SóProvas


ID
5303341
Banca
MPDFT
Órgão
MPDFT
Ano
2021
Provas
Disciplina
Direito Civil
Assuntos

Do ponto de vista do Código Civil, a compra e venda de substância entorpecente realizada por um traficante:


I. É negócio jurídico existente, inválido e ineficaz.

II. Inexiste como contrato, pois se trata de crime de tráfico de entorpecente.

III. É ato jurídico de natureza contratual ilícito, portanto inexistente e ineficaz no plano privado.

IV. É um negócio jurídico ilícito e, portanto, inválido.

Alternativas
Comentários
  • Não entendi esse gabarito.

    Fiquei procurando a opção "negócio jurídico nulo".

    Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

    II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

    Parabéns para quem foi aprovado nessa prova. Que inferno! kkkk

  • ESCADA PONTEANA - Pontes de Miranda

    1) EXISTÊNCIA 

    - Partes;

    - Vontade;

     - Objeto;

     - Forma.

    •  São Substantivos.

    - Se não há qualquer elemento: INEXISTENTE             

    2) VALIDADE 

    - Partes capazes;

    - vontade livre;

    - objeto lícito, possível e determinado ou determinável;

    - forma prescrita ou não defesa em lei.

    • São Adjetivos.

    - Se não há qualquer elemento: INVÁLIDO - NULO/ANULÁVEL.

    3) EFICÁCIA

    (Modificação e extinção de direitos): elementos acidentais para o negócio jurídico produzir efeitos. 

    - Se não há qualquer elemento: INEFICAZ

    Resposta: Como o objeto é ilícito, ele existe, mas o negócio jurídico é inválido.

    Se inválido, ele é ineficaz.

    Na minha concepção, a IV também estaria certa. E o Estratégia em gabarito extraoficial também colocou como certa.

    • EDIT:
    • Conforme colega Pedro Souza: a afirmativa I possui uma consideração mais adequada quanto à "Escada Ponteana", pois a IV estaria incompleta.

  • IV. É um negócio jurídico ilícito e, portanto, inválido.

    Qual seria o erro?

    Objeto ilícito e portanto é mesmo inválido.

    Não entendi.

  • Segundo o Autor Pontes de Miranda:

    O primeiro degrau da "Escada Ponteana" aponta a EXISTÊNCIA do negócio jurídico, que abarca:

    PARTES, VONTADE, OBJETO, FORMA.

    Esses elementos a princípio estão presentes numa compra e venda qualquer, notadamente, no caso da questão, numa compra e venda de drogas.

    Passa-se ao degrau da VALIDADE, que demanda qualidades aos elementos da "existência":

    • Partes CAPAZES (o enunciado não falou, e as alternativas não contemplaram).
    • Vontade LIVRE (o enunciado não falou, e as alternativas não contemplaram).
    • Objeto LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU DETERMINÁVEL (por se tratar de drogas, o objeto é determinado e possível, mas ilícito, o que torna o negócio jurídico inválido).
    • Forma PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI (no caso de compra e venda de objeto móvel, em regra não há qualquer imposição legal de forma do contrato. Por isso, a compra e venda de drogas, no que concerne estritamente à forma, não depende de qualquer peculiaridade que invalidaria o negócio jurídico - como na compra e venda de um imóvel acima de 30SM, por exemplo, em que a lei demanda escritura pública).

    Dessa forma, por ilicitude do objeto, o negócio jurídico é inválido.

    O terceiro degrau da "Escada Ponteana" seria o da EFICÁCIA. Aqui inserem-se os elementos acidentais para que o NJ produza efeitos. Dentre eles: CONDIÇÃO, TERMO e ENCARGO.

    Mas como o negócio jurídico esbarrou em empecilhos já no segundo degrau, percebe-se ser ele também INEFICAZ.

    Então, conforme exposto, o NJ tem existência; mas seu objeto é ilícito, o que o torna inválido, e consequentemente ineficaz. Correto o enunciado "I".

    Me causou certa estranheza o enunciado "IV" estar errado. Mas ao analisar uma possível justificativa, creio que, tecnicamente, não se pode falar que o negócio jurídico é ilícito. O que é ilícito é o seu objeto, tornando o NJ inválido. Eu não tenho muita técnica pra usar esses termos, mas acredito que aí resida o erro. Se tivesse uma alternativa que dissesse "estão corretas a I e a IV", certamente eu teria marcado.

    Um abraço a todos, e bons estudos.

  • A questão exige o conhecimento da " Escada Ponteana". Pela teoria cunhada por Pontes de Miranda, a compra e venda de substância entorpecente, realizada por um traficante, seria um negócio EXISTENTE (porque contempla os requisitos de existência que são: agente, vontade, objeto e forma); INVÁLIDO (porque o objeto é ilícito) e consequentemente INEFICAZ (porque a etapa anterior, de validade, sequer foi satisfeita).

    Assim, apenas a assertiva I está correta, nos seguintes termos:

    I. É negócio jurídico existente, inválido e ineficaz. VERDADEIRA, o negócio existe, mas em razão da ilicitude do seu objeto, é inválido e, por consequência, ineficaz.

    II. Inexiste como contrato, pois se trata de crime de tráfico de entorpecente. FALSA. Conforme explicação do item I.

    III. É ato jurídico de natureza contratual ilícito, portanto inexistente e ineficaz no plano privado. FALSA. Conforme explicação do item I.

    IV. É um negócio jurídico ilícito e, portanto, inválido. FALSA. Tecnicamente, nos termos do artigo 166, II, CC, é um negócio jurídico NULO, por ter objeto ilícito; não um negócio jurídico ilícito. O examinador aparentemente fez uma troca de conceitos para confundir o candidato e fazer com que se marque pelo senso comum, que é classificar o negócio como ilícito.

  • Gabarito do Estratégia:

    "Comentários:

    O item I está errado, porque o negócio jurídico que tem objeto ilícito é nulo, pelo que inválido e, consequentemente, ineficaz. Nesse sentido, o art. 166, inc. I: “É nulo o negócio jurídico quando for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto” No entanto, capaz de produzir efeitos, como se vê pelo art. 883: “Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei”. Efeito da compra e venda de tóxicos é a irrepetibilidade do pagamento.

    O item II está errado, contrato existe, porque composto o plano da existência

    O item III está errado, uma vez que o contrato é existente, como já analisado

    O item IV está certo. Apesar de ilícito, é existente, porém, inválido. Por isso, é certo dizer que o negócio jurídico ilícito é uma contradição. 

    Assim, a alternativa D está correta"

    Sigo sem entender essa questão e mais umas 20 da prova...

  • ERREI, MAS ACERTEI.

  • Acredito que esse gabarito esteja errado. O enunciado diz "Do ponto de vista do Código Civil". E o CC não adota o plano da existência nos negócios jurídicos, mas apenas os da validade e da eficácia. A meu ver, a alternativa deveria ser a "D".

  • mas nem sempre que um negócio jurídico é inválido ele também é ineficaz... se o ato ainda não foi anulado ele ainda é eficaz,,, não entendi essa I.

  • A banca NÃO alterou o gabarito e NÃO anulou a questão.

  • A banca NÃO alterou o gabarito e NÃO anulou a questão.

  • A banca acha que é um objeto lícito? rs

  • A questão exige conhecimento sobre a parte geral do Direito Civil.

     

     

    Sobre o tema, é importante saber que o Código Civil dispõe que o negócio jurídico válido é aquele que reúne as exigências contidas nos incisos do art. 104:

     

     

    “Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

     

    I - agente capaz;

     

    II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

     

    III - forma prescrita ou não defesa em lei”.

     

     

    No entanto, não se pode confundir validade com existência e eficácia.

     

     

    O primeiro (existência) diz respeito à existência fática do negócio, se ele existe, se foi realizado. O segundo (eficácia) diz respeito à produção de efeitos, isto é, se aquele negócio que existe produzirá efeitos.

     

     

    Pois bem, a questão trata de um contrato de compra e venda que tem como objeto entorpecentes (objeto ilícito) realizado por traficante.

     

     

    Portanto, o contrato em tela existe, mas é inválido, já que tem objeto ilícito (art. 104, II).

     

     

    Por outro lado, é relevante destacar que o negócio em comento não produzirá efeitos, uma vez que há um vício em sua estrutura: a invalidade ocasionada pela ilicitude do objeto e que conduz à nulidade do referido negócio, nos termos do art. 166, II:

     

     

    “Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

     

    I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

     

    II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

     

    III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

     

    IV - não revestir a forma prescrita em lei;

     

    V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

     

    VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

     

    VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção”.

     

     

    Em conclusão, o negócio jurídico de compra e venda de entorpecentes é existente, inválido e ineficaz.

     

     

    Vejamos, então, as assertivas:

     

     

    I – Correta, conforme explicado acima.

     

     

    II – Incorreta, pois o contrato existe.

     

     

    III – Incorreta, pois, embora ineficaz e inválido, ele existe.

     

     

    IV – Incorreta, pois na verdade não é o negócio jurídico que é ilícito, mas sim o seu objeto. O negócio jurídico, como visto é inválido e ineficaz.

     

     

    Gabarito do professor: alternativa “A”.

  • A questão é mero jogo de palavras e só quem já sabe que a IV está incorreta é que consegue criar alguma justificativa para ela.

  • Erro da IV:

    IV. É um negócio jurídico ilícito e, portanto, inválido.

    a) Não é um negocio jurídico ilícito e sim inválido (plano da validade).

  • A eficácia do negocio não depende da validade mas da existência, assim como a validade não depende da eficácia, mas da existência, assim, a validade e a eficácia são independentes entres si, mas ambas dependem da existência, a resposta correta é a "IV", o examinador cobra o que não conhece, absurdo!!!, Gente, vamos colocar pra cima da banca, dano moral, desvio produtivo, teoria da perca de uma chance, nulidade de prova e reembolso dos gastos, tudo na justiça, isso tem que mudar, essa incompetência tem que doer no bolso deles pra mudarem...

  • Conforme comentaram, o erro da IV seria técnico de nomenclatura, porque o negócio jurídico da compra e venda, em si, não é ilícito, ilícito é seu objeto (entorpecente), e, então, é inválido (plano da validade) e também ineficaz (plano da eficácia). No plano da existência é certo que existiu por conter os elementos vontade, agente, objeto, forma...

  • questões com 2 corretas, porém uma mais completa que a outra me matam
  • 1º: Não se pode confundir validade com existência e eficácia. O primeiro (existência) diz respeito à existência fática do negócio, se ele existe, se foi realizado. O segundo (eficácia) diz respeito à produção de efeitos, isto é, se aquele negócio que existe produzirá efeitos.

    2º: O dito contrato existe, mas é inválido, já que tem objeto ilícito (art. 104, II).

    3º: o NJ não produzirá efeitos, uma vez que há um vício em sua estrutura: a invalidade ocasionada pela ilicitude do objeto e que conduz à nulidade do referido negócio, nos termos do art. 166, II. 

    4º: Em conclusão, o negócio jurídico de compra e venda de entorpecentes é existente, inválido e ineficaz; não é o negócio jurídico que é ilícito, mas sim o seu objeto.

    *Comentário do professor.

  • Alguém explica a justificativa para ser ineficaz, conforme se afirma no item I, pois se os três planos não se confundem, porque a invalidade acarreta de plano a ineficácia ?

  • Entorpecente é a substância que esse pessoal do MPDFT usou quando elaborou essa prova!

  • Existente, porém inválido, devido ao objeto ilícito!
  • A doutrina diverge sobre o ato ilícito ser jurídico ou não. Tartuce, Pamplona Filho consideram que é antijurídico e portanto não pode ser ato jurídico. Já Pontes de Miranda e Moreira Alves (autor da parte geral do CC/02) consideram como ato jurídico. O plano da existência não avalia os adjetivos dos seus elementos.

    Com o conceito de negócio jurídico elaborado por Antônio Junqueira de Azevedo, percebemos que o gabarito não se sustenta: "negócio jurídico é todo fato jurídico consistente em declaração de vontade, a que todo o ordenamento jurídico atribui efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma que sobre ele incide."

  • Fiquei pensando na possibilidade de produção de efeitos até que haja a anulação, mas isso só se aplica se a nulidade for relativa.

    Nos casos de nulidade absoluta (art. 166) o negócio jurídico é inválido e ineficaz.

  • "Do ponto de vista do Código Civil..." É questionável que o Código tenha aderido à escala ponteana.
  • O CC não adotou expressamente a teoria da Inexistência

    Adotou Implicitamente?

    Doutrina Diverge. Alguns acham " só besteira". Kkk

    CC adotou expressamente a teoria das invalidades.

    Desse modo, a questão é polêmica. Então , cuidado ao considerar o gabarito dado como certo como algo pacífico.

    Pelo livro de Cristiano Chaves e acredito que MAIORIA DA DOUTRINA. Os Fatos jurídicos Lícitos dividem se em

    1 . Fato JURÍDICO estrito.

    2. Ato fato JURÍDICO

    3. Ato jurídico amplo:

    3.1) negócio JURÍDICO

    3.2) ato JURÍDICO estrito.

    Por esta classificação os negócios jurídicos são sempre Lícitos.

  • O CC não adotou expressamente a teoria da Inexistência

    Adotou Implicitamente?

    Doutrina Diverge. Alguns acham " só besteira". Kkk

    CC adotou expressamente a teoria das invalidades.

    Desse modo, a questão é polêmica. Então , cuidado ao considerar o gabarito dado como certo como algo pacífico.

    Pelo livro de Cristiano Chaves e acredito que MAIORIA DA DOUTRINA. Os Fatos jurídicos Lícitos dividem se em

    1 . Fato JURÍDICO estrito.

    2. Ato fato JURÍDICO

    3. Ato jurídico amplo:

    3.1) negócio JURÍDICO

    3.2) ato JURÍDICO estrito.

    Por esta classificação os negócios jurídicos são sempre Lícitos.

  • Errei a questão e continuo sem entender perfeitamente.

    Isso porque, de acordo com a doutrina, os planos do mundo jurídico são independentes. Um negócio inválido, ainda que absolutamente (nulidade absoluta) pode produzir efeitos.

    Me lembrei do casamento nulo e do art. 1561 do CC/02... Há produção de efeitos em relação a parte inocente ou, caso ambos sejam "culpados", ainda assim haverá efeitos em relação à prole (terceiros de boa-fé).

    Por isso errei a questão, por achar genérica demais a vista da independência dos planos.

    Se alguem, encarecidamente puder me ajudar a compreender onde estou me equivocando... e se possível por DM, pois o QC não me notifica das respostas dadas aqui (vou ter que procurar uma a uma).

    Deus pague a quem me ajudar.

  • Não entendi o gabarito, alguém por obséquio esclareça-me.

    Ex: Compra e venda de drogas ilícitas:

    Negocio jurídico EXISTENTE = existiu o contrato

    Negócio jurídico INVÁLIDO = objeto absolutamente ilícito (nulo)

    A INVALIDADE é dividida em anulabilidade e nulidade

    Negócio Jurídico EFICAZ = apesar de ser nulo o objeto produz efeitos o NJ.

    Minha dúvida é: independentemente se nulo ou anulável o negócio jurídico produz efeitos, isto é, produzirá efeitos até a declaração por sentença que poderá retroagir ou não, se nulo ou anulável.

    Então, no caso, o NJ seria EFICAZ até a prolatação da sentença e não INEFICAZ como apontado.

    Será que a confusão que estou fazendo reside na EFICÁCIA ser diferente da produção de efeitos?

  • Alternativa A

    Em relação à EXISTÊNCIA, exige-se objeto (a droga), sujeito (traficante e comprador) e forma (compra e venda). Portanto, o negócio jurídico é EXISTENTE.

    Em relação à VALIDADE, para que seja válido o negócio jurídico, o objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável. Como a droga é um objeto ILÍCITO, reputa-se INVÁLIDO o negócio jurídico

    Sendo inválido, não há que se falar em eficácia do negócio jurídico.

    Conclusão: O negócio jurídico é existente, porém inválido e ineficaz.

  • A ineficácia gira em torno da nulidade ou anulabilidade .

    O presente é nulo e consequentemente ineficaz por força da lei.

    Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando

    II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

    A nulidade neste caso é absoluta produzindo efeitos ex-tunc , ( bate na testa e vai lá pra traz ) portanto não terá eficácia.

    Se fosse nulidade relativa o efeito seria ex-nunc ( bate na nuca e vai lá pra frente) ou seja eficaz, pois produziria algum efeito ate você bater na nuca . kkk

    Foi o que eu entendi.

  • o examinador não conhece a escada ponteana, lamentável. até porque a eficácia é elemento acidental do negócio jurídico.

  • A alternativa "IV" não está errada.

    "IV. É um negócio jurídico ilícito e, portanto, inválido."

    O objeto é ilícito, incidindo defeito então no plano da validade. Sendo assim, o NJ realmente é inválido.

    Não compreendi o examinador.