INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.
Quando nasce uma língua nova?
A grande maioria das pessoas acredita que definir o
que seja uma “língua” é algo fácil e cômodo, e que os
linguistas sabem com precisão onde termina uma língua
e onde começa outra. Nada mais distante da verdade!
Isso porque a definição de “língua” escapa das mãos dos
linguistas — que há séculos confessam ser impossível
enunciá-la — e vai pousar no terreno pantanoso daquilo
que se chama ideologia. Sim, a definição do que é
uma “língua” tem muitíssimo mais a ver com questões
políticas, religiosas, identitárias, etc. do que com
questões propriamente linguísticas, isto é, fonético-fonológicas, morfossintáticas, lexicais, etc.
Basta ver o que acontece mundo afora. Muitos modos
de falar exatamente iguais recebem nomes diferentes
por razões ideológicas profundas. Os linguistas sempre
reconheceram a existência de uma língua chamada
servo-croata, com um mesmo sistema fonológico e
gramatical. Mas depois da sangrenta demolição da
Iugoslávia, essa língua passou a receber nada menos
do que quatro nomes diferentes: sérvio, croata, bósnio e montenegrino. Cada novo Estado surgido do desmonte da antiga federação faz questão agora de ter sua língua própria, com nome próprio. As antigas e fundas rivalidades étnicas e religiosas impedem qualquer unidade na designação das “línguas”.
Por outro lado, modos de falar totalmente diferentes podem receber o mesmo nome. O caso clássico é o do “árabe”. Um falante do árabe marroquino praticamente não entenderá o que um falante do árabe saudita tentar lhe dizer. É o mesmo que acontece, por exemplo, se um brasileiro e um italiano tentarem se comunicar cada um na sua língua. No entanto, todos os modos de falar dos países chamados “árabes” recebem o mesmo nome (“árabe”, é claro), apesar de profundas diferenças. É que a única língua digna de estudo nesses países é o chamado “árabe clássico”, a língua em que foi escrito o Corão, no século VII. Usando esse “árabe clássico”, pessoas letradas dos diferentes países “árabes” conseguem se entender.
[...]
BAGNO, Marcos. Quando nasce uma nova língua? Blog da Parábola Editorial. Disponível em: <https://goo.gl/DYKgb5>. Acesso em: 4 ago. 2017 (Fragmento adaptado).
Analise as afirmativas a seguir.
I. Fatores externos ao sistema linguístico são
determinantes para caracterizar uma língua.
II. Os linguistas reconhecem a imprecisão existente
para caracterizar uma língua.
III. Fatores internos ao sistema linguístico são
determinantes para caracterizar uma língua.
De acordo com o texto, estão corretas as afirmativas: