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ID
4893919
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Santa Luzia - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Quantos amigos seus estão na cracolândia?
                       
                                               Antônio Prata

    Carl Hart é psicólogo, psiquiatra e foi o primeiro negro a alcançar o posto de professor titular de neurociências na Universidade de Columbia, em Nova York. Em 2015, Hart veio ao Brasil divulgar seus estudos sobre drogas e vício. Numa entrevista ao Drauzio Varella, falou sobre sua pesquisa com ratos e macacos, em laboratório. Quando se coloca um animal sozinho numa jaula, capaz de acionar uma alavanca e receber uma dose de cocaína ou meta-anfetamina na veia, o bicho acionará a alavanca até morrer. Quando, porém, há mais estímulos na jaula, além da alavanca, como um outro animal sexualmente ativo, uma rodinha (no caso dos ratos) ou doces, as cobaias sobrevivem.
    Extrapolando seus insights para humanos, o que Hart prega é que não adianta combater o vício sem apresentar alternativas à droga. A cracolândia, ele insistiu em entrevistas e palestras, por aqui, não pode ser pensada pela perspectiva do vício sem ser pensada antes pela perspectiva da miséria.
    Imagine que você é um mendigo viciado em crack. Seus pertences são uma calça esfarrapada, uma camiseta imunda, um par de Havaianas, um isqueiro. Você se lembra vagamente de ter tido metade de um pente, num passado não muito distante, mas não sabe onde foi parar. Sua existência se resume a pedir dinheiro no farol e a fumar crack. Nos minutos que duram a viagem, você se esquece de tudo. O resto do tempo é o inferno.
    Um belo dia você decide parar com o crack. Você luta, faz um esforço sobre-humano e depois de meses está curado. Você deita sob uma marquise na rua Helvétia, apoia a cabeça num paralelepípedo, dá um gole numa poça d'água e pensa: agora eu sou um mendigo saudável! Pensa no futuro. Posso arrumar um trapo para limpar os vidros dos carros, no farol. Quem sabe, vender Suflair? Se me esforçar bastante, consigo um carrinho e um cachorro, virarei catador. Talvez você seja uma pessoa mais solar do que eu, mas devo admitir que, se estivesse naquela situação, escolheria o crack. Ficaria na minha jaula acionando a alavanca até morrer. 
    É verdade que muitas das pessoas que estão na cracolândia chegaram à mendicância por causa da droga, mas não vieram de muito longe. A maioria, segundo censo da prefeitura, não completou o ensino fundamental. São pobres, negros e pardos. Quando aparece alguém de fora desse estrato é um espanto, como foi a suspeita de que o irmão da Suzane Richthofen era viciado. Claro que parte da comoção com a notícia tem a ver com a tragédia daquele garoto. Mas uma parte do susto é: meu Deus, um loiro na cracolândia! Um descendente de alemães! Que estudou em escola particular!
    Quantas pessoas do seu círculo consomem álcool regularmente? E maconha? Aposto que você conhece pessoas profissionalmente ativas e bem-sucedidas que consomem cocaína. E crack? Quantos viciados em crack há na sua família, na sua turma de escola, dormindo no chão, na praça Princesa Isabel? Princesa Isabel, veja só. 
    Em 2015, Carl Hart, negro, com dreads, foi barrado na entrada de um hotel, em São Paulo. Questionado a respeito, disse não entender por que as pessoas estavam tão chocadas por ele ter sido barrado no hotel, mas não se chocavam com o fato de não haver um só negro no público de suas palestras.
    Infelizmente, entre nós, o choque mais comum diante da desigualdade é a tropa.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2017/06/1890076-quantos-amigosseus-estao-na-cracolandia.shtml Acesso em: 30 set. 2017.    
    
    

Todas as extrapolações abaixo podem ser feitas com base no texto, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • Primeiramente temos que ver o que é extrapolação:“ir além”, ultrapassar os limites, exceder

    Ao afirmar que infelizmente, entre nós, o choque mais comum diante da desigualdade é a tropa, o locutor se refere à tropa de choque da polícia.CORRETO.

    Ao citar o caso do irmão de Suzane Richthofen, o locutor demonstra seu desprezo pela situação em que o rapaz se envolveu.ERRADO( NÃO É UMA SENSAÇÃO DE DESPREZO MAS INCOMPREENSÃO)

    Ao constatar que o resto do tempo em que o mendigo está sem o crack é um inferno, o locutor deixa claro como é difícil a vida de quem vive nas ruas.CORRETO( O CRACK É UMA FUGA , MEIO DE ANESTESIAR O SOFRIMENTO)

    Ao mencionar a pesquisa do psicólogo Hart, o locutor teve o objetivo de demonstrar como as situações se equivalem e deveriam servir de exemplo.CORRETO.

    ENTÃO ALTERNATIVA: C

  • tropa de choque da policia???????

  • sinceramente tropa de choque, dificil viu FUMARC

  • KKKKKKK pra acabar mesmo, até nas questões colocam o erro nas costas da polícia.