SóProvas


ID
4123723
Banca
IDECAN
Órgão
Prefeitura de Apiacá - ES
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Educação: reprovada

    Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos.

    Há coisa de trinta anos, eu ainda professora universitária, recebíamos as primeiras levas de alunos saídos de escolas enfraquecidas pelas providências negativas: tiraram um ano de estudo da meninada, tiraram latim, tiraram francês, foram tirando a seriedade, o trabalho: era a moda do “aprender brincando”. Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido. Contaram-me recentemente que em muitas escolas não se deve mais falar em “reprovação, reprovado”, pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente. Então, por que estudar, por que lutar, por que tentar?

    De todos os modos facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para a vida e o mercado de trabalho. Empresas reclamam da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar, para escrever o que pensam. São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome, mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu. Portanto, a porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa.

    Agora sai na imprensa um relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.

    Naturalmente, a boa ou razoável escolarização é muito maior em escolas particulares: professores menos mal pagos, instalações melhores, algum livro na biblioteca, crianças mais bem alimentadas e saudáveis – pois o estado não cumpre o seu papel de garantir a todo cidadão (especialmente a criança) a necessária condição de saúde, moradia e alimentação.

    Faxinar a miséria, louvável desejo da nossa presidenta, é essencial para nossa dignidade. Faxinar a ignorância – que é uma outra forma de miséria – exigiria que nos orçamentos da União e dos estados a educação, como a saúde, tivesse uma posição privilegiada. Não há dinheiro, dizem. Mas políticos aumentam seus salários de maneira vergonhosa, a coisa pública gasta nem se sabe direito onde, enquanto preparamos gerações de ignorantes, criados sem limites, nada lhes é exigido, devem aprender brincando. Não lhes impuseram a mais elementar disciplina, como se não soubéssemos que escola, família, a vida, sobretudo, se constroem em parte de erro e acerto, e esforço. Mas, se não podemos reprovar os alunos, se não temos mesas e cadeiras confortáveis e teto sólido sobre nossa cabeça nas salas de aula, como exigir aplicação, esforço, disciplina e limites, para o natural crescimento de cada um?

    Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada. Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção, estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.

(Lya Luft. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/educacao-reprovada-um-artigo-de-lya-luft/.)

“Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente.” (1º§) Assinale a alternativa cujo acento grave indicador de crase foi utilizado pelo mesmo motivo do trecho em destaque.

Alternativas
Comentários
  • Trata-se de uma locução adverbial feminina e o uso é obrigatório.

  • Nas locuções adverbiais a crase é obrigatória.

    às vezes, à noite, à toa, à vontade, à medida que, à direita, à esquerda.

  • Trata-se de uma locução...
  • A questão é sobre crase e quer saber em qual das frases abaixo o acento grave indicador de crase foi utilizado pelo mesmo motivo do trecho em destaque em "Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente.". Vejamos:

    A) Oferecemos nossa gratidão à professora.

    O acento indicativo de crase nesse caso foi usado por causa da fusão da preposição A com o artigo feminino A. Quem oferece oferece algo A alguém + A professora = oferecemos À professora.

     .

    B) Mesmo em greve, os alunos foram à escola.

    O acento indicativo de crase nesse caso foi usado por causa da fusão da preposição A com o artigo feminino A. Quem vai vai A algum lugar + A escola = foram À escola.

     .

    C) À medida que o tempo passa, a educação fica defasada.

    O acento indicativo de crase nesse caso foi usado na locução conjuntiva "à medida que". Tanto em "às vezes" como em "à medida que", usou-se crase por se tratarem de locuções.

    SEMPRE ocorre crase nas locuções de natureza adverbial, formadas com palavra feminina. Ex.: À vontade, à noite, à tarde, às pressas, às vezes, às claras, às escondidas...

    SEMPRE ocorre crase nas locuções de natureza conjuntiva.Ex.: À medida que, à proporção que...

     .

    D) Os professores fizeram o pedido à secretaria de educação.

    O acento indicativo de crase nesse caso foi usado por causa da fusão da preposição A com o artigo feminino A. Quem pede pede algo A alguém + A secretaria de educação = fizeram o pedido À secretaria de educação.

     .

    CRASE ocorre mediante a fusão da preposição "a" com:

    a) o artigo feminino "a" ou "as"

    Ex.: Fui à faculdade. (Fui A + A faculdade)

    b) o “a” dos pronomes demonstrativos “aquele (s), aquela (s), aquilo"

    Ex.: Você compareceu àquele cursinho? (Compareceu A + Aquele cursinho)

    c) o “a” dos pronomes relativos “a qual / as quais”

    Ex.: A aluna à qual me referi passou em primeiro lugar. (Quem se refere se refere A alguma coisa, A alguém + A qual)

    d) o pronome demonstrativo “a / as” (= aquela, aquelas)

    Ex.: Esta gramática é semelhante à que me deste. (Semelhante A + A que me deste)

     .

    Gabarito: Letra C

  • Locução adverbial Feminina,Gabarito C

    São outros exemplos de locuções adverbiais formadas pela preposição "a":

    à distância

    à toa

    à vontade

    às pressas

    às claras

    à mão

    às vezes

  • Motivo da crase : Locução adverbial feminina

    Leia o ótimo comentário da Thais Kaferoli !

  • GABARITO -C

    A) Oferecemos nossa gratidão à professora.

    Trocando o feminino pelo masculino .. se aparecer "ao" = crase.

    Gratidão ao professor.

    -------------------------------------------------------

    B) Mesmo em greve, os alunos foram à escola.

    Foram à escola

    Foram ao parque

    ----------------------------------------------------------

    C) À medida que o tempo passa, a educação fica defasada.

    Usamos crase diante de locuções conjuntivas.

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    D) Os professores fizeram o pedido à secretaria de educação.

    Pedido à secretaria

    Pedido ao secretário.

  • SEMPRE ocorre crase nas locuções de natureza adverbial, formadas com palavra feminina. Ex.: À vontade, à noite, à tarde, às pressas, às vezes, às claras, às escondidas..

  • locução de base feminina haverá crase.

  • [...] às vezes [...]

    Oferecemos nossa gratidão à professora. ✔

    • Se não houver verbo indicando movimento, troca-se a palavra feminina por outra masculina; se diante da masculina, surgir "ao", diante da feminina, ocorrerá crase; caso contrário, não ocorrerá crase.

    • Ex. Assisti à peça. Com crase, pois Assisti ao filme.

    • Paguei à cabeleireira. Com crase, pois Paguei ao cabeleireiro. 

    • Respeito as regras. Sem crase, pois Respeito os regulamentos.

    Mesmo em greve, os alunos foram à escola. ✔

    • Se a preposição a vier de um verbo que indica destino (ir, vir, voltar, chegar, cair, comparecer dirigir-se...), troque este verbo por outro que indique procedência (vir, voltar, chegar); se, diante do que indicar procedência, surgir da, diante do que indicar destino, ocorrerá crase; caso contrário, no ocorrerá crase

    • Ex. Vou a Porto Alegre. Sem crase, pois Venho de Porto Alegre. 

    • Vou à Bahia. Com crase, pois Venho da Bahia.

    À medida que o tempo passa, a educação fica defasada. ✔

    • Nos adjuntos adverbiais de modo, de lugar e de tempo femininos, ocorre crase.

    • Ex. à tarde, à noite, às pressas, às escondidas, às escuras, às tontas, à direita, à esquerda, à vontade, à revelia ...

    • Nas locuções prepositivas e conjuntivas femininas ocorre crase. 

    • Ex. à maneira de, à moda de, às custas de, à procura de, à espera de, à medida que, à proporção que...

    Os professores fizeram o pedido à secretaria de educação. ✔

    • Se não houver verbo indicando movimento, troca-se a palavra feminina por outra masculina; se diante da masculina, surgir ao, diante da feminina, ocorrerá crase; caso contrário, não ocorrerá crase.

    • Ex. Assisti à peça. Com crase, pois Assisti ao filme.

    • Paguei à cabeleireira. Com crase, pois Paguei ao cabeleireiro. 

    • Respeito as regras. Sem crase, pois Respeito os regulamentos.

  • À medida que/ à proporção que - locuções conjuntivas femininas que exigem crase

    GAB C

  • C) À medida que o tempo passa, a educação fica defasada.

    O acento indicativo de crase nesse caso foi usado na (locução conjuntiva)"à medida que". Tanto em "às vezes" (locução adverbial) como em "à medida que", usou-se crase por se tratarem de locuções com nucleos femininos.

  • Nas locuções adverbiais a crase é obrigatória.

    às vezes, à noite, à toa, à vontade, à medida que, à direita, à esquerda

  • às vezes, à noite, à toa, à vontade, à medida que, à direita, à esquerda.

  • SEMPRE ocorre crase nas locuções de natureza adverbial, formadas com palavra feminina. Ex.: À vontade, à noite, à tarde, às pressas, às vezes, às claras, às escondidas...

    SEMPRE ocorre crase nas locuções de natureza conjuntiva.Ex.: À medida que, à proporção que...