SóProvas


ID
4849639
Banca
Exército
Órgão
EsFCEx
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Entrega em domicílio


     Não sei quando será, mas não deve demorar. O lugar? Qualquer grande cidade brasileira. Noite. É cedo, mas não se veem carros nas ruas nem gente nas calçadas. Só o que se vê são motociclistas. Suas motocicletas têm caixas atrás, para carregar os pedidos. São entregadores. Motoboys. Teleboys. Eles se cruzam nas ruas vazias, em disparada. Como os carros não saem mais à noite, e os motociclistas não os respeitam mesmo, os faróis semafóricos não funcionam. O amarelo fica piscando a noite inteira, e nos cruzamentos a preferência é dos entregadores mais corajosos. Há várias batidas e pelo menos um morto por noite. Mas o número de motociclistas nas ruas não para de crescer.

   A população não sai mais de casa. Tudo é pedido pelo telefone. Os restaurantes despediram seus garçons e trocaram por motoboys. Telegarçons. Se você quiser um jantar fino à luz de velas, com vários pratos, sobremesa e vinho, existem serviços de entrega para tudo. Um entrega os pratos finos. Outro a sobremesa. Outro os vinhos. Outro a toalha de linho, os talheres e as flores. E já há um de televelas.

    Como as pessoas não saem à noite e ninguém mais vai jantar na casa de ninguém, há uma cooperativa que se prontifica a mandar os próprios teleboys como convidados a jantares finos. A Telenós. Você especifica o tipo de conversa que quer à mesa – mais ou menos intelectual, divertida, política, variada etc. – e na hora marcada chegam os telecomensais, no número e com o traje que você quiser. Eles comem, conversam, elogiam os anfitriões e vão embora ou, por um adicional, limpam a cozinha.

    Os motoboys dominam a noite e desenvolveram uma cultura própria. Têm seu folclore, seus mitos, seus heróis.

    Não sei quando será, mas não deve demorar.


(Luis Fernando Veríssimo [org. Adriana Falcão e Isabel Falcão],

“Entrega em domicílio”. Ironias do tempo, 2018. Adaptado)

Atende à norma-padrão de colocação pronominal o seguinte enunciado:

Alternativas
Comentários
  • B- Não se utiliza pronome para iniciar uma oração.

    C- Mesóclise somente com futuro do indicativo (do presente e do pretérito)

    D- Nunca depois de particípio

    E- Pronome indefinido é atração forte, portanto é um caso de próclise

  • a) Quando se deseja um jantar com convidados, pode-se optar pelos teleboys, com os quais se conversará à exaustão.

    Correta, perceba que o Quando é um advérbio e advérbios eles são palavras atrativas

    b) Se cruzam os motociclistas, em disparada, pelas ruas e, como não respeitam os semáforos, fatalmente colidem-se.

    Errada, perceba que o Se inicia a frase isso não pode ocorre pois não podemos ter pronomes iniciando frases

    c) Dir-se-á que agora as ruas são dos motociclistas, que movimentam-se livres por elas, sem a presença dos carros.

    Errada, como a Debóra falou só usamos mesóclise no futuro; agora caso passasse despercebido isso você poderia também eliminar quando ele fala " que movimentam-se livres..." Perceba que esse "que" ele é um pronome relativo e pronomes relativos eles são palavras atrativa

    d) Tendo transformado-se o perfil da população, viu-se ganhar espaço o profissional chamado de telegarçon.

    Errada, Não usamos após uma particípio( ado, ido...)

    e) Quem decidir-se por um jantar fino à luz de velas, encontrará-o em restaurantes que lhe oferecem telegarçons.

    Errada, o pronome indefinido Quem atrai o pronome pra perto dele

  • O futuro do presente do indicativo do verbo dizer é:" Dirá".

    Então, está correta correta a colocação nesta parte da frase: "Dir-se-á que agora as ruas são dos motociclistas...."

    Porém, o trecho "que movimentam-se livres..." está incorreto, vez que o pronome relativo "que" atrai o pronome obliquo.