SóProvas


ID
4157455
Banca
FUNCAB
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder á questão .

Um chá maluco

        Em frente à casa havia uma mesa posta sob uma árvore, e a Lebre de Março e o Chapeleiro estavam tomando chá; entre eles estava sentado um Caxinguelê, que dormia a sono solto [...]

        Era uma mesa grande, mas os três estavam espremidos numa ponta. “Não há lugar! Não há lugar!”, gritaram ao ver Alice se aproximando. “Há lugar de sobra!”, disse Alice indignada, e sentou-se numa grande poltrona à cabeceira.

        [...]

        “Não foi muito polido de sua parte sentar-se sem ser convidada”, retrucou a Lebre de Março.

        “Não sabia que mesa era sua”, declarou Alice, “está posta para muito mais do que três pessoas.”

        “Seu cabelo está precisando de um corte”, disse o Chapeleiro. Fazia algum tempo que olhava para Alice com muita curiosidade e essas foram suas primeiras palavras.

        “Devia aprender a não fazer comentários pessoais”, disse Alice com alguma severidade; “é muito indelicado.”

         O Chapeleiro arregalou os olhos ao ouvir isso, mas disse apenas: “Por que um corvo se parece com uma escrivaninha?”

     “Oba, vou me divertir um pouco agora!”, pensou Alice. “Que bom que tenham começado a propor adivinhações”. E acrescentou em voz alta: “acho que posso matar esta”.

         “Está sugerindo que pode achara resposta?”, perguntou a Lebre de Março.

        “Exatamente isso”, declarou Alice.

         “Então deveria dizer o que pensa”, a Lebre de Março continuou.

         “Eu digo”, Alice respondeu apressadamente; “pelo menos... pelo menos eu penso o que digo... é a mesma coisa, não?”

         “Nem de longe a mesma coisa!”, disse o Chapeleiro. “Seria como dizer que ‘vejo o que como’ é a mesma coisa que ‘como o que vejo’!”

        “Ou o mesmo que dizer”, acrescentou a Lebre de Março, “que ‘aprecio o que tenho’ é a mesma coisa que ‘tenho o que aprecio’!”

        “Ou o mesmo que dizer”, acrescentou o Caxinguelê, que parecia estar falando dormindo, “que ‘respiro quando durmo’ é a mesma coisa que ‘durmo quando respiro’!”

        “É a mesma coisa no seu caso”, disse o Chapeleiro, e nesse ponto a conversa arrefeceu e o grupo ficou sentado em silêncio por um minuto, enquanto Alice refletia sobre tudo de que conseguia se lembrar sobre corvos e escrivaninhas, o que não era muito.

        O Chapeleiro foi o primeiro a quebrar o silêncio. “Que dia do mês é hoje?”, disse, voltando-se para Alice. [...]

        Alice pensou um pouco e disse: “Dia quatro.”       

        “Dois dias de atraso!”, suspirou o Chapeleiro. “Eu lhe disse que manteiga não ia fazer bem para o maquinismo”, acrescentou, olhando furioso para a Lebre de Março.

        “Era manteiga da melhor qualidade” , respondeu humildemente a Lebre de Março.

        “Sim, mas deve ter entrado um pouco de farelo”, o Chapeleiro rosnou. “Você não devia ter usado a faca de pão.”

         A Lebre de Março pegou o relógio e contemplou -o melancolicamente. Depois mergulhou-o na sua xícara de chá, e fitou-o de novo. Mas não conseguiu encontrar nada melhor para dizer que seu primeiro comentário: “Era manteiga da melhor qualidade.”  [...]

CARROL, Lewis. Alice no país das maravilhas. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 67-9. 

Se o pronome oblíquo fosse deslocado para a posição enclítica, a colocação ficaria plenamente inadequada na frase:

Alternativas
Comentários
  • A posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, lhe, vos, o[s], a[s], etc.) pode ser distintamente três: próclise (antes do verbo. p.ex. não se realiza trabalho voluntário), mesóclise (entre o radical e a desinência verbal, p.ex. realizar-se-á trabalho voluntário) e ênclise (após o verbo, p.ex. realiza-se trabalho voluntário). 

    O enunciado é obscuro e caótico em sua redação quando cotejado com as alternativas. A bem da verdade, deveria ser reformulado e requerer a alternativa em que a mudança da posição do pronome átono acarrete erro. Tendo em conta isso, inspecionemos os itens:

    a) “gritaram ao ver Alice se aproximando.” (§ 2)

    Correto. Tanto a ênclise quanto a próclise são legítimas. Se posposto o pronome, conservar-se-ia a correção da frase: "Gritaram ao ver Alice aproximando-se";

    b) ”disse, voltando-se para Alice.” (§ 17)

    Incorreto. Aqui, apenas a ênclise é correta, tendo em vista que os pronomes oblíquos átonos não podem encabeçar períodos;

    c) “e fitou-o de novo.” (§22)

    Correto. Tanto a ênclise quanto a próclise são legítimas. Se anteposto o pronome "o", conservar-se-ia a correção da frase: "E o fitou de novo";

    d) “e sentou-se numa grande poltrona à cabeceira.” (§ 2)

    Correto. Tanto a ênclise quanto a próclise são legítimas. Se anteposto o pronome, conservar-se-ia a correção da frase: "E se sentou (...)";

    e) “Depois mergulhou-o na sua xícara de chá...” ( § 22)

    Correto. Tanto a ênclise quanto a próclise são legítimas. O caso em apreço abarca uma particularidade da colocação pronominal. O pronome átono posposto a verbo modificado diretamente por advérbio é legítimo desde que haja pausa entre verbo e advérbio, indicada ou não por vírgula. Em Moderna Gramática Brasileira, de Evanildo Bechara, p.607, o autor discorre acerca do caso e ainda apresenta este exemplo, extraído de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de autoria machadiana: "Ele esteve alguns instantes de pé, a olhar para mim; depois estendeu-me a mão com um gesto comovido". Destarte, a colocação enclítica encontra respaldo tanto em Bechara quanto em Machado de Assis. Naturalmente, poder-se-ia antepor o pronome ao verbo: "Depois o mergulhou (...)".

    Letra B

  • Acredito que há erro no enunciado, pois ao dizer que se deslocado "para a posição enclítica" subentende que é a modificação do pronome para assumir a posição enclítica, mas todos estão na posição enclítica, de modo que não faz sentido.

  • Não vale a pena responder a essa questão, ela é ininteligível

  • Uma questão tão maluca quanto o chá do conto. Acho que queriam dizer "Se o pronome oblíquo fosse usado em próclise, estaria equivocado em qual das alternativas"; aí sim faria sentido.

  • CUIDADO

    A questão possui sérios problemas e não apresenta gabarito.

    Se o pronome oblíquo fosse deslocado para a posição enclítica, a colocação ficaria plenamente inadequada na frase:

    O enunciado é claro, "se o pronome oblíquo fosse deslocado para a posição enclítica,...ficaria plenamente inadequada...", logo, já partimos do pressuposto de que procuramos a assertiva que possua um pronome que, se colocado encliticamente, causa inadequação gramatical.

    A) “gritaram ao ver Alice se aproximando.” (§ 2)

    Temos o pronome colocado procliticamente sem termo atrativo, a colocação enclítica não causa inadequação à construção.

    B) ”disse, voltando-se para Alice.” (§ 17)

    Temos o pronome já colocado encliticamente e de forma correta.

    C) “e fitou-o de novo.” (§22)

    Temos o pronome já colocado encliticamente e de forma correta.

    D) “e sentou-se numa grande poltrona à cabeceira.” (§ 2)

    Temos o pronome já colocado encliticamente e de forma correta.

    E) “Depois mergulhou-o na sua xícara de chá...” ( § 22)

    Temos a única alternativa que poderia ser considerada como gabarito. "Poderia", pois, apesar de já possuirmos o pronome enclítico, o que destoa do enunciado, a colocação facultativa pode ser defendida com base no caso especifico da presença de pausa entre o adverbio "depois" e o verbo "mergulhou", pausa esta que poderia ser marcada por virgula. No entanto, diante da falta de alternativa mais adequada, é a escolha lógica do aluno.

    Não cabe extrapolarmos a questão para encontrarmos o gabarito, o enunciado é claro e não deixa margem para duplo entendimento, de modo que o gabarito oferecido é inválido.

  • Outra questão desta prova mal redigida. Péssima. Não possui gabarito.

  • Questão sem nexo nenhum, todos os pronomes exceto a letra A já estão em posição enclítica, todavia, na letra A, caso posto em posição enclítica não causaria erro algum. A questão foi mal elaborada por isso deveria ser anulada.

  • A questão foi mal formulada. Nem vale a pena respondê-la.

  • Não entendi essa questão alguém poderia me ajudar