SóProvas


ID
5030839
Banca
Alternative Concursos
Órgão
Prefeitura de Esperança do Sul - RS
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto com atenção:

EMERGÊNCIA

    É fácil identificar o passageiro de primeira viagem. É o que já entra no avião desconfiado. O cumprimento da aeromoça, na porta do avião, já é um desafio para a sua compreensão.
    – Bom dia...
    – Como assim?
    Ele faz questão de sentar num banco de corredor, perto da porta. Para ser o primeiro a sair no caso de alguma coisa dar errado. Tem dificuldade com o cinto de segurança. Não consegue atá-lo. Confidencia para o passageiro ao seu lado:
     – Não encontro o buraquinho. Não tem buraquinho?
    Acaba esquecendo a fivela e dando um nó no cinto.
    Comenta, com um falso riso descontraído: “Até aqui, tudo bem”. O passageiro ao lado explica que o avião ainda está parado, mas ele não ouve. A aeromoça vem lhe oferecer um jornal, mas ele recusa.
     – Obrigado. Não bebo.
    Quando o avião começa a correr pela pista antes de levantar voo, ele é aquele com os olhos arregalados e a expressão de Santa Mãe do Céu! No rosto. Com o avião no ar, dá uma espiada pela janela e se arrepende. É a última espiada que dará pela janela.
    Mas o pior está por vir. De repente ele ouve uma misteriosa voz descarnada. Olha para todos os lados para descobrir de onde sai a voz.
    “Senhores passageiros, sua atenção, por favor. A seguir, nosso pessoal de bordo fará uma demonstração de rotina do sistema de segurança deste aparelho. Há saídas de emergência na frente, nos dois lados e atrás.”
    – Emergência? Que emergência? Quando eu comprei a passagem ninguém falou nada em emergência. Olha, o meu é sem emergência.
    Uma das aeromoças, de pé ao seu lado, tenta acalmá-lo.
    – Isto é apenas rotina, cavalheiro.
    – Odeio a rotina. Aposto que você diz isso para todos. Ai meu santo.
    “No caso de despressurização da cabina, máscaras de oxigênio cairão automaticamente de seus compartimentos.”
    – Que história é essa? Que despressurização? Que cabina?
    “Puxe a máscara em sua direção. Isso acionará o suprimento de oxigênio. Coloque a máscara sobre o rosto e respire normalmente.”
     – Respirar normalmente?! A cabina despressurizada, máscaras de oxigênio caindo sobre nossas cabeças – e ele quer que a gente respire normalmente?! “Em caso de pouso forçado na água...”
    – O quê?!
     “... os assentos de suas cadeiras são flutuantes e podem ser levados para fora do aparelho e...”
    – Essa não! Bancos flutuantes, não! Tudo, menos bancos flutuantes!
    – Calma, cavalheiro.
    – Eu desisto! Parem este troço que eu vou descer. Onde é a cordinha? Parem!
    – Cavalheiro, por favor. Fique calmo.
   – Eu estou calmo. Calmíssimo. Você é que está nervosa e, não sei por quê, está tentando arrancar as minhas mãos do pescoço deste cavalheiro ao meu lado. Que, aliás, também parece consternado e levemente azul.
    – Calma! Isso. Pronto. Fique tranquilo. Não vai acontecer nada.
    – Só não quero mais ouvir falar de banco flutuante.
   – Certo. Ninguém mais vai falar em banco flutuante.
    Ele se vira para o passageiro ao lado, que tenta desesperadamente recuperar a respiração, e pede desculpas. Perdeu a cabeça.
    – É que banco flutuante foi demais. Imagine só. Todo mundo flutuando sentado. Fazendo sala no meio do Oceano Atlântico!
     A aeromoça diz que lhe vai trazer um calmante e aí mesmo é que ele dá um pulo:
    – Calmante, por quê? O que é que está acontecendo? Vocês estão me escondendo alguma coisa!
    Finalmente, a muito custo, conseguem acalmá-lo. Ele fica rígido na cadeira. Recusa tudo que lhe é oferecido. Não quer o almoço. Pergunta se pode receber a sua comida em dinheiro. Deixa cair a cabeça para trás e tenta dormir. Mas, a cada sacudida do avião, abre os olhos e fica cuidando da portinha do compartimento sobre sua cabeça, de onde, a qualquer momento, pode pular uma máscara de oxigênio e matá-lo do coração.
    De repente, outra voz. Desta vez é a do comandante.
     – Senhores passageiros, aqui fala o comandante Araújo. Neste momento, à nossa direita, podemos ver a cidade de...
    Ele pula outra vez da cadeira e grita para a cabina do piloto:
    – Olha para a frente, Araújo! Olha para a frente!

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Mais comédias para ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2009.

Com base no texto lido responda a questão:

Pode-se inferir que o passageiro se trata de um homem:

Alternativas
Comentários
  • = Medroso

  • gaba PRELIMINAR B

    Pra mim não deixa de ser afoito que diante da ausência de conhecimento se afoita durante o voo. Mas a banca deu como correto PUSILÂNIME...

    sig.

     pusilanimidade, fraqueza moral; covarde, medroso, fraco.

    pertencelemos!

  • Assertiva b

    pusilânime = medroso.

    Vunesp. 100% rs

  • essa fiz por eliminação
  • afoito

    adjetivo

    1. 1.
    2. que tem coragem, ousadia; destemido.
    3. 2.
    4. que tem muita pressa, que se precipita; ansioso.
  • aqui no Ceará "afoite" caberia como gabarito kkk

  • GABARITO B

    Eu inferi que o comportamento do passageiro era de uma pessoa ansiosa, precipitada nas suas ações, isto é, afoita. Contudo, a banca deu como gabarito o verbete pusilânime (confesso que eu nunca tinha ouvido essa palavra...rs), só nos resta aprender os significados de cada uma.

    AFOITO

    adjetivo

    Que possui coragem; que age de modo destemido; ousado.

    Que é muito corajoso; valentão.

    Que está com muita pressa; que age de maneira precipitada; ansioso.

    PUSILÂNIME

    adjetivo, substantivo masculino e feminino

    Característica de algo ou alguém que demonstra pusilanimidade; que possui vulnerabilidade moral ou revela covardia: comportamento pusilânime.

    Que deixa transparecer essa característica: procedimento pusilânime.

    Destituído de coragem; que revela ou contém covardia: fraco, covarde.

    ARRUACEIRO

    adjetivo

    Que causar ou tende a fazer arruaça; que faz parte de arruaça(s); arruador.

    Que participa ou gosta de participar de brigas de rua; que é valente em brigas de rua.

    TACITURNO

    adjetivo

    Característica de quem fala pouco; calado: aluno taciturno.

    Que é fúnebre ou que relembra pensamentos sobre a morte.

    Que não tem um bom humor; que expressa aborrecimento; aborrecido.

    FALACIOSO

    adjetivo

    Que busca enganar, agindo de modo ardiloso; enganoso.

    Que induz em erro, fazendo com que alguém acredite em algo falso ou mentiroso: discursava com argumentos falaciosos.

    Em que há falácia, falsidade: elogio falacioso.

  • errei por não saber o significado da palavra PUSILÂNIME.

  • Grande maioria foi na letra ''A'' mostra a estatística.