SóProvas


ID
5256268
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
PM-TO
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1A1-I


    Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro) muitos espaços públicos mantidos coletivamente nos quais cidadãos demonstravam respeito pela comunidade ao poupá-la das suas intimidades banais. Há dez anos, o mundo não havia sido totalmente conquistado por essas pessoas que não param de tagarelar no celular. Telefones móveis ainda eram usados como sinal de ostentação ou para macaquear gente afluente. Afinal, a Nova York do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição inconsútil da cultura da nicotina para a cultura do celular. Num dia, o volume no bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia seguinte, era um celular. Num dia, a garota bonitinha, vulnerável e desacompanhada ocupava as mãos, a boca e a atenção com um cigarro; no dia seguinte, ela as ocupava com uma conversa importante com uma pessoa que não era você. Num dia, viajantes acendiam o isqueiro assim que saíam do avião; no dia seguinte, eles logo acionavam o celular. O custo de um maço de cigarros por dia se transformou em contas mensais de centenas de dólares na operadora. A poluição atmosférica se transformou em poluição sonora. Embora o motivo da irritação tivesse mudado de uma hora para outra, o sofrimento da maioria contida, provocado por uma minoria compulsiva em restaurantes, aeroportos e outros espaços públicos, continuou estranhamente constante. Em 1998, não muito tempo depois que deixei de fumar, observava, sentado no metrô, as pessoas abrindo e fechando nervosamente seus celulares, mordiscando as anteninhas. Ou apenas os segurando como se fossem a mão de uma mãe, e eu quase sentia pena delas. Para mim, era difícil prever até onde chegaria essa tendência: Nova York queria verdadeiramente se tornar uma cidade de viciados em celulares deslizando pelas calçadas sob desagradáveis nuvenzinhas de vida privada, ou de alguma maneira iria prevalecer a noção de que deveria haver um pouco de autocontrole em público?


Jonathan Franzen. Como ficar sozinho. São Paulo:

Companhia das Letras, 2012, p. 17-18 (com adaptações).

Em relação ao tipo textual, o texto 1A1-I é predominantemente

Alternativas
Comentários
  • GABARITO OFICIAL - C

    Em um texto Descritivo serve para expor pontos de vista e defendê-los por meio de argumentos sólidos e coerentes a fim de convencer o leitor.

    Muita gente foi no Narrativo, mas não é só o fato de indicar tempo que o torna Narrativo.

    Fonte: Grancursos.

  • Tenho orgulho de ter errado esta questão !!!

  • DISCORDO DO GABARITO!

    “Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro) muitos (…) Afinal, a Nova York do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição inconsútil da cultura danicotina para a cultura do celular. Num dia, o volume do bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia seguinte, era um celular. Num dia, a garota bonitinha,vulnerável e desacompanhada ocupava as mãos, (…) . Num dia, viajantes acendiam o isqueiro assim que saiam do avião; no dia seguinte, eles logo acionavam o celular”.

    “Em 1998, não muito tempo depois que deixei de fumar, observava, sentado no metrô, as pessoas abrindo e fechando nervosamente seus celulares, mordiscandoanteninhas. Ou apenas os segurando como se fossem a mão de uma mãe, e eu quase sentia pena delas…”.

    Esses fragmentos são narrativos. Note que não temos uma opinião aqui explicitada, e sim uma sucessão de cenas, o que caracteriza a tipologia narrativa. A utilizaçãodos marcadores temporais – “Em 1998”, “no dia seguinte”, etc. – também sinaliza a narração.

    Somente no final do texto, o autor explicita sua opinião: “Para mim, era difícil prever até onde chegaria essa tendência. Nova York queria verdadeiramente se tornaruma cidade de viciados em celulares deslizando pelas calçadas sob desagradáveis nuvenzinhas de vida privada, ou de alguma maneira iria prevalecer a noção de quedeveria haver um pouco de autocontrole em público”.

    Como se pode perceber temos mais linhas narrativas do que argumentativas

  • Na verdade, o cespe coloca o gabarito que quer.

    Pode até ter indícios de ser um texto "argumentativo", mas não como predominância....

  • Nesta   questão a Cespe/Cebraspe, instância responsável pela organização do certame, optou pela anulação, até porque existem duas possibilidades de resposta e isso poderia confundir os candidatos. Aqui, comentarei as possíveis razões que levaram a banca a decidir pela anulação e, para tanto, relembremos quais são os cinco tipos textuais:

     

     

    • Narrativo: a característica fundamental do texto narrativo é a existência de um enredo, no qual são desenvolvidas as ações das personagens, marcadas pelo tempo e pelo espaço.

     

    • Descritivo: apresenta a descrição de algo, seja de uma pessoa, um objeto, um local, etc. Assim, ele expõe apreciações, impressões e observações de algo indicando os aspectos, as características, os detalhes singulares.

     

    • Dissertativo: busca defender uma ideia baseando-se na argumentação e no desenvolvimento de um tema. Geralmente, os textos dissertativo-argumentativos, além de serem opinativos, buscam convencer o leitor.

     

    • Expositivo: pretende apresentar um tema a partir de recursos como a conceituação, a definição, a descrição, a comparação, a informação e enumeração. O objetivo central de quem escreve um texto expositivo é explanar, discutir e explicar um determinado assunto.

     

    • Injuntivo: o texto injuntivo ou instrucional está pautado na explicação e no método para a realização de algo. Um dos recursos linguísticos marcantes desse tipo de texto é a utilização dos verbos no imperativo, de modo a indicar uma "ordem". Uma receita é um exemplo de texto injuntivo, pois receitas são marcadas por verbos no imperativo (quebre três ovos, bata as claras em neve).

     

    O enunciado pede que o candidato classifique o texto associado à questão quanto ao tipo textual. Só que o texto associado é uma crônica e, talvez, uma das razões para a anulação seja o fato de a crônica ser um texto narrativo, mas que também pode ser predominantemente descritivo. Como essa dupla possibilidade de resposta poderia gerar confusão, a banca preferiu anular a questão.

     

    Gabarito do Professor: A questão foi anulada.