SóProvas


ID
5296174
Banca
NC-UFPR
Órgão
CBM-PR
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O texto a seguir é referência para a questão.


    A insegurança alimenta o medo. Não surpreende que a guerra contra a insegurança ocupe lugar de destaque na lista de prioridades dos planejadores urbanos; ou pelo menos estes acreditam que deveria e, se indagados, insistem nisso. O problema, porém, é que, quando a insegurança se vai, a espontaneidade, a flexibilidade, a capacidade de surpreender e a oferta de aventuras, principais atrações da vida urbana, também tendem a desaparecer das ruas da cidade. A alternativa à insegurança não é a bênção da tranquilidade, mas a maldição do tédio. É possível superar o medo e ao mesmo tempo fugir do tédio? Pode-se suspeitar __________ esse quebra-cabeça seja o maior dilema a confrontar os planejadores e arquitetos urbanos – um dilema ainda sem uma solução convincente, satisfatória e incontestada, uma questão __________ talvez não se possa achar uma resposta plenamente adequada, mas que (talvez pela mesma razão) continuará estimulando arquitetos e planejadores a produzir experimentos cada vez mais radicais e invenções cada vez mais ousadas.

    Desde o início, as cidades têm sido lugares __________ estranhos convivem em estreita proximidade, embora permanecendo estranhos. A companhia de estranhos é sempre assustadora (ainda que nem sempre temida), já que faz parte da natureza dos estranhos, diferentemente tanto dos amigos quanto dos inimigos, que suas intenções, maneiras de pensar e reações a condições comuns sejam desconhecidas ou não conhecidas o suficiente __________ se possa calcular as probabilidades de sua conduta. Uma reunião de estranhos é um lócus de imprevisibilidade endêmica e incurável. Pode-se dizer isso de outra forma: os estranhos incorporam o risco. Não há risco sem pelo menos algum resquício de medo de um dano ou perda, mas sem risco também não há chance de ganho ou triunfo. Por essa razão, os ambientes carregados de risco não podem deixar de ser vistos como locais de intensa ambiguidade, o que, por sua vez, não deixa de evocar atitudes e reações ambivalentes. Os ambientes repletos de risco simultaneamente atraem e repelem, e o ponto __________ uma reação se transforma no seu oposto é eminentemente variável e mutante, virtualmente impossível de apontar com segurança, que dirá de fixar.

(BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. Adaptado.)

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas acima, na ordem em que aparecem no texto.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: E

    ➥ Pessoal, esta questão a gente mata pela regência, empregando as preposições que o verbo pede. Se você tem dúvida neste assunto, veja este vídeo bem rápido, mas que matará toda dúvida que você tiver: youtube.com/watch?v=BLoBPL7M390

    Viu? Agora, vamos à questão:

    "Pode-se suspeitar QUE esse quebra-cabeça seja o maior dilema (...)"

    ➥ Aqui temos uma oração subordinada substantiva. Ela exerce papel de sujeito na frase. Veja: Pode-se suspeitar ISSO (que esse quebra-cabeça....) ISSO se pode suspeitar.

    ➥ Como o pronome relativo exerce o papel de sujeito, não pode ter preposição.

    .

    "(...) uma questão PARA A QUAL talvez não se possa achar uma resposta plenamente adequada (...)"

    ➥ Quem não acha uma resposta, não acha uma resposta PARA algo (não acho uma resposta PARA a questão).

    .

    "As cidades têm sido lugares EM QUE estranhos convivem em estreita proximidade (...)"

    ➥ Quem convive, convive EM algum lugar (convive na [em + a] cidade)

    • Detalhe: Aqui poderíamos empregar o pronome "onde", pois ele retomaria corretamente um lugar físico (as cidades)

    .

    "A companhia de estranhos é sempre assustadora (...), diferentemente tanto dos amigos quanto dos inimigos, que suas intenções não sejam conhecidas o suficiente PARA QUE se possa calcular as probabilidades de sua conduta."

    ➥ Eu calculo as probabilidades da conduta do amigo/inimigo PARA conhecer suas intenções. Veja que aqui temos um sentido de finalidade. "Suas intenções são conhecidas A FIM DE/PARA que se possa calcular as probabilidades de sua conduta"

    ..

    "(..) e o ponto EM QUE uma reação se transforma"

    ➥ Quem se transforma, se transforma EM algo (uma reação se transforma EM um ponto...)

    • Detalhe: Aqui não poderíamos empregar o pronome "onde", pois ele não retomaria um lugar físico (o ponto)

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • Esta questão requer conhecimento acerca das classes gramaticais, emprego dos pronomes relativos, regência verbal e nominal e sintaxe de oração.



    Vamos à análise de cada lacuna.


    1ª lacuna: Pode-se suspeitar / que esse quebra-cabeça seja o maior dilema a confrontar os planejadores e arquitetos urbanos..."


    Esta lacuna só deve ser preenchida pela conjunção integrante “que".

    Trata-se de um período composto por subordinação em que a primeira oração (Pode-se suspeitar) é principal, e a segunda é oração subordinada substantiva subjetiva introduzida pela conjunção integrante “que", ou seja, exerce a função de sujeito da primeira oração. A oração subordinada substantiva subjetiva não pode ser introduzida por preposição. Então, descartam-se as alternativas (A) e (D).

    2ª lacuna: “...um dilema ainda sem uma solução convincente, satisfatória e incontestada, uma questão para a qual  talvez não se possa achar uma resposta plenamente adequada..."


    Esta lacuna só deve ser preenchida pelo pronome relativo “a qual" regido da preposição “para".


    O pronome relativo “a qual" refere-se ao substantivo anterior “questão" a fim de evitar sua repetição. O emprego da preposição “para" é devido à regência do substantivo “resposta". 



    “Talvez não se possa achar uma reposta plenamente adequada para uma questão".

    Como a preposição “para" é dissílaba, só se pode empregá-la com o pronome relativo “o qual" (e variantes). O pronome relativo “que" quando preposicionado, só admite preposições monossilábicas, mas, por questões de eufonia, rejeita também as preposições sem e sob.


    Sendo assim, já se podem descartar as alternativas (A), (B), (C) e (D).

    3ª lacuna: “Desde o início, as cidades têm sido lugares onde / em que / nos quais estranhos convivem em estreita proximidade..."

    O pronome relativo “onde" faz referência a substantivos locativos, tal pronome pode ser substituído pelos relativos “em que" ou “no qual" (e variantes). No caso, esta lacuna pode ser preenchida por “onde", “em que" ou “nos quais", pois faz referência ao substantivo locativo “lugares".

    4ª lacuna: “A companhia de estranhos é sempre assustadora (ainda que nem sempre temida), já que faz parte da natureza dos estranhos, diferentemente tanto dos amigos quanto dos inimigos, que suas intenções, maneiras de pensar e reações a condições comuns sejam desconhecidas ou não conhecidas o suficiente para que se possa calcular as probabilidades de sua conduta."


    Esta lacuna deve ser preenchida pela locução conjuntiva subordinativa adverbial de finalidade “para que", pois a oração introduzida por ela exprime finalidade, objetivo, intenção.

    5ª lacuna: “Os ambientes repletos de risco simultaneamente atraem e repelem, e o ponto em que / no qual uma reação se transforma no seu oposto é eminentemente variável e mutante, virtualmente impossível de apontar com segurança, que dirá de fixar".

    Esta lacuna pode ser preenchida pelos pronomes relativos “que" ou “o qual" regido da preposição “em".


    Portanto, a alternativa que preenche corretamente as lacunas acima, na ordem em que aparecem no texto é a letra (E): que – para a qual – em que – para que – em que


    Gabarito da professora: Letra E.