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ID
5276440
Banca
UFMG
Órgão
UFMG
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia este texto e, com base nele, responda à questão.


Saúde e dinheiro

    Os norte-americanos perdem qualidade de vida. Com isso, perdem condição de viver mais

    Dinheiro não traz felicidade, diz o povo. Embora haja controvérsias, a julgar pelo exemplo dos Estados Unidos, nem saúde: pelo segundo ano consecutivo, a expectativa de vida dos americanos diminuiu.

    Em 1960, eles tinham a expectativa de vida mais alta do mundo. Chegava a 2,4 anos a mais do que a média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 1998, sua expectativa de vida ficou para trás da média da OCDE. Hoje, a diferença já é de 1,6 ano.

    Um painel conjunto do National Research Council e do Institute of Medicine investigou as causas dessa desvantagem crescente. A conclusão foi a de que a saúde dos americanos é mais pobre em diversos aspectos: obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, ferimentos, homicídios, complicações de parto, gravidez na adolescência, consumo de drogas ilícitas e infecções pelo HIV.

    Ficou evidente, também, que o estilo de vida é menos saudável do que o dos países da OCDE: as cidades privilegiam o automóvel, a população costuma ingerir alimentos altamente calóricos, abusar de álcool e possuir armas de fogo. Aqueles com renda familiar mais baixa têm menos suporte social, previdenciário e acesso limitado à assistência médica.

    As mortes por overdose aumentam a cada ano. Em 2015, foram 64 mil; neste ano, serão 70 mil, números que ultrapassam o total das mortes de soldados americanos na Guerra do Vietnã. Numa análise publicada no Bristish Medical Journal, Steven Woolf e Laudan Aron consideraram esses óbitos a “ponta do iceberg” de uma crise de saúde mais abrangente: a mortalidade associada ao abuso de álcool e aos suicídios, que afeta especialmente os brancos de meia-idade e certas comunidades rurais. As causas estariam ligadas ao colapso das indústrias locais, à erosão dos laços comunitários, ao isolamento social, à pressão financeira e à consciência dos trabalhadores de que perderam o padrão de vida que os pais um dia tiveram.

        Ao contrário, entre os negros o número de suicídios e de mortes por overdose não aumentou. Os autores atribuem a esse fenômeno a maior resiliência de mulheres e homens negros, habituados a enfrentar desvantagens econômicas, discriminação, preconceito social e mortalidade geral mais elevada.

    De outro lado, nos últimos anos, as diferenças sociais se acentuaram, a performance escolar piorou, os salários da classe média estagnaram e os níveis de pobreza aumentaram em relação aos dos países desenvolvidos. O país é rico, mas desigual: os mais pobres têm dificuldade de acesso a serviços sociais, à assistência médica, à prevenção e ao tratamento de transtornos psiquiátricos e dependência química.

    Os Estados Unidos investem em saúde 17 % de um PIB de 19 trilhões de dólares, ou seja, cerca de 3,2 trilhões de dólares. É mais do que o PIB inteiro do Brasil. Para justificar esse gasto, o americano médio deveria viver 110 anos, pelo menos. Quem nasce em Santa Catarina vive mais.


VARELLA, Drauzio. Saúde e dinheiro. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/revista/1024/saude-e-dinheiro. Acesso em 21 nov.2018. (Adaptado)

Nas alternativas a seguir, os termos e/ou orações destacados exercem a função sintática de complemento nominal, EXCETO em:

Alternativas
Comentários
  • à consciência dos trabalhadores de que perderam o padrão de vida que os pais um dia tiveram.

    A consciência de quem ?

    Dos trabalhadores ( temos uma relação de posse = adjunto adnominal )

  • a) Acesso à assistência médica

    Assistência médica é acessada (ideia de passividade) = CN

    b) Acesso a serviços sociais

    Serviços sociais são acessados (ideia de passividade) = CN

    c) Habituados a enfrentar desvantagens econômicas

    Habituados é adjetivo = CN

    d) Consciência dos trabalhadores.

    Trabalhadores têm consciência. (ideia de posse) = AA

    Gabarito letra D

    Erros? Avisar!

  • Indica posse, quando isso ocorre não pode ser complemento e e sim ADJUNTO

  • Complementando:

    Adjunto Adnominal (ADN) x Complemento Nominal (CN):

    1 - Será ADN se a expressão preposicionada estiver ligada a substantivo concreto.

    ex: Comprei o material de um site famoso.

    2 - Normalmente o ADN mantém relação de posse com o substantivo

    ex: A atitude do professor foi justa.

    3 - O CN tem valor paciente, normalmente o seu núcleo é o alvo de uma ação e encontra respaldo na reescritura de voz passiva analítica, enquanto o ADN tem valor agente e encontra respaldo na reescritura de voz ativa.

    ex: A resolução da questão foi ótima. (CN: A questão foi resolvida)

    ex: A resolução do professor foi ótima. (ADN: O professor resolveu)

    (PESTANA, 2021, p. 569)

    Gabarito da questão: D

    PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4. ed. Rio de Janeiro: Método, 2021.