SóProvas


ID
5233399
Banca
IDIB
Órgão
CREMEPE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I 


O macacão branco


    Sejamos honestas, colegas de trabalho: quem de nós pode vestir um macacão branco decotado na frente e nas costas, colado ao corpo, sem antes passar por uma lipoescultura, uma sessão de bronzeamento e ficar duas semanas sem comer? Resposta no final dessa coluna.

    Não teria adjetivos suficientes para comentar o show que Maria Rita fez no Anfiteatro Pôr do Sol, semana passada, cantando músicas da sua mãe, Elis Regina. O espetáculo foi perfeito do início ao fim, e São Pedro ainda deu uma canja, oferecendo um entardecer de cinema, com direito a uma lasca de lua, céu estrelado e brisa suave. Se Elis não fosse gaúcha, teria se naturalizado naquele instante, em algum cartório no céu.

    Mas voltemos a Maria Rita. Toda de branco, ela entrou no palco com uma túnica diáfana que ia até os pés: praticamente um anjo de bons modos. Até que, quatro ou cinco músicas depois do início do show, ela retirou a túnica e ficou só de macacão branco decotado, com as costas de fora, colado no corpo. Pensei: é peituda essa mulher.

    Peituda porque, além de peito, Maria Rita tem coxa, tem bunda, tem barriguinha, tem sustância, tem o corpo da brasileira típica, que passa longe das esquálidas das revistas, das ossudas das passarelas. A numeração de Maria Rita não é 36, mas vestiu aquele macacão branco como se fosse.

    Quaquaraquáquá, quem riu? Quaquaraquáquá, foi ela. Cantando Vou Deitar e Rolar e outros tantos hits da sua talentosa genitora, Maria Rita rebolou, sambou, jogou charme, braço pra cima, braço pro lado, ajeitadinha no cabelo, caras e bocas, dona e senhora do pedaço e com o namorado bonitão (Davi Moraes, na guitarra) ali na retaguarda, babando – se não estava, deveria. Porque Maria Rita, além de cantar divinamente, mostrava 100% seu lado fêmea, segura e incomparável. Que nem as modelos de revista? Quaquaraquaquá. Muito melhor.

    Fiquei matutando depois: como mulher se preocupa com besteira. Usa roupa preta para afinar, veste bermudas compressoras para chapar a barriga, manga comprida para esconder os braços roliços, e mais isso, e aquilo, quando o maior segredo de beleza consta do seguinte: sinta-se num palco, mesmo que nunca tenha chegado perto de um. Imagine-se com 60 mil pessoas te aplaudindo, te admirando pelo que você faz, pelo que você é, imagine-se com o público na mão, pois você é competente e tem uma elegância natural. Conscientize-se de que sua inteligência é superior às suas medidas, que ser magrinha não atrai amor instantâneo, que sua personalidade é um cartão de visitas, que a felicidade é a melhor maquiagem, que ser leve é que emagrece.

    E dá-se a mágica.

    Quem de nós pode vestir um macacão branco decotado na frente e nas costas, colado ao corpo, sem antes passar por uma lipoescultura, uma sessão de bronzeamento e ficar duas semanas sem comer? Qualquer uma de nós, ora.


MEDEIROS. Martha. A graça da coisa. 1ª ed. Porto Alegre – RS: L&PM, 2013.

O uso do modo imperativo no trecho “Sejamos honestas, colegas de trabalho...”, tem o objetivo de

Alternativas
Comentários
  • Letra: C

    Expressa ordem, conselho, pedido, convite, súplica. Divide-se em afirmativo e negativo

    Modo imperativo não possui tempos verbais (pretérito,presente e futuro), logo não dá para ser a letra A e B, não possui polidez no discurso para ser a D, pois ela passa uma ordem enfática.

  • Essa é basicamente uma questão sobre o uso de um modo verbal bastante específico: o imperativo. Nesse sentido, é essencial esclarecer primeiramente que são três os modos verbais – o indicativo (que exprime basicamente uma ação firme e certa que ocorre, ocorreu ou ocorrerá: O doutor chega às 8 horas / O doutor chegou às 8 horas / O doutor chegará às 8 horas); o subjuntivo (que denota uma ação possível, mas não completamente certa e que, normalmente, depende de algum outro fato para se concretizar: Estaria em casa na hora do almoço se o doutor chegasse às 8 horas); e o imperativo (que indica um pedido ou mesmo uma ordem: Façamos silêncio para ouvir o depoente!

     Pelo que está esclarecido acima, a única opção que se conforma com a elucidação do que exprime um verbo no modo imperativo é a letra C, a qual aponta um pedido ao interlocutor do cumprimento de uma ação em “Sejamos honestas, colegas de trabalho".

    Assim, a alternativa correta é a letra C.

    Gabarito do Professor: Letra C.

  • NUNCA VI IMPERATIVO "pedir nada", só dar ordem.