PENSAR É TRANSGREDIR
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser
uma permanente reinvenção de nós mesmos – para não
morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça
que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim.
Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais
acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres,
mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem
de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro
que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma
essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser,
acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo
das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro
sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: “Parar pra pensar,
nem pensar! ”
[...]
LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 21.
Disponível em:<http://pensador.uol.com.br/frase/MjgzMzA0/> . Acesso em: 23 set. 2016.
No segundo parágrafo, a conjunção “mas”, que inicia o período,
exerce uma função importante na estrutura textual, pois
estabelece relação de sentido (oposição ou contraste) entre dois
enunciados. Isso significa dizer que a autora