CUIDADO!
Esta questão é problemática em relação a uma alternativa.
O enunciado solicita a alternativa CORRETA. Aos itens:
a) Os montes parece caírem.
Correto. Eis um caso particularíssimo de concordância verbal. Em se tratando da construção constituída pelo verbo "parecer" seguido de qualquer outro, há duas formas de concordar: flexionando o verbo principal ou o auxiliar. Ex.: As estrelas do céu parecem estar distantes ou As estrelas do céu parece estarem distantes. Posto isso, é forçoso afirmar que a frase dessa alternativa pode ser mantida ou reescrita nestes termos: "Os montes parecem cair";
b) Custei a crer no que ela disse.
Incorreto, mas com ressalvas. O sentido do verbo é o de "ter dificuldade, trabalho". Em tal acepção, porta-se mesmo como transitivo indireto, contudo repele a preposição "a" antes de infinitivo. É relevantíssimo evocar esta lição do mais abalizado especialista em regência nominal e verbal no Brasil: consoante Celso Pedro Luft, em Dicionário Prático de Regência Verbal, p.160, a construção da frase em tela (custar + a + infinitivo) é inovação sintática brasileira ainda não agasalhada por certos gramáticos e malvista em contexto formal, a despeito de excederem em nossa literatura exemplos que vão de encontro a eles:
I - "Seixas custou a conter-se." (José de Alencar)
II - "...as moças custavam a se separar." (Clarice Lispector)
III - "Custas a vir e, quando vens, não te demoras." (Cecília Meireles)
Do ponto de vista formal e clássico, a escorreita estrutura é constituída do verbo transitivo indireto (custou-me) seguida de um sujeito oracional (crer no que ela disse). Todavia, convém recordar: o uso é que faz a norma. Não se pode desprezar e considerar incorretas as construções acima expostas. De toda maneira, em atendimento à lição clássica, dá-se nestes termos a recomendada reescritura: "Custou-me crer no que ela disse";
c) Costumam haver casos mais significantes.
Incorreto. O verbo "haver" comporta-se como impessoal e sua impessoalidade é emanada para o verbo auxiliar. Correção: "Costuma haver casos mais significantes";
d) Ou ele ou ela preencherão a vaga existente.
Incorreto. Quando o sujeito é constituído pela locução conjuntiva correlativa "ou...ou", indicará exclusão e, nesse caso, o verbo fica no singular. Correção: "Ou ele ou ela preencherá a vaga existente";
e) Esqueceu-se que tais fatos prejudicaram o relatório enviado.
Incorreto. Consoante Celso Pedro Luft, em Dicionário Prático de Regência Verbal, p.277, o verbo "esquecer-se", quando pronominal, é transitivo indireto e rege preposição "de"; todavia, pululam em nossa literatura, sobretudo entre os mais modernos, exemplos contrariando a orientação:
I - "Ia esquecendo de fazer uma confidência importante." (Érico Veríssimo)
II - "Não esquecia da saúva." (Mário de Andrade)
III - "Por quê? teria esquecido de que havia cegos?" (Clarice Lispector)
Correção: "Esqueceu-se de que tais fatos (...)".
Letra A
Acrescentando comentário à alternativa B:
Custar
Ser custoso, difícil (VTI – a)
– Nós custamos a aprender Português (construção coloquial)
– Custou-nos(a) aprender Português (construção culta)
Obs.: Lê-se a última frase assim: “Aprender Português (sujeito) custou (foi custoso, difícil) a nós (objeto indireto).”. Ainda sobre a última frase: a preposição antes do infinitivo é expletiva (grifo meu), não alterando a análise sintática da oração. Sobre esta última regência, consulte: FUNRIO – MPOG – Analista ADMINISTRATIVO – 2009 – QUESTÃO 4.
Fonte: Gramática, Prof. Fernando Pestana.