, por exemplo: “Uma meninos chegou aqui amanhã”. (...)

Se tantas pessoas inteligentes e cultas continuam achando que “não sabem português” ou que “português é muito difícil”, é porque o uso da língua foi transformado numa ciência esotérica, numa doutrina cabalística que somente alguns iluminados conseguem dominar completamente. (...)

No fundo, a ideia de que “português é muito difícil” serve como um dos instrumentos de manutenção do status quo das classes sociais prestigiadas.

É lamentável que a imagem da língua tenha sido empobrecida e reduzida a uma nomenclatura confusa e a exercícios descontextualizados, práticas que se revelam irrelevantes para, de fato, levar alguém a se valer dos muitos recursos que a língua oferece.

Marcos Bagno. Preconceito linguístico. São Paulo: Parábola, 2015. p. 57-63. Adaptado. 

Avaliando as ideias expressas no Texto 2, é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO D

    A- são mostradas as consequências do problema, mas não se discutem as causas que o provocam.

    "Como o nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical literária de Portugal, as regras que aprendemos na escola, em boa parte, não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil.

    Por isso, achamos que “português é uma língua difícil”: temos de fixar regras que não significam nada para nós (...)"

    B- faltam argumentos que sustentem outras possibilidades de contornar a realidade tratada.

    "No dia em que nosso ensino se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil, é bem provável que ninguém continue a pensar assim."

    C- conforme a visão do Texto 2, a escola fica inteiramente dispensada de ensinar a língua.

    O texto não cita e nem dá a entender isso.

    D- os preconceitos que atingem o fenômeno da língua têm repercussão socialmente danosa.

    "Se tantas pessoas inteligentes e cultas continuam achando que “não sabem português” ou que “português é muito difícil”, é porque o uso da língua foi transformado numa ciência esotérica, numa doutrina cabalística que somente alguns iluminados conseguem dominar completamente. (...)"

    E- o uso real da língua portuguesa falada no Brasil constitui o referencial de estudo nas escolas.

    "Como o nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical literária de Portugal, as regras que aprendemos na escola, em boa parte, não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil.