SóProvas


ID
4832653
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
MJSP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho
Rafael Dragaud 

    NÃO PIRA! Foi com esse conselho, há cerca de seis anos, que começou minha história com o Dinho. Colaborávamos na mesma instituição social e vez ou outra nos esbarrávamos numa reunião, ele sempre ostensivamente calado. Por algum motivo da ordem do encosto, no sentido macumbeirístico mesmo, ou cumplicidade de gordos, vimos um no outro um elo possível de troca.
    Ele então começou a me enviar milhões de textos que eram uma mistura frenética de sonhos, pseudorroteiros cinematográficos, pedidos de desculpas, posts-denúncias, listas de exigências de sequestrador, tudo num fluxo insano de criação, que ele mesmo dizia que um dia iria sufocá-lo de vez — o que me fez proferir o dito conselho.
    O fato é que um dia passei em frente ao notebook dele e lá estava a tela quase inteiramente coberta de post-its, todos iguais, escritos: NÃO PIRA. E ele então me confidenciou: Cara, você resolveu minha vida. Eu só não posso pirar! É isso!
    Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho. E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime (deixando desaguar seus textos em redes sociais), que foi surgindo um escritor muito especial. Especial não pra mãe dele ou pra Su (a santa), mas para a cidade do Rio de Janeiro.
    Com uma voz e um estilo absolutamente singulares, Dinho flerta com a narrativa do fluxo do pensamento, o que poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos, eventualmente mais valiosos pra ele do que para o leitor. Mas sei lá como, seus textos conciliam esse jeitão com uma relevância quase política, pois jogam luz sobre partes da cidade que merecem ser mais vistas, mais percebidas, e até mesmo mais problematizadas.
    Dinho “vê coisas”. E, consequentemente, tem o que dizer. Não só sobre o subúrbio, suas ruas, seus personagens e seus modos, numa linhagem Antônio Maria ou João do Rio, mas muitas vezes também sobre bairros já enjoativos, de tão submersos em clichês, como o tão adorado-odiado Leblon. Seu “olhar de estrangeiro” revela estranhas entranhas da Zona Sul do Rio de Janeiro. O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa.
    Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE!

FRANÇA, Anderson. Rio em Shamas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.

Assinale a alternativa que apresenta uma função do texto.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito D.

    Analisei pelo título do texto.

  • Todo prefácio tem essa função
  • Pósfacio

    substantivo masculino

    Texto de teor explicativo que, acrescentado no final de livro (depois de sua finalização), adverte ou explica o que for conveniente.mencionar.

  • GAB: D

    Não gosto desta banca porque suas respostas são bem dúbias, ou seja, tenho a impressão que eles sempre colocam 2 das alternativas que podem ser a resposta correta dependendo da "lua" do avaliador. Neste caso entendo que pelo próprio título do texto é possível encontrar a resposta; porém não vejo uma avaliação positiva do livro e de seu autor, vejo uma avaliação positiva da sua forma de escrever e de seu autor pois a abordagem é endereçada sobre a perspectiva que ele tem sobre tal contexto social sem haver uma explanação direta sobre o livro. Mas não adianta questionar e sim adaptar-se a banca.

  • Banca AOCP parece que só tem questões com esse texto. Cruzes!

  • Essa banca tem que se aprofundar muito no texto, para conseguir responder questões teoricamente simples!

  • (A partir desse ponto ele começa a elogiar o autor Dinho e a importância de sua obra para o RJ).

    E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime (deixando desaguar seus textos em redes sociais), que foi surgindo um escritor muito especial. Especial não pra mãe dele ou pra Su (a santa), mas para a cidade do Rio de Janeiro.

     Com uma voz e um estilo absolutamente singulares, Dinho flerta com a narrativa do fluxo do pensamento, o que poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos, eventualmente mais valiosos pra ele do que para o leitor. Mas sei lá como, seus textos conciliam esse jeitão com uma relevância quase política, pois jogam luz sobre partes da cidade que merecem ser mais vistas, mais percebidas, e até mesmo mais problematizadas.

        Dinho “vê coisas”. E, consequentemente, tem o que dizer. Não só sobre o subúrbio, suas ruas, seus personagens e seus modos, numa linhagem Antônio Maria ou João do Rio, mas muitas vezes também sobre bairros já enjoativos, de tão submersos em clichês, como o tão adorado-odiado Leblon. Seu “olhar de estrangeiro” revela estranhas entranhas da Zona Sul do Rio de Janeiro. O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa.

        Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE!

  • O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa.

    Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE!

  • Foco na Missão Guerreiros, que aprovação é certa!

  • Pelo próprio título já dá pra perceber que o texto tem a função de falar sobre o livro: "Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho"

  • Pelo próprio título já dá pra perceber que o texto tem a função de falar sobre o livro: "Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho"

  • Questão subjetiva.

  • TEXTO DA QUESTÃO

    NÃO PIRA! Foi com esse conselho, há cerca de seis anos, que começou minha história com o Dinho. Colaborávamos na mesma instituição social e vez ou outra nos esbarrávamos numa reunião, ele sempre ostensivamente calado. Por algum motivo da ordem do encosto, no sentido macumbeirístico mesmo, ou cumplicidade de gordos, vimos um no outro um elo possível de troca. Ele então começou a me enviar milhões de textos que eram uma mistura frenética de sonhos, pseudorroteiros cinematográficos, pedidos de desculpas, posts-denúncias, listas de exigências de sequestrador, tudo num fluxo insano de criação, que ele mesmo dizia que um dia iria sufocá-lo de vez — o que me fez proferir o dito conselho. O fato é que um dia passei em frente ao notebook dele e lá estava a tela quase inteiramente coberta de post-its, todos iguais, escritos: NÃO PIRA. E ele então me confidenciou: Cara, você resolveu minha vida. Eu só não posso pirar! É isso! Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho. E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime (deixando desaguar seus textos em redes sociais), que foi surgindo um escritor muito especial. Especial não pra mãe dele ou pra Su (a santa), mas para a cidade do Rio de Janeiro. Com uma voz e um estilo absolutamente singulares, Dinho flerta com a narrativa do fluxo do pensamento, o que poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos, eventualmente mais valiosos pra ele do que para o leitor. Mas sei lá como, seus textos conciliam esse jeitão com uma relevância quase política, pois jogam luz sobre partes da cidade que merecem ser mais vistas, mais percebidas, e até mesmo mais problematizadas. Dinho “vê coisas”. E, consequentemente, tem o que dizer. Não só sobre o subúrbio, suas ruas, seus personagens e seus modos, numa linhagem Antônio Maria ou João do Rio, mas muitas vezes também sobre bairros já enjoativos, de tão submersos em clichês, como o tão adorado-odiado Leblon. Seu “olhar de estrangeiro” revela estranhas entranhas da Zona Sul do Rio de Janeiro. O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa. Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE! 

  • Gabarito, Letra D!

    Todos os relatos são preparos para um único propósito: a avaliação do obra do escritor por parte do autor do texto.

    "O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa.

    Espero que este seja apenas o primeiro de uma série." (6° e 7° parágrafos)

  • " O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa.

        Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE! "

    Letra D

  • GABARITO D

    Daria pra acertar lendo o último parágrafo: "Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE!"

  • Basta notar o título do texto "Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho". Sabendo que posfácio é um texto que comumente vem ao final dos livros com o objetivo de avaliar positivamente o autor e a obra para que as pessoas comprem, temos como alternativa correta a letra D.

  • Alternativa correta: letra D - Avaliar positivamente o livro e seu autor.

    • Além do título: "Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho."

    • No último parágrafo fica claro a conclusão a ser tirada sobre texto:

    "  Espero que este seja apenas o primeiro (primeiro livro) de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE!" ➥ demonstra uma avaliação positiva sobre o livro e seu autor.

  • Está no texto:

    "Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho." 4° parágrafo

    "O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa." 6° parágrafo

    Gabarito: D

  • Uma dica pra quem vai fazer prova da IAOCP, diversas questões se prendem muito ao comando da questão e a elementos que margeiam o texto, o título, a referências e afins..

    Então vamos lá..

    Assinale a alternativa que apresenta uma função do texto.

    Nessa questão o título tem uma importância tremenda!! Senão, vejamos:

    Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho.

    O texto, portanto, se ninguém percebeu, é um Posfácio, aqueles trechinhos reservados ao fim do livro para alguém homenagear, trazer lembranças e afins. Desse modo, considerando também as várias críticas positivas ao autor, a função principal do texto é avaliar positivamente o livro e seu autor.

    Ademais, nunca vi críticas negativas em posfácios... haha

  • Assinale a alternativa que apresenta uma função do texto.

    A) Ressaltar o aspecto egoico e hermético dos textos de Dinho.

    É evidenciado que este ultrapassa tais características citadas.

    “Com uma voz e um estilo absolutamente singulares, Dinho flerta com a narrativa do fluxo do pensamento, o que poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos.”

    B) Destacar que Rafael Dragaud foi um bom conselheiro.

    O foco em destaque é muito mais no autor o qual foi aconselhado por Rafael do que no próprio Rafael.

    “Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afeto-intelectual dele do que sobre alguma qualidade do eu conselho”.

    C) Exemplificar a importância de “não pirar” diante de uma situação estressante.

    Não é exatamente essa a ideia; Rafael destaca que o texto fala muito mais da característica de esponja afeto-intelectual do autor do que qualquer qualidade do conselho dado por ele.

    “Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afeto-intelectual dele (...)”

    D) Avaliar positivamente o livro e seu autor.

    "Posfácio" é usado para descrever um texto colocado no final do livro.

    O objetivo é avaliar positivamente o livro e seu autor.

    “Com uma voz e um estilo absolutamente singulares (...)”

    (...) seus textos conciliam esse jeitão com uma relevância quase política, pois jogam luz sobre partes da cidade que merecem ser mais vistas, mais percebidas, e até mesmo mais problematizadas.”

    E) Relatar a história de amizade entre Dinho e Rafael Dragaud.

    Depreende-se a história de amizade, porém o texto vai além de uma simples história de amizade. O objetivo principal inferido é apresentar um pouco das características do autor e de seu livro.

    Leiam os trechos da letra “D)”.