SóProvas


ID
4139722
Banca
UFU-MG
Órgão
UFU-MG
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    Ao entregar o rebanho ao pastor, o proprietário anota o número de animais: uma pedrinha para cada ovelha. Assim, na volta da pastagem poderá conferir que nenhuma foi perdida (ou comida…).

    Repetidos ao longo de milênios, rituais como este acabaram levando à compreensão de que o rebanho e o monte de pedrinhas têm algo abstrato em comum: o número de objetos.

    Foi muito lento. “Muitas eras devem ter passado antes que o homem descobrisse que um casal de pássaros e um par de dias são ambos ocorrências do número 2”, ponderou o filósofo Bertrand Russel. Mais do que qualquer outra coisa, foram nossos dedos que contribuíram para essa construção abstrata. “É à possibilidade de articular os dez dedos que a humanidade deve o seu êxito no cálculo”, escreveu o historiador Tobias Dantzig.

    Vestígios estão presentes em muitos idiomas. Por exemplo, em português e outras línguas usamos “dígito” (“dedo”, em latim) como sinônimo de algarismo. Mas o indício mais notável da origem anatômica do número está no fato de quase todo o mundo usar o sistema decimal de numeração.

    É um sistema posicional, o valor de cada “dígito” depende da posição. Por exemplo, em 3.333 o “3” da direita vale 3 mesmo, o próximo vale 30=3x10, o seguinte 300=3x10² e o da esquerda 3.000=3x10³.

    Por que usamos 10, e não outro número, como a base desse sistema numeração? Simplesmente porque temos 10 dedos nas mãos e, desde tempos imemoriais, os usamos para contar. Mas a humanidade experimentou outras bases.

    Alguns povos antigos da Oceania usaram a base 5. Talvez contassem com uma só mão, usando a outra como indicador, enquanto seguravam a arma debaixo do braço? Na base 5, há apenas cinco dígitos (0 a 4) e, por exemplo, 3.333 representa o número 3+3x5+3x5²+3x5³, ou seja, 468 (na base 10). Os símbolos V=5, L=50 e D=500 na numeração romana sinalizam um uso antigo da base 5.

    Outros povos, em todos os continentes, usaram a base 20. Presumivelmente, contavam também com os pés... Existem vestígios em línguas como o francês (80 é “quatre-vingts”) e o inglês (“3-score” significa 60). Já os babilônios criaram um sistema posicional de base 60. Devemos a eles a divisão da hora em 60 minutos e do minuto em 60 segundos.

    Para quem está habituado ao sistema decimal, bases maiores do que 10 apresentam um inconveniente: é necessário inventar símbolos para os dígitos acima de 9. Na base 16, muito utilizada em programação, são usadas letras: A é 10, B é 11, C é 12, D é 13, E é 14 e F é 15. Quanto é 3E8 vezes 5DC nessa base?

VIANA, Marcelo Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloviana/ 2020/01/aprendemos-a-contar-com-os-dedos.shtml Acesso em: 05 fev.2020. (Fragmento)

De acordo com o texto e com suas características, assinale a alternativa que explicita o objetivo do autor.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: B

    O objetivo do autor é partilhar com o leitor digamos que a origem dos cálculos matemáticos e as varias formas de contagem utilizadas desdes os primórdios, portanto há um compartilhamento de saberes com o leitor.

  • O GABARITO é a letra (B )

    Nesse tipo de texto a atenção é um fator decisivo.

    Perceba que ao expor as informações a intenção do autor é compartilhar o conhecimento sobre a origem dos cálculos.

  • Estou no caminho, acredito.

    Que ele está compartilhando conhecimento é óbvio (e essa seria a resposta mais, digamos, segura). Agora, também não há dúvida de que ele está teorizando quando diz: "Talvez contassem com uma só mão" ou ainda "Presumivelmente".

    Não?

    Alguma alma caridosa poderia debater e esclarecer? Obrigado desde já.

  • Superação diária e Persistência - rumo aos 90%

    Como disse o colega temos que ter muita atenção em questões como essa, em questões de interpretação no geral.

    E é isso mesmo que você disse, em alguns pontos temos uma clara opinião pessoal sobre um fato, mas a questão cobra o objetivo do autor, por isso temos que analisar o texto de forma global e identificar o que se destaca no geral.

    Vemos que ele traz muitas informações acertadas, utiliza citações de um filósofo e de um historiador, além de informações objetivas quanto às bases de contagem utilizadas por diversos povos, inclusive a linguagem hexadecimal utilizada na computação, ou seja, é um texto essencialmente informativo.

    O mesmo ocorre em questões nas quais temos que identificar o gênero textual de um texto.

    Em um texto dissertativo argumentativo, por exemplo, poderíamos ter um trecho com uma descrição de algum objeto, a fim de esclarecer algum ponto da argumentação, porém o texto não deixaria de ser dissertativo.

    Muitas questões também destacam uma parte do texto, justamente a que é dissonante do restante, e afirma que o texto de modo geral segue aquele gênero só por causa daquele trecho, o que torna a questão incorreta.

    Foco galera!