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ID
5220166
Banca
GS Assessoria e Concursos
Órgão
Prefeitura de União do Oeste - SC
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O texto abaixo servirá de base para responder a questão.


A IDEALIZAÇÃO DO AMOR


(1º§) Eu estava a pensar na forma como se poderá entender o amor, à luz da minha formação. A minha perspectiva depende daquilo que o outro representa, se o outro é um prolongamento nosso, é uma parte nossa, como acontece muitas vezes, ou é uma idealização do eu de que falaria o Freud. No sentido psicanalítico, poder-se-ia dizer que o amor corresponde ao EU IDEAL e, portanto, à procura de qualquer coisa de ideal que nós colocamos através de um mecanismo de identificação projetiva no outro.

(2º§) Portanto, à luz de uma perspectiva científica, como é apesar de tudo a psicanalítica, o problema começa a pôr-se de uma forma um bocado diferente. Nesse sentido e na medida em que o objeto amado é sempre idealizado e nunca é um objetivo real, a gente, de fato, nunca se está a relacionar com pessoas reais, estamos sempre a relacionarmo-nos com pessoas ideias e com fantasmas.

(3º§) A gente vive, de fato, num mundo de fantasmas: os amigos são fantasmas que têm para nós determinada configuração, ou os pais, ou os filhos, etc. Portanto, devemos refletir sobre este fantasmagórico mundo em que vimos. (...)

(4º§) O amor é uma coisa que tem que ver de tal forma com todo um mundo de fantasmas, com todo um mundo irreal, com todo um mundo inventado que nós carregamos conosco desde a infância, que até poderá haver, eventualmente, amor sem objeto. Reflitamos, entendamos, procuremos conviver com os fantasmas que nos cercam na vastidão do mundo.

(5º§) O amor não será, assim, necessariamente, uma luta corpo a corpo, ou uma luta corporal, mas pode ter que ver realmente com outras coisas, uma idealização, um desejo de encontrar qualquer coisa de perdido, nosso, que é normalmente isso que se passa, no amor neurótico, ou mesmo não neurótico. Quer dizer, é a procura de encontrarmos qualquer coisa que a nós nos falta e que tentamos encontrar no outro e nesse caso tem muito mais que ver conosco do que com a outra pessoa. Normalmente, isso passa-se assim e também não vejo que seja mau que, de fato, se passe assim.

(António Lobo Antunes, in Diário Popular - 2019)

Analise as assertivas seguintes:


I. Os fonemas são sons produzidos durante todo o tempo em que se fala, suas unidades sonoras se juntam para formar palavras, até enunciados completos, possibilitando sintonia, interação entre os interlocutores.

II. As letras são desenhos, são unidades gráficas que representam a escrita das palavras articuladas, pronunciadas.

III. Nos versos de Álvares de Azevedo: "Amo-te como o vinho e como o sono, / Tu és meu copo e amoroso leito... / Mas teu néctar de amor jamais se esgota, / Travesseiro não há como teu peito". - temos exemplo de confissão amorosa, interlocutor do eu lírico tratado na segunda pessoa do singular, verso escrito com duas ocorrências de elemento coesivo conjuntivo comparativo, substantivo escrito com encontro consonantal e dígrafo, dentre outros.

IV. Nos versos de Machado de Assis: "Querida, ao pé do leito derradeiro. / Em que descansas dessa longa vida, / Aqui venho e virei, pobre querida, / Trazer-te o coração do companheiro". - temos a visão da voz do texto, expondo seu amor pela esposa Carolina, junto a seu túmulo, prometendo ir visitá-lo sempre.


Estão CORRETAS:

Alternativas
Comentários
  • I. Os fonemas são sons produzidos durante todo o tempo em que se fala, suas unidades sonoras se juntam para formar palavras, até enunciados completos, possibilitando sintonia, interação entre os interlocutores.

    R.: Correto. Os fonemas são os sons produzidos pelas letras e pela junção entre elas, que assim formam as palavras oralmente. Palavras essas que por sua vez formarão frases que formarão parágrafos e por fim todo um texto. Dessarte possibilitando às pessoas que se comuniquem e se façam entendidas umas pelas outras.

    II. As letras são desenhos, são unidades gráficas que representam a escrita das palavras articuladas, pronunciadas.

    R.: Correto. De fato as letras são símbolos visuais que, em conjunto, formam palavras em forma gráfica.

    III. Nos versos de Álvares de Azevedo: "Amo-te como o vinho e como o sono, / Tu és meu copo e amoroso leito... / Mas teu néctar de amor jamais se esgota, / Travesseiro não há como teu peito". - temos exemplo de confissão amorosa, interlocutor do eu lírico tratado na segunda pessoa do singular, verso escrito com duas ocorrências de elemento coesivo conjuntivo comparativo, substantivo escrito com encontro consonantal e dígrafo, dentre outros.

    R.: Correto.

    • Temos exemplo de confissão amorosa - Correto. Atente-se ao texto: "Amo-te..."; "Tu és meu... amoroso leito"; "...teu nectar de amor...";
    • Interlocutor do eu lírico tratado na segunda pessoa do singular - Correto. Vejamos: "Amo-te"; "Tu és"; "teu nectar"; "Teu peito". Todos os pronomes referem-se a alguém na segunda pessoa do singular;
    • Verso escrito com duas ocorrências de elemento coesivo conjuntivo comparativo - Correto. "Amo-te como vinho e como sono"; "não há como teu peito". Em ambas as estrofes utiliza-se a conjunção comparativa como;
    • Substantivo escrito com encontro consonantal e dígrafo - Correto. "Vi-nho" tem um encontro consonantal (quando duas consoantes se encontram numa palavra) em "-nho", bem como um dígrafo (junção de duas letras para formar um só fonema) na mesma sílaba.

    IV. Nos versos de Machado de Assis: "Querida, ao pé do leito derradeiro. / Em que descansas dessa longa vida, / Aqui venho e virei, pobre querida, / Trazer-te o coração do companheiro". - temos a visão da voz do texto, expondo seu amor pela esposa Carolina, junto a seu túmulo, prometendo ir visitá-lo sempre.

    R.: Correto. Apesar do nome Carolina não aparecer no texto, percebe-se que há sim uma exposição de amor ("pobre querida"; "trazer-te o coração do companheiro"). É possível notar em "ao pé do leito derradeiro" um tom de despedida, afinal leito é onde se descansa e derradeiro significa final/último, ou seja, o leito de descanso final. Por fim, em "aqui venho e virei" traz a presente e futuras visitas, sendo possível interpretar que ele voltará continuamente no futuro.

    Gabarito (A)

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    Boa sorte e bons estudos.

  • Grande sábio, Luiz Felipe!!.

  • Gratidão!

  • Errei acreditando que no item 3 o Sono (substantivo) não possuia digrafo, porém, no enunciado informou a presença de encontro consonantal e dígrafo, não informou que todos os substantivos teriam o mesmo.

  • Como vamos saber que o nome da esposa é Carolina e não Charlotte,Adnreia,ou qualquer outro nome do mundo,já que o texto não faz referência a esse nome?