SóProvas


ID
4139083
Banca
Prefeitura de Campinas - SP
Órgão
Prefeitura de Campinas - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. 

Criadores e legados 

      Dando alguns como aceitável que a nossa vida possa ser considerada um absurdo, já que ela existe para culminar na morte, parece-lhes ainda mais absurda quando se considera o caso dos grandes criadores, dos artistas, dos pensadores. Eles empregam tanta energia e tempo para reconhecer, formular e articular linguagens e ideias, tanto esforço para criar ou desafiar teorias e correntes do pensamento, é-lhes sempre tão custoso edificar qualquer coisa a partir da solidez de uma base e com vistas a alguma projeção no espaço e no tempo – que a morte parece surgir como o mais injusto e absurdo desmoronamento para quem justamente mais se aplicou na engenharia de toda uma vida. 
       Por outro lado, pode-se ponderar melhor: se o legado é grande, e não morre tão cedo, a desaparição de quem o construiu em nada reduz a atualização de sentido do que foi deixado. O criador não testemunhará o desfrute, mas quem recolher seu legado reconhecerá nele a força de um sujeito, de uma autoria confortadora para quantos que se beneficiam da obra deixada, e que dela assim compartilham. Sem sombra de rancor, uma sonata de Beethoven modula-se no dedilhar de uma sucessão de pianistas e por gerações de ouvintes, a cada vez que é interpretada e renovada. Na onda ecoante, no papel, no celuloide, no marfim, no mármore, no barro, no metal, na voz das palavras, é o tempo da vida e da arte, não o da morte, que se celebra no Feito. 
    O legado teimoso das obras consumadas parece contar com o fundamento mesmo da morte para reafirmar a cada dia o tempo que lhes é próprio. Essa é a sua riqueza e o seu desafio. Sempre alguém poderá dizer, na voz do poeta Manuel Bandeira: “ tenho o fogo das constelações extintas há milênios”, ecoando tanto uma verdade da astrofísica como a poesia imensa do nosso grande lírico.

(Justino de Azevedo, inédito)



As normas de concordância verbal estão plenamente observadas na frase:

Alternativas
Comentários
  • O enunciado expressa com clareza: as normas de concordância verbal. Não importam desvios de outras naturezas, mas tão somente os de concordância verbal. Sem entrar em pormenores, esta diz respeito à correta flexão do verbo a fim de concordar com o sujeito. Esporadicamente, no entanto, foge-se à regra geral e faz-se a concordância de modo distinto. 

    a) Não é de se crer que a magnitude das grandes obras sejam relegadas ao esquecimento tão logo lhes sobrevenham a morte de quem as criou.

    Incorreto. O núcleo do sujeito é "magnitude", de modo que a locução com ele concorda. Correção: "(...) magnitude das grandes obras seja relegada ao esquecimento (...)";

    b) A energia e o tempo que certamente reclamam a execução de uma grande obra faz parecer de todo injusta a morte de seu criador.

    Incorreto. O verbo auxiliar da locução verbal "faz parecer" deve flexionar-se a fim de concordar com o sujeito composto, constituído de dois núcleos (energia e tempo). Correção: "A energia e o tempo (...) fazem parecer";

    c) Deve-se ponderar melhor as queixas quando do perecimento de uma obra: a poucas criações iluminam o mérito da verdadeira genialidade.

    Incorreto. Muito provavelmente a banca interpretou a existência de locução verbal em "deve-se ponderar", de modo que o verbo auxiliar (deve) precisa concordar com o sujeito (as queixas). Correção: "Devem-se ponderar melhor as queixas";

    d) A muitas sonatas de Beethoven sucedeu tornarem-se tão mais valorizadas quanto mais diversas foram as interpretações de quem delas veio a se ocupar.

    Correto. A concordância verbal do período acima não fere a norma culta;

    e) As obras de grande porte não se esvaziam, pois o que lhes ocorrem nos anos que passam é a progressiva valorização e atualização de seu significado.

    Incorreto. O verbo "ocorrer" deve concordar com o sujeito "o" (= aquilo). Correção: "(...) pois o que lhes ocorre nos anos (...)"

    Letra D

  • Questão capciosa! Arriégua, nammmm...

  • c) Deve-se ponderar melhor as queixas quando do perecimento de uma obra: a poucas criações iluminam o mérito da verdadeira genialidade.

    Complementando, penso que há erro de concordância nominal. O artigo deve variar em gênero e número com o substantivo ao qual se refere. Creio que o correto seria: "..quando do perecimento de uma obra: as poucas criações iluminam.."

    Mas, por favor, se eu estiver errada, sintam-se à vontade para me corrigir. :)

  • ``A muitas ``? Alguém pode ajudar nessa ?

  • Nível "voadora de dois pés"!

    E) As obras de grande porte não se esvaziam, pois o que lhes ocorrem nos anos que passam é a progressiva valorização e atualização de seu significado.

    Aquilo que lhes ocorre.

    É um pequeno detalhe , mas que faz toda diferença..

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  • `A muitas ``? Alguém pode ajudar nessa ?

  • d) A muitas sonatas de Beethoven sucedeu tornarem-se tão mais valorizadas quanto mais diversas foram as interpretações de quem delas veio a se ocupar.

    Sucedeu não deveria ir ao plural??

  • a questao nao tem alternativa certa, ne ? pq...