Leia o trecho a seguir e responda à questão:
Estava em Paris quando, na véspera de partir para
o Brasil, fui, com meu pai, visitar uma exposição de
máquinas no desaparecido “Palácio da Indústria”.
Qual não foi o meu espanto quando vi, pela primeira
vez, um motor à petróleo, da força de um cavalo,
muito compacto, e leve, em comparação aos que eu
conhecia, e... funcionando! Parei diante dele como
que pregado pelo destino. Estava completamente
fascinado. Meu pai, distraído, continuou a andar até
que, depois de alguns passos, dando pela minha
falta, voltou, perguntou-me o que havia. Contei-lhe
a minha admiração de ver funcionar aquele motor, e
ele me respondeu: “por hoje basta”. Aproveitando-me dessas palavras, pedi-lhe licença para fazer
meus estudos em Paris. Continuamos o passeio, e
meu pai, como distraído, não me respondeu. Nessa
mesma noite, no jantar de despedida, reunida a
família, entre nós, dois primos de meu pai, franceses
e seus antigos companheiros de escola, pediu-lhes
ele que me protegessem, pois pretendia fazer-me
voltar a Paris para acabar meus estudos. Nessa
mesma noite corri vários livreiros; comprei todos os
livros que encontrei sobre balões e viagens aéreas.
Trecho extraído da obra “O que vi, o que nós veremos”, de Santos Dumont, 1918.