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ID
5289721
Banca
IDIB
Órgão
CREMERJ
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO III  


    Seu pai a trazia às vezes, aos domingos, quando vinha cumprir o piedoso dever de amizade, visitando Quaresma. Há quanto tempo estava ele ali? Ela não se lembrava ao certo; uns três ou quatro meses, se tanto. 

    Só o nome da casa metia medo. O hospício! É assim como uma sepultura em vida, um semi-enterramento, enterramento do espírito, da razão condutora, de cuja ausência os corpos raramente se ressentem. 

    A saúde não depende dela e há muitos que parecem até adquirir mais força de vida, prolongar a existência, quando ela se evola não se sabe por que orifício do corpo e para onde. Com que terror, uma espécie de pavor de coisa sobrenatural, espanto de inimigo invisível e onipresente, não ouvia a gente pobre referir-se ao estabelecimento da Praia das Saudades! Antes uma boa morte, diziam. 

    No primeiro aspecto, não se compreendia bem esse pasmo, esse espanto, esse terror do povo por aquela casa imensa, severa e grave, meio hospital, meio prisão, com seu alto gradil, suas janelas gradeadas, a se estender por uns centos de metros, em face do mar imenso e verde, lá na entrada da baía, na Praia das Saudades. Entrava-se, viam-se uns homens calmos, pensativos, meditabundos, como monges em recolhimento e prece. 

    De resto, com aquela entrada silenciosa, clara e respeitável, perdia-se logo a ideia popular da loucura; o escarcéu, os trejeitos, as fúrias, o entrechoque de tolices ditas aqui e ali.  

    Não havia nada disso; era uma calma, um silêncio, uma ordem perfeitamente naturais. No fim, porém, quando se examinavam bem, na sala das visitas, aquelas faces transtornadas, aqueles ares aparvalhados, alguns idiotas e sem expressão, outros como alheados e mergulhados em um sonho íntimo sem fim, e via-se também a excitação de uns, mais viva em face à atonia de outros, é que se sentia bem o horror da loucura, o angustioso mistério que ela encerra, feito não sei de que inexplicável fuga do espírito daquilo que se supõe o real, para se apossar e viver das aparências das coisas ou de outras aparências das mesmas. 

    Quem uma vez esteve diante deste enigma indecifrável da nossa própria natureza, fica amedrontado, sentindo que o gérmen daquilo está depositado em nós e que por qualquer coisa ele nos invade, nos toma, nos esmaga e nos sepulta numa desesperadora compreensão inversa e absurda de nós mesmos, dos outros e do mundo. Cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser após.  


A forma verbal em destaque no trecho “Há quanto tempo estava ele ali?” exprime uma ação

Alternativas
Comentários
  • A forma verbal em destaque no trecho “Há quanto tempo estava ele ali?” exprime uma ação

    a) passada habitual.

    c) que se produziu no passado. (mas que não foi completamente terminado.)

    GAB. LETRA "A".

    ----

     Seu pai a trazia às vezes, aos domingos, quando vinha cumprir o piedoso dever de amizade, visitando Quaresma. Há quanto tempo estava ele ali? Ela não se lembrava ao certo; uns três ou quatro meses, se tanto.

    pretérito imperfeito do indicativo se refere a um fato ocorrido no passado, mas que não foi completamente terminado. Expressando, assim, uma ideia de continuidade e de duração no tempo.

  • A - PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO;

    B - PRESENTE DO SUBJUNTIVO;

    C - PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO;

    D - PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO.

  • GABARITO -A

    AVA / INHA / IA - Pretérito imperfeito

    Ação repetitiva no passado

    ex: Todos os dias jogava futebol.

    Pretérito perfeito - Ação concluída no passado.

    Pretérito mais- que - perfeito - Ação anterior a outra no passado.

  • Pretérito:

    PERFEITO (AÇÃO TOTALMENTE CONCLUIDA) - FEZ

    IMPERFEITO ( AÇÃO INCONCLUIDA) - ESTAVA, FAZIA, TINHA, ERA

    MAIS-QUE-PERFEITO (AÇÃO NO PASSADO ANTES DE OUTRA AÇÃO PASSADA)

    SIMPLES: SAIRA, FALARA,

    COMPOSTA: TINHA SAÍDO, HAVIA SAÍDO

  • Não tinha visto esse termo "passada habitual". Bom saber.

  • Nunca nem vi!

  • Pretérito imperfeito do indicativo:

    1)Indica um fato no passado mas não concluído

    2)Simultaneidade

    3)Indica um fato habitual

    4)Descrições ou ideias temporais passadas

    5)Fato passado de maneira vaga

  • essa questão me deixou realmente Passada habitual. Ta passada?

  • Esta questão requer o conhecimento sobre o valor semântico dos tempos e modos verbais.

    A forma verbal em destaque no trecho “Há quanto tempo estava ele ali?" está conjugada no pretérito imperfeito do indicativo, cuja desinência modo-temporal é -va (para verbos de 1ª conjugação).

    Alternativa (A) correta - O pretérito imperfeito do indicativo indica um fato ou uma ação passada habitual, ou seja, uma ação contínua, repetitiva.


    Alternativa (B) incorreta - Os tempos do modo subjuntivo e o futuro do pretérito do indicativo que indicam um fato incerto.


    Alternativa (C) incorreta - Ação que se produziu no passado é pretérito perfeito do indicativo.


    Alternativa (D) incorreta - Ação ocorrida antes de outra ação passada é o pretérito mais-que-perfeito do indicativo.

    Gabarito da Professora: Letra A.
  • Verbo que exprime continuidade SER, ESTAR, CONTINUAR, PERMANECER...