Esta questão exige conhecimentos
sobre o Desenvolvimento da Leitura e da
Escrita.
RESOLVENDO
A QUESTÃO:
A fundamentação desta questão encontra-se
no pensamento da professora Emília Ferreiro. Analisemos cada uma das
alternativas.
A) no desenvolvimento da leitura e
da escrita, há uma construção de princípios organizadores que são derivados
unicamente da experiência externa.
Errada! Para Ferreiro, no
desenvolvimento da leitura e escrita, considerado como um processo cognitivo,
há uma construção efetiva de princípios organizadores que, não apenas não podem ser derivados somente da
experiência externa, como também são contrários a ela; são contrários,
inclusive, ao ensino escolar sistemático e às informações não sistemáticas.
B) o modo correto de se considerar a
escrita infantil consiste em atentar apenas aos aspectos gráficos das
produções, como a qualidade do traço e a distribuição espacial.
Errada! A escrita infantil
não se limita aos aspectos gráficos. Na verdade, deve-se considerar os aspectos
gráficos e os construtivos. Os aspectos
gráficos têm a ver com a qualidade do traço, a distribuição espacial das
formas, a orientação predominante (da esquerda para a direita, de cima para
baixo), a orientação dos caracteres individuais (inversões, rotações etc.). Os aspectos construtivos têm a ver com o
que se quis representar e os meios utilizados para criar diferenciações entre
as representações.
C) no nível alfabético, para as
crianças, escrever significa reproduzir os traços típicos da escrita;
nessa fase, elas tentam reproduzir a maneira de escrever com que estão
acostumadas em seu dia a dia.
Errada! Para Ferreiro, o
nível alfabético é o produto do esforço coletivo para representar o que se quer
simbolizar, isto é, a linguagem. Dessa feita, não se limita a reproduzir os traços
típicos da escrita ou mesmo uma maneira específica de escrever.
D) a escrita silábica é o resultado
de um dos esquemas mais importantes e complexos que se constroem durante o
desenvolvimento da leitura e da escrita.
Certa! A escrita Silábica é o resultado de um dos esquemas mais
importantes e complexos que se constrói durante o desenvolvimento da leitura e
escrita. Esse esquema permite a criança relacionar pela primeira vez a escrita
à pauta sonora da palavra: uma letra para cada sílaba, tantas letras quantas
sílabas.
E) no nível pré-silábico, marcado
pela transição entre a hipótese silábica e a alfabética, a criança começa a
perceber que precisa fazer uma análise que vá além da sílaba.
Errada! No nível
pré-silábico, a criança ainda não compreendeu que existem letras para escrever,
esta é a fase inicial. No nível silábico, a criança atribui uma letra a cada
sílaba; no nível alfabético, a criança escreve como se fala e começa a
preocupar-se com erros ortográficos. Na verdade, o nível intermediário, entre o
silábico e o alfabético, é o silábico-alfabético,
no qual a criança começa a utilizar algumas sílabas inteiras.
GABARITO DO PROFESSOR: ALTERNATIVA D
Conforme Ferreiro, a escrita das crianças segue uma linha de evolução na qual podemos considerar três grandes períodos, esclarecendo que o interior de cada um deles comporta subdivisões. São eles: Nível pré-silábico (distinção entre desenho e escrita), Nível silábico (construção de formas de diferenciação das escritas, ou seja, quantas letras, quais as letras e como devem ser organizadas para que possam dizer algo), Nível silábico alfabético e alfabético (fonetização da escrita. Tem início quando a criança percebe que existe uma relação entre o que se fala e o que se escreve).
- Nível pré-silábico
Neste nível, a criança busca uma diferenciação entre as escritas, sem preocupação com suas propriedades sonoras. Usa critérios quantitativos (varia a quantidade de "letras" de uma escrita para outra para obter escritas diferentes) e usa critérios qualitativos (varia o repertório das letras ou a posição das mesmas sem alterar a quantidade).
- Nível silábico
À medida que a criança vai se desenvolvendo e tendo maior contato com a palavra escrita, através da observação de como o adulto lê e escreve, ela entra em conflito com a hipótese anterior (relação do tamanho da palavra com o objeto), conseguindo perceber que a palavra escrita está relacionada com os aspectos sonoros da fala. Começa a separar oralmente as palavras e procura uma correspondência na grafia. A cada sílaba ela atribui uma letra. Pode servir qualquer letra ou existir uma associação do som à letra convencional. A escrita silábica é uma grande conquista da criança e não é transmitida pelo adulto. Nasce da busca de explicações sobre o sistema de representação. A hipótese anterior não explica mais a realidade, então a criança busca novas maneiras de explicá-las: a escrita representa o desenho sonoro do objeto.
- Nível alfabético
Neste nível a criança estabelece correspondência entre fonema e grafema. Ela compreende que a sílaba pode ter uma, duas ou três letras. A princípio, tem dificuldade na separação das palavras quando escreve um texto. A partir desses pressupostos temos a alfabetização como um processo vivo e dinâmico de participação e criação da própria criança. Ela parte da experiência significativa que se transformará em expressão pessoal. A criança aprenderá a ler e a escrever de maneira natural e criativa. Então, o ato de escrever se transforma numa aventura que vale a pena ser vivida.