SóProvas


ID
5289193
Banca
FACET Concursos
Órgão
Prefeitura de Capim - PB
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda à questão pertinente:

Mila
(Carlos Heitor Cony)
    Era pouco mais do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.
    Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento?
   Amá-la – foi a resposta, e acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.
    Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu “fumos fidalgos”, como o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.
    No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maior do que o meu peito, levei-a até o fim.
   Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.
    Até o último momento, olhou para mim, me acolhendo e me aceitando. Levei-a, em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.

As Cem Melhores Crônicas Brasileiras / Joaquim Ferreira dos Santos, organização e introdução. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 356 p. 

A passagem a seguir servirá de base para a próxima questão:
“Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.”

A sílaba final da palavra “tristeza” é grafada com letra Z. Considerando as palavras abaixo, indique a única palavra que NÃO é escrita assim:

Alternativas
Comentários
  • Princesa

  • São escritas com Z as palavras que se unem a adjetivos para formar substantivos abstratos.

    EX: O carro é rápido.

    O carro tem rapidez.

  • A passagem a seguir servirá de base para a próxima questão: “Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.”

    A sílaba final da palavra “tristeza” é grafada com letra Z. Considerando as palavras abaixo, indique a única palavra que NÃO é escrita assim:

    Alternativas

    A

    leve ... a

    B

    prince ... a

    C

    esperte ... a

    D

    ligeire ... a

    E

    corrente ... a

  • A questão é de ortografia e quer que identifiquemos a única palavra que NÃO é escrita com "z". Vejamos: 

     .

    A) leve ... a

    Errado. "Leveza" se escreve com "z".

     .

    B) prince ... a

    Certo. "Princesa" se escreve com "s" e não com "z".

     .

    C) esperte ... a

    Errado. "Esperteza" se escreve com "z".

     .

    D) ligeire ... a

    Errado. "Ligeireza" se escreve com "z".

     .

    E) corrente ... a

    Errado. "Correnteza" se escreve com "z".

     .

    Para complementar:

     

    EMPREGO DA LETRA Z

     

    Grafam-se com z:

     

    • os derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc.
    • os derivados de palavras cujo radical termina em -z: cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar, vazar, vazão (de vazio), etc.
    • os verbos formados com o sufixo -izar e palavras cognatas: fertilizar, fertilizante; civilizar, civilização, etc.
    • substantivos abstratos em -eza, derivados de adjetivos e denotando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc.
    • as seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade, aprazível, baliza, buzina, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vazamento, vazão, vazante, vaza-barris, vizinho, xadrez.

     .

    Referência: CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, 48.ª edição, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

     .

    Gabarito: Letra E