Leia o texto a seguir.
[...] Ao lidar com a voz passiva sintética (também chamada de pronominal, por causa do se, que é um pronome apassivador), nosso maior problema é reconhecer o sujeito da frase. Em estruturas do tipo aceitam-se
cheques ou compram-se garrafas, o elemento que vem posposto ao verbo é considerado o sujeito (o paciente
da ação). Ocorre, no entanto, que a passiva sintética não é sentida como voz passiva pela maioria dos falantes, os quais, vendo em cheques e garrafas um simples objeto direto, deixam de concordar o verbo com eles.
Nasce aqui o que um antigo gramático chamava de “erro da tabuleta”: *aceita-se cheques, *compra-se garrafas, *vende-se terrenos, *aluga-se barcos.
Para quem tem uma formação mínima em sintaxe, não é tão difícil reconhecê-la: verbos transitivos diretos
seguidos de se (não reflexivo) constituem casos inequívocos dessa estrutura. Se ainda assim persistirem
dúvidas, lembre que a frase na passiva sintética tem forma equivalente na passiva analítica.
Aceitam-se cheques. = Cheques são aceitos.
Compram-se garrafas. = Garrafas são compradas.
Se o verbo for transitivo indireto, é evidente que não pode haver passiva — tanto a sintética quanto a analítica.
A construção com verbo transitivo indireto + se é uma das formas do sujeito indeterminado no Português,
ficando o verbo sempre na 3.ª pessoa do singular.
Precisa-se de serventes.
Falava-se dos últimos acontecimentos.
Disponível em: <http://sualingua.com.br/2010/07/09/concordancia-com-a-passiva-sintetica/>. Acesso em: 27 jan. 2016.