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ID
4881541
Banca
BIO-RIO
Órgão
Prefeitura de Mangaratiba - RJ
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O FUTURO DA GENÉTICA
O debate social sobre o sentido e o valor da engenharia genética segue um padrão facilmente apreensível. Os críticos usualmente recorrem a formulações éticas de nosso passado cultural para recomendar interdições e/ou cuidados. Uma fórmula é a hybris. Assim como os gregos propunham que haveria castigo divino para os humanos orgulhosos que queriam e podiam muito, que procuravam assemelhar-se aos deuses, algumas críticas da engenharia genética prescrevem a não-violação da ordem da natureza e alertam para a nossa extinção se continuarmos a cometer excessos. Esse gênero de crítica está em concordância com o conto milenar do aprendiz de feiticeiro, incapaz de controlar suas experiências. Uma outra aproximação crítica é feita entre o horror da eugenia moderna, que culmina no nazismo, e a tendência, apresentada em livros e filmes, para a fabricação do homem perfeito.
Os defensores da engenharia genética tampouco são inovadores. Ora reiteram que o conhecimento está acima de tudo, ora que implicará em diversos progressos terapêuticos. No anúncio de resultados preliminares, políticos e médicos frisaram que o mapeamento do genoma humano seria o maior feito da humanidade e que erradicaria, num futuro próximo, uma série de doenças.
O modo de desdobramento do debate está marcado por uma ausência decisiva: a singularidade desse modo de conhecimento. O genoma não é a descrição de um produto acabado; parece-se com um programa, com uma receita para construir, processo que é afetado pelas circunstâncias de desenvolvimento dos indivíduos. Quando se diz que um gene é para alguma coisa, o que se descobre usualmente é que a presença de uma diferença na sequência genética determina ou favorece a aparição de alguma doença ou desvio. Por fim, raros são os casos em que um erro de sequência determina singularmente o advento de uma doença. Como associam as diferenças de sequência a estatísticas sobre a aparição de doenças em uma população, a grande maioria dos diagnósticos genéticos é e será probabilística e multicausal. A medicina descobrirá propensões acrescidas de contrair certas doenças associadas a sequências genéticas singulares, propensões que se concretizam ou não, dependendo dos hábitos de vida.
O que estamos experimentando é uma transformação tecnológica do estatuto do corpo. De início, trata-se de uma transformação ontológica: o corpo e todos os seres vivos tornam-se informação codificada. A quebra do código é o que permite a manipulação do modo de ser de todos os seres vivos. A vida como programa implica um corpo transformável, mas não só pela intervenção tecnológica. O corpo torna-se, ao mesmo tempo, um conjunto de possibilidades cuja atualização depende dos cuidados que o indivíduo estabelece consigo mesmo. […]
Atentar a esta relação entre corpo e futuro permite recolocar o debate sobre o sentido e valor da engenharia genética. Precisa-se questioná-la no lugar mesmo em que nossa adesão é mais facilmente conquistada: a saúde. O conhecimento do genoma humano, mais do que permitir avanços na saúde, transforma a relação que estabelecemos com nosso corpo e com nosso futuro. Transforma, pois, o modo com que os indivíduos se propõem a cuidar de si mesmos.

VAZ, Paulo. “O futuro da genética” In: Nas fronteiras do contemporâneo: território, identidade, arte, moda, corpo e mídia. Org.: Nízia Villaça, Fred Góes. Rio de Janeiro: Mauad: FUJB, 2001

Em “Transforma, pois, o modo com que os indivíduos se propõem a cuidar de si mesmos”, a conjunção presente neste período tem valor semântico de

Alternativas
Comentários
  • D

    Pois entre vírgulas

  • A questão é sobre conjunções e quer saber qual o valor semântico da conjunção "pois" em “Transforma, pois, o modo com que os indivíduos se propõem a cuidar de si mesmos”. Vejamos:

     .

    Conjunções coordenativas são as que ligam termos ou orações de mesmo valor. As conjunções coordenativas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

    Conjunções subordinativas são as que tornam orações dependentes, isto é, subordinam uma oração à outra. Com exceção das conjunções integrantes (que introduzem orações substantivas), essas conjunções introduzem orações adverbiais e exprimem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição, conformidade, consequência, fim, tempo e proporção).

     .

    A) adição.

    Errado.

    Conjunções coordenativas aditivas: têm valor semântico de adição, soma, acréscimo...

    São elas: e, nem (e não), não só... mas também, mas ainda, como também, ademais, além disso, outrossim...

    Ex.: Estudaram muito e passaram no concurso.

     .

    B) finalidade.

    Errado.

    Conjunções subordinativas finais: têm valor semântico de finalidade, objetivo, intenção, intuito...

    São elas: a fim de que, para que, que e porque (= para que)

    Ex.: Fazemos tudo, a fim de que você passe nas provas.

     .

    C) explicação.

    Errado.

    Conjunções coordenativas explicativas: têm valor semântico de explicação, justificativa, motivo, razão...

    São elas: porque, pois (antes do verbo), porquanto, que...

    Ex.: Vamos indo, porque já é tarde.

     .

    D) conclusão.

    Certo. "Pois" depois do verbo (transformar) é um a conjunção coordenativa conclusiva e deve vir entre vírgulas.

    Conjunções coordenativas conclusivas: têm valor semântico de conclusão, fechamento, finalização...

    São elas: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (depois do verbo), então, assim, destarte, dessarte...

    Ex.: Estudamos muito, portanto passaremos no concurso.

     .

    E) oposição.

    Errado.

    Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva...

    São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas.

     .

    Gabarito: Letra D

  • PDVC - Pois Depois do Verbo é Conclusão

    PAVE - Pois Antes do Verbo é Explicação

  • Correta, D

    Pois ANTES do Verbo é Explicação.

    Pois DEPOIS do Verbo é Conclusão.

    Transforma (verbo), pois, o modo com que os indivíduos(...) 

    Ademais, via de regra, o "POIS" conclusivo aparece entre virgulas.

  • gab b conclusão.

    A conjunção "pois" originalmente faz parte da família das explicativas e causais. Mas eventualmente pode ser conclusiva. Seguem Modelos:

    Modo 1."pois" como subordinada adverbial causal.

    Rio transbordou pois choveu. (A segunda é causa da primeira)

    modo 2 "pois como coordenada explicativa.

    Joao faltou, pois sua mesa esta vaga. (aqui a segunda não é causa da primeira. É uma explicação) Coordenada explicativa. Repare que tem vírgula aqui, como todas coordenadas.Diferentemente do modo 1. (subordinada, em que só teria vírgula se fosse invertida ordem)

    E agora o "modo 3"

    conclusiva! Aqui o "pois" vem depois do verbo da última oração. Sempre estará entre vírgula. (precisa estar entre vírgula) E podemos substituir pelo "portanto"

    O sol chegou, partiremos, pois, para a praia.

    substituindo por "portanto"

    O sol chegou, partiremos, portanto, para praia.