SóProvas


ID
5118853
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Guarulhos - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Imposturas intelectuais: algumas reflexões

    A história é conhecida, mas convém relembrá-la. Em 1996, um professor de Física da Universidade de Nova York, Alan Sokal, publicou, na revista de estudos culturais Social Text, um artigo com o suspeito título “Transgredindo as fronteiras: em direção a uma hermenêutica transformativa da gravitação quântica”. Social Text é uma revista simpática ao ideário pós-moderno, o que significa dizer que, para ela, alguns dos pressupostos mais basilares das ciências naturais, como a existência de uma realidade independente e a possibilidade de se obterem verdades objetivas a seu respeito, não passam de instrumentos ideológicos a serviço de interesses mais ou menos escusos.

    O artigo de Sokal acenava na direção de uma nascente ciência pós-moderna livre dos conceitos de verdade e realidade objetivas e a serviço de fins e interesses progressistas. Na busca afoita desses objetivos, o autor desse artigo supostamente sério massacra a ciência e o bom senso todas as vezes que pode, colocando em pé de igualdade teorias científicas e pseudocientíficas. Sokal temperou esse caldo indigesto de modo a torná-lo apetecível ao gosto pós-moderno com uma quantidade enorme de citações e referências bibliográficas – sempre verídicas –, cuja função precípua era substituir o argumento e a lógica pela força da autoridade, além do uso frequente de termos “pós-modernos”, como complexidade, não-linearidade, não-localidade, descontinuidade e tais.

    Social Text aceitou o artigo e publicou-o. Ato contínuo, Sokal escreveu outro artigo revelando que tudo não passara de uma paródia escrita com a finalidade de desmascarar absurdos pós-modernistas que passam por reflexão séria. Pega com as calças nas mãos, a Social Text decidiu não publicar esse segundo artigo. Mas a confissão da farsa foi publicada, ainda em 1996, em outras revistas. No ano seguinte, em associação com o professor de Física Teórica da Universidade de Louvain, Jean Bricmont, Sokal publica na França o livro Impostures Intellectuelles (Imposturas Intelectuais), em que a paródia de “Transgredindo as fronteiras” adquire os contornos de uma crítica articulada às claras. E, principalmente, dão-se nomes aos bois, todos gordos bois franceses.
    A reação dos criticados e seus seguidores (inclusive no Brasil) foi irada. Sokal e Bricmont foram acusados de tudo o que há de mau e pior. Mas quem quer que leia com atenção e sem partido o seu livro há de reconhecer que os autores são extremamente cautelosos com suas críticas, sempre muito bem focadas e substanciadas, evitando generalizações indevidas e extrapolações indesejadas.

(Jairo José da Silva. Natureza Humana. http://pepsic.bvsalud.org. Adaptado) 

Considere o sentido veiculado pelas expressões em destaque nos trechos a seguir:

•  ... não passam de instrumentos ideológicos a serviço de interesses mais ou menos escusos. (1° parágrafo)

•  ... cuja função precípua era substituir o argumento e a lógica pela força da autoridade... (2° parágrafo)

•  ... dão-se nomes aos bois, todos gordos bois franceses. (3° parágrafo)

Nos contextos em que são empregadas, as expressões destacadas podem ser, respectivamente, substituídas por

Alternativas
Comentários
  • Assertiva D

    suspeitosos ... essencial ... renomados intelectuais

     escusos. = suspeitosos

    1. ... não passam de instrumentos ideológicos a serviço de interesses mais ou menos escusos. (1° parágrafo)
    2. • ... cuja função precípua era substituir o argumento e a lógica pela força da autoridade... (2° parágrafo)
    3. • ... dão-se nomes aos bois, todos gordos bois franceses. (3° parágrafo)
  • Gabarito D

    Escuso: Encoberto; suspeito, suspeitoso; desculpado, perdoado, relevado; isento, desobrigado, livre; desonesto, duvidoso, escondido, oculto, recôndito.

    Obsoleto: Antiquado, antigo, ultrapassado, desatualizado, arcaico, retrógrado, atrasado, velho, passado, pretérito, primitivo, superado, defasado, envelhecido, desusado, anacrônico, antediluviano, quadrado, careta, conservador, fóssil, ferrugento, morto, rançoso, rococó, cediço.

    Recôndito: Esconderijo, esconso; íntimo, âmago; escondido; incógnito; abstruso, desconhecido, encoberto, escuso, ignorado, interior, misterioso, oculto, profundo, recanto, recesso, retirado, solama, solapado, segredo.

    Patentes: Que estão visíveis: expostos, abertos, evidentes, visíveis, descobertos, manifestos, notórios, expressos, aparentes, escancarados, ostensivos.

    Suspeitosos: Suspeitos; receosos, desconfiados, cabreiros; duvidosos, equívocos, escusos, intrigados, misteriosos.

    Ilícito: Ilegítimo, interdito, defeso, ilegal, inconcesso, intolerado, proibido, vetado.

  • Gabarito D

    Precípua: Que é essencial: básica, substancial, capital, essencial, fundamental, imprescindível, indispensável, vital, elementar, principal, primordial, mestra, relevante, crucial, medular, fulcral, primacial, primeira, primária.

    Aparente: Que é visível: visível, evidente, claro, exterior, manifesto, ostensível, ostensivo, palpável; que parece real mas não é: falso, afetado, dissimulado, fictício, fingido, ilusório, imaginário, irreal, mentiroso, simulado, suposto; que é quase certo: admissível, plausível, possível, provável, verossímil; que é quase igual: aparentado, análogo, aproximado, parecido, próximo, semelhante, similar.

    Inicial: Que está no início: inaugural, incipiente, iniciativo, introdutivo, introdutório, nascente, preambular, preliminar, primeiro, principiante, vestibular; que está na origem: exordial, primordial, original, originário, primevo, primitivo.

    Principal: Aquilo que é fundamental: fundamental, básico, essencial, indispensável, imprescindível, relevante, central, primordial, primeiro, primário, elementar, substancial, vital, crucial, preponderante, predominante, dominante, hegemônico, prevalecente, cardeal, cardinal, primacial, precípuo, necessário, determinante, decisivo, medular, basilar; Aquele que é importante: importante, grande, distinto, notável, eminente, ilustre, preeminente, saliente, influente, prestigiado, prestigioso, respeitável, nobre, rico.

    Essencial: Aquilo que é fundamental: fundamental, básico, primordial, principal, capital, crucial, basilar, substancial, vital, elementar, tudo, mestre, medular, primeiro, precípuo, importante, relevante; aquilo que é indispensável: indispensável, imprescindível, insubstituível, básico, necessário, obrigatório, forçoso, inevitável, impreterível, indeclinável, preciso, imperioso, vital, útil, mister, reclamado, requerido; aquilo que é inerente: inerente, intrínseco, específico, próprio, característico, peculiar, pertencente, imanente, inato, conato, conatural, congênito.

    Previsível: Que se pode esperar ou prever: calculável, presumível, esperável, depreensível, imaginável, prognosticável, conjecturável, pressentível, prenunciável.

  • tô sem entender até agora os "gordos bois franceses"...

  • To até agora sem entender nada sobre esses gordos bois franceses... De quem diabos o cara ta falando???

  • Pra acertar isso só se Deus pega na mão e marca a questão.
  • ACHO QUE A REFERENCIA AOS BOIS GORDOS VEM DAQUI...

    O artigo de Sokal acenava na direção de uma nascente ciência pós-moderna livre dos conceitos de verdade e realidade objetivas e a serviço de fins e interesses progressistas. Na busca afoita desses objetivos, o autor desse artigo supostamente sério massacra a ciência e o bom senso todas as vezes que pode, colocando em pé de igualdade teorias científicas e pseudocientíficas. Sokal temperou esse caldo indigesto de modo a torná-lo apetecível ao gosto pós-moderno com uma quantidade enorme de citações e referências bibliográficas – sempre verídicas –, cuja função precípua era substituir o argumento e a lógica pela força da autoridade

    referencias e bibliografias = de pessoas renomadas, autoridades

  • Que texto horrível, se o texto que critica é ruim, imagina o texto criticado...