SóProvas


ID
5251555
Banca
VUNESP
Órgão
PM-SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.


    É conceito da moda. Usam em encontros motivadores. Na Física, é a volta à forma original após uma deformação. O termo se origina da capacidade de ricochetear, de saltar novamente. Por extensão, usamos para falar de quem sofre pressão e consegue manter seus objetivos.
    Uma pessoa resiliente ideal teria três camadas. Na primeira, suporta: recebe o golpe sem desabar. Ouve a crítica e não “desaba”, vive a frustração sem descontrole, experiencia a dor e continua de pé. A primeira etapa da resiliência é administrar o golpe, o revés, o erro, a decepção. O tipo ideal que estamos tratando sabe a extensão da dor, mas se considera (ou é de fato) mais forte do que as ondas das adversidades.
     O segundo estágio é a recuperação/aprendizagem. Combinam-se os dois conceitos. Sinto o golpe, não desmonto (fase um) e ainda recupero a posição anterior ao golpe com o acréscimo de algo novo. Toda dor contém sua lição. Ninguém duvida disso. O resiliente consegue aprender com o golpe sentido.
   O terceiro momento do modelo perfeito é a ressignificação da estratégia e da consciência a partir do aprendizado. O tipo aqui descrito nunca se vitimiza, mesmo se for a vítima. Não existe lamúria ou sofrimento para o mundo. A dor existe, foi sentida, houve reação com aprendizado e dele surgiu um novo ser, mais forte e mais sábio.
    É bom descrever tipos perfeitos. Quase sempre são inexistentes. São como a biografia de santos medievais: sem falha, diamantes sem jaça; modelos e, como tal, inatingíveis. Existe um propósito didático de mostrar a perfeição para nós que chafurdamos no lodo da existência banal. Todos temos graus variados de resiliência diante da vida. Ninguém é o tipo ideal. Uma coisa não invalida a outra.
    Como narrativa de santos, o modelo perfeito serve como para indicar o ponto no qual não me encontro, porém devo reagir para almejá-lo. Sempre é bom ser resiliente e todos os palestrantes e livros têm razão: sem resiliência em algum grau, épico ou homeopático, é impossível enfrentar o mundo.
    O conto extraordinário de Kafka, Um Artista da Fome, fala de um homem com extrema resiliência para aguentar jejuns prolongados. Era um herói! Ao final, emitiu a verdade surpreendente. Ele não era um homem de vontade férrea, apenas nunca havia encontrado um prato que… o seduzisse realmente. Seu paladar nunca fora tentado. Creio ser a receita geral da resiliência: a serenidade diante das coisas que, na verdade, não nos atingiram. Esperança ajuda sempre.

(Leandro Karnal. Os heróis da resiliência. Disponível em:

https://cultura.estadao.com.br. Acesso em 20.01.2021. Adaptado)

Assinale a alternativa em que o pronome destacado pode ser colocado antes ou depois do verbo, segundo a norma-padrão.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    a) … sabe a extensão da dor, mas se considera (ou é de fato) mais forte… → Correto. Aqui temos uma conjunção coordenativa (mas). Nela, a próclise ou a ênclise é opcional. "Ele chegou e dirigiu-se a mim"/ Ele chegou e se dirigiu a mim" / "mas se considera mais forte" "mas considera-se mais forte"

    b) O tipo aqui descrito nunca se vitimiza… → Errado. Palavras negativas (não, nunca, ninguém, jamais...) "puxam" o pronome para si, o que torna obrigatória a próclise.

    c) Combinam-se os dois conceitos. → Errado. Não se inicia uma frase com pronome oblíquo átono. É errado dizer: "te amo". O correto, segunda a Norma Culta, é "amo-te". Em nossa alternativa, só cabe a ênclise (combinam-se).

    d) …serve como para indicar o ponto no qual não me encontro. → Errado. Mesmo caso da B.

    e) … nunca havia encontrado um prato que… o seduzisse realmente. → Errado. Aqui só podemos empregar a próclise, pois temos um pronome relativo (que, cujo, quem, quanto, onde etc.), que, segundo a Norma Culta, "puxa" o pronome para si → "Eram duas pessoas que se encontravam desaparecidas." → "Eram duas pessoas as quais se encontravam desaparecidas."

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • 1- Não se inicia um periodo/oração com próclise

    2- Obrigação próclise após palavras negativas

    Resposta letra A

  • Piridonca

  • Casos de Próclise:

    I - Diante de Pronomes Indefinidos -> Nada me interessa.

    N - Diante de palavras negativas -> me abrace.

    C - Diante de Conjunção Subordinativa -> Quando te vi, fiquei feliz.

    R - Diante de Pronome Relativo -> Esta é a casa onde me encontro.

    A - Diante de advérbio -> Hoje te vi.

     

    E - Em + gerundio -> Em se tratando de política

     

    D- Diante de pronomes demonstrativos -> Isto me interessa.

    O- Frases optativas (expressa desejo) -> Deus te abençoe/ PMMG me ame.

    E- Frases exclamativas -> Macacos me mordam!

    I- Frases interrogativas -> Quem te falou isso?

     

    Casos de Ênclise:

    1- Inicio de oração -> Avisaram-me que eles iriam chegar mais tarde/ ME AVISARAM ==> ERRADO 

    2-Infinitivo pessoal regido de preposição "a" -> Naquele instante os dois passaram a odiar-se.

    3-Verbo no gerúndio -> Não quis saber o que aconteceu fazendo-se de despreocupada.

    4- Vírgula ou pontuação antes do verbo -> Se passar na prova do concurso, mudo-me no mesmo instante. 

    Ênclise e Mesóclise: Sempre em início de período.

    Inícios de períodos: Com verbo - Após a vírgula - Sujeito substantivo.

    Mesóclise: Verbo no futuro. EXEMPLO: Dar-te-ei meu terno para te formar.

    Próclise: Sempre vem acompanhado de uma Partícula Atrativa.

    Partículas atrativas: Advérbios - Pronomes Sozinhos - Frases Interrogativas, exclamativas e optativas (Que expressam desejo).

    Atenção: Frases Interrogativas, exclamativas e optativas funcionam como primeiro termo. Sempre verificar à partícula atrativa.

    Atenção: Substantivos não são partículas atrativas!

  • Errei a questão mesmo já tendo feito resumo dela, incrível como nós mesmo nos sabotamos. Se liga no resuminho.

    EXCEÇÕES

    1 - Em geral, após infinitivo e gerúndio estará sempre certo o uso do pronome oblíquo, mesmo aparecendo palavra atrativa antes do verbo

    Ex: Não se deve investir em países que desrespeitam contratos multilaterais. / Não deve investir-se em países que desrespeitam contratos multilaterais.

    A vírgula quebra a obrigação de atração do pronome.

    (Para enviar-ME as mercadorias) > Infinitivo sempre aceita ÊNCLISE

    2 - Com conjunções Coordenativas pode: PRÓCLISE ou ÊNCLISE (e, ou, mas.. etc)

    (Ele chegou tarde, porém A encontrou) // (Ele chegou tarde, porém encontrou-A)

  • Diante de conjunções coordenadas, ou seja, aditiva, adversativa, alternativa, explicativa e conclusiva, é opcional a colocação pronominal, antes ou depois do verbo.

    Por isso que a alternativa A está correta.

  • Diferente das Subordinadas que atraem o que resulta em ser próclise obrigatória, A COORDENADA é facultativa.

  • Questãozinha maldita

  • no dia da prova cai nessa da reticências, não sabia que ela não interferia, enfim, agora estou mais forte, espero estar preparado para fevereiro.

  • Todas são atrativas fortes, com exceção da letra A.

    Acrescentando, verbo no infinitivo pode receber pronome com próclise ou ênclise, quando não estiver acompanhado dos atrativos, é o bonzão, pode tudo.

    Bem objetivo do jeito que o concurseiro gosta. Abç

  • acertei na prova sem saber

    e errei aqui e continuou sem saber desse assunto

  • Nas letras B, D e E, temos fatores de próclise: o advérbio “nunca”, a palavra negativa “não” e o pronome relativo “que” respectivamente. Nesses casos, a próclise é obrigatória.

    Já na letra C, a ênclise é obrigatória, porque não se admite pronome oblíquo no início de frase.

    Na letra A, por sua vez, não há restrições para o emprego da próclise ou da ênclise.

  • A questão pediu isso:

    … sabe a extensão da dor, mas se considera (ou é de fato) mais forte…

    … sabe a extensão da dor, mas considera-se (ou é de fato) mais forte…