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ID
5140990
Banca
IPEFAE
Órgão
Prefeitura de Águas da Prata - SP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Direito Administrativo
Assuntos

A Administração Pública contratou a empresa Crisântemo Construções Ltda para a construção de um hospital situado na cidade de Massachussets do Sul, no contrato está previsto que o cimento deve ser da marca Cimento&Bloco. No início da obra o valor do cimento custava 10 dólares para exportação, mas no meio da execução, o dólar foi altamente desvalorizado e agora ficou muito mais custoso para a empresa Crisântemo Construções a compra do cimento. Neste caso, a lei 8.666/93 permite que a empresa peça revisão contratual, mas dá um nome específico ao ocorrido. Assinale abaixo a opção correta:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    Fato do príncipe: é todo acontecimento externo ao contrato e de natureza geral (abrange toda a coletividade) provocado pela entidade contratante, “sob titulação jurídica diversa da contratual”. Exemplos: criação de benefício tarifário não previsto, aumento de tributo promovido pela entidade contratante. Se a majoração de tributo for realizada por outra esfera federativa, aplica​-se a teoria da imprevisão, e não o fato do príncipe;

    FONTE: Manual de Direito Administrativo (2019) - Alexandre Mazza. 

  • E pode preferência de marca?
  • Achei essa questão mal elaborada.

    Não vejo como Fato do Príncipe, uma vez que esse é Ato Geral praticado pelo Estado (não como parte) e que onera indiretamente o contrato.

    O dólar foi altamente desvalorizado e agora ficou muito mais custoso... é fato do príncipe??????????

  • Não consigo compreender como a "desvalorização do dólar" pode encarecer o contrato. Se estivesse escrito desvalorização do real, tudo bem. Para ser fato do príncipe, deveria estar na questão que a desvalorização do real perante o dólar foi um ato praticado pela administração de forma intencional, intervenção no câmbio. Desta forma teríamos um fato geral, atingindo o contrato. Como está, não faz sentido, o máximo poderia ser caso fortuito, pela surpresa.

  • Essa questão se superou pela proporção tamanho do enunciado e quantidade de erros. Vamos lá:

    1º - A Lei 8.666 preceitua nos seus arts. 7 §5 "É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório" , bem como "art. 15 § 7 Nas compras deverão ser observadas, ainda: I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca." Portanto a previsão da marca Cimento&Bloco fere os dispositivos legais e princípios licitatórios como o da legalidade, igualdade e impessoalidade.

    2º - Acredito que o examinador trocou exportação por importação. Não tem lógica a empresa exportar o cimento e depois ter a necessidade comprar. E outra, o dólar desvalorizando a compra ficará menos onerosa e não o contrário.

    3º - Apesar do nome "Massachussets do Sul " o que um município brasileiro tem haver na cotação do dólar? Segundo Rezende, Fato do príncipe é o fato extracontratual praticado pela Administração que repercute no contrato administrativo. Trata-se de um fato genérico e extracontratual, mas não qualquer fato, pois ele deve ser imputável à Administração Pública, que acarreta o aumento dos custos do contrato administrativo.

  • A desvalorização expressiva da moeda constitui um fato administrativo externo ao contrato, mas que gera impacto em sua execução, porquanto torna consideravelmente mais dispendiosa a obrigação a que se vinculou o particular contratado.

    Estabelecida a premissa, portanto, de que se cuida de medida externa ao ajuste, mas que sobre ele recai, ocasionando a necessidade de sua revisão, em ordem a que se restabeleça o equilíbrio da equação econômico-financeira, está-se diante do denominado fato do príncipe.

    Nesse sentido, a doutrina de Rafael Oliveira:

    "Fato do príncipe é o fato extracontratual praticado pela Administração que repercute no contrato administrativo (ex.: aumento da alíquota do tributo que incide sobre o objeto contratual). Trata-se de um fato genérico e extracontratual imputável à Administração Pública, que acarreta o aumento dos custos do contrato administrativo (álea extraordinária administrativa)."

    Logo, a única opção correta está na letra C.


    Gabarito do professor: C

    Referências Bibliográficas:

    OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: Método, 2017, p. 504.

  • A única possibilidade de a desvalorização do dólar ser motivo para impactar onerosamente a empresa licitante seria no caso de uma licitação internacional em que a oferta estivesse formulada em dólar, não em real. De todo modo, ainda que verificada a desvalorização do dólar face ao real, é sabido que a mera variação cambial não configura hipótese de revisão contratual, haja vista que é considerada álea ordinária, previsível.

    O enunciado traz a informação de que o dólar foi altamente desvalorizado, o que nos induz a excepicionalizar o entendimento acima, mas falha em não contextualizar melhor a situação por não trazer os motivos que levaram a essa variação.

    No meu entender, questão anulável.

  • Foi ato da administração que provocou a alteração do dólar?

    Que lixo de questão.

  • É cada questãozinha viu...

  • Primeiro que nem pode especificar a marca do cimento. Inexiste um cimento tão bom quanto o outro para que isso ocorra. A diferença é mínima!!!

  • Acrescento uma divergência doutrinária que vez ou outra aparece:

    Maria Sylvia Di Pietro diz que só é fato do príncipe os atos gerais oriundos da mesma esfera de governo em que se celebrou o contrato (União, estados e municípios). Posicionamento seguido por M. Carvalho.

    Por outro lado, a maior parte dos administrativistas considera o fato do príncipe como um ato estatal geral.

    Fonte: Herbert Almeida.

  • Loucura pura essa questão