SóProvas


ID
5344213
Banca
IDIB
Órgão
Prefeitura de Verdejante - PE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Felicidade nas telas


    Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa. Depois de um dia de trabalho, de volta para casa, ela se enfia na cama, abre o laptop e entra no Facebook. Não procura amigos e conhecidos para aliviar o clima solitário e deprê do fim do dia. Essa talvez tenha sido a intenção nas primeiras vezes, mas, hoje, experiência feita, ela entra no facebook, à noite, como disse, para curtir sua fossa. De que forma?

    Visitando as páginas de amigos e conhecidos, ela descobre que todos estão muito bem: namorando (finalmente), prestes a casar, renovando o apartamento que sempre desejaram remodelar, comprando a casa de praia que tanto queriam, conseguindo a bolsa para passar dois anos no exterior, sendo promovidos no emprego ou encontrando um novo job fantasticamente interessante. E todos vivem essas bem-aventuranças circundados de amigos maravilhosos, afetuosos, alegres, festeiros e sempre presentes, como aparece nas fotografias postadas.

    Minha amiga, em suma, sente-se excluída da felicidade geral da nação facebookiana: só ela não foi promovida, não encontrou um namorado fabuloso, não mudou de casa, não ganhou nesta rodada da loto. É mesmo um bom jeito de aprofundar e curtir a fossa: a sensação de um privilégio negativo, pelo qual nós seríamos os únicos a sofrer enquanto o resto do mundo se diverte.

    Numa dessas noites de fossa e curtição, ao voltar para a sua própria página no Facebook, minha amiga deu-se conta de que a página dela não era diferente das outras. Ou seja, quem a visitasse acharia que ela estava numa época de grandes realizações e contentamentos. Ela comentou: “As fotos das minhas férias, por exemplo, esbanjam alegria; não passaram por nenhum Photoshop, acontece que são três ou quatro fotos ‘felizes’ entre as mais de quinhentas que eu tirei”.

    Nesses dias, acabei de ler Perché Siamo Infelici [Porque somos infelizes], organizado por P. Crepet (Einaudi). São textos de seis psiquiatras e psicanalistas (e um geneticista) tentando nos explicar “por que somos infelizes” e, em muitos casos, porque não deveríamos nos queixar disso. Por exemplo, a infelicidade é uma das motivações essenciais; sem ela nos empurrando, provavelmente ficaríamos parados no tempo, no espaço e na vida. Ou ainda: a infelicidade é indissociável da razão e da memória, pois a razão nos repete que a significação de nossa existência só pode ser ilusória e a memória não para de fazer comparações desvantajosas entre o que alcançamos e o que desejávamos inicialmente.

    Não faltam no livro trivialidades moralistas sobre o caráter insaciável de nosso desejo nem evocações saudosistas do sossego de algum passado rural. Em matéria de infelicidade, é sempre fácil (e um pouco tolo) culpar a sociedade de consumo e sua propaganda, que viveriam à custa de nossa insatisfação. Anotei na margem: mas quem disse que a infelicidade é a mesma coisa que a insatisfação? E se a infelicidade fosse, ao contrário, o efeito de uma saciedade muito grande, capaz de estancar nosso desejo, mais parecida com o tédio de viver do que com a falta de gratificação? Você é infeliz porque ainda não conseguiu tudo o que queria ou porque parou de querer e isso torna a vida muito chata? Seja como for, lendo o livro e me lembrando da fossa de minha amiga no Facebook, ocorreu-me que talvez uma das fontes da infelicidade seja a necessidade de parecermos felizes. Por que precisaríamos mostrar ao mundo uma cara (ou uma careta) de felicidade?

    1. A felicidade dá status, assim como a riqueza. Por isso, os sinais aparentes de felicidade podem ser mais relevantes do que a íntima sensação de bem-estar;

    2. além disso, somos cronicamente dependentes do olhar dos outros. Consequência: para ter certeza de que sou feliz, preciso constatar que os outros enxergam a minha felicidade. Nada grave, mas isso leva a algo mais chato: a prova da minha felicidade é a inveja dos outros.

    O resultado dessa necessidade de parecermos felizes é que a felicidade é este paradoxo: uma grande impostura da qual receamos não fazer parte e que, por isso mesmo, não conseguimos denunciar.


CALLIGARIS, Contardo. Todos os reis estão nus. São Paulo: Três Estrelas, 2014

Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa”. O uso do artigo indefinido em destaque tem a função de

Alternativas
Comentários
  • Tudo bem que o item D está correto, mas qual o erro do item B?

  • erro da B:

    "UMA" é artigo INDEFINIDO

  • NÃO ENTENDI PQ A ( B) ESTÁ ERRADA

  • Gabarito na alternativa D

    Solicita-se correta função do artigo indefinido destacado em:

    Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa”.

    A) exprimir um tom de familiaridade e precisão.

    Incorreta. O artigo indefinido introduz o substantivo de foram vaga, imprecisa, não havendo que se falar em familiaridade ou precisão.

    B) determina o substantivo “amiga”, enfatizando seu valor.

    Incorreta. Ainda que não seja incorreto afirmar que o artigo indefinido "determina" o substantivo, ainda que o faça de forma vaga e imprecisa, não há qualquer tom enfático em sua utilização.

    C) indicar que o termo “amiga” foi citado anteriormente.

    Incorreta. A função descrita na assertiva leva à classe dos elementos coesivos de função anafórica, normalmente pronomes.

    D) introduz um termo ainda não conhecido do leitor.

    Correta. O artigo é a introdução do substantivo, ou termo equivalente, dando-lhe gênero e número. No caso em tela, o termo substantivo introduzido não é familiar ao leitor.

  • Gabarito: D

    • Artigos indefinidos: um , uma, uns, umas
    • Artigo Definidos: a, as, o, os

  • Assertiva D

    introduz um termo ainda não conhecido do leitor. = “Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa”.

  • Sucintamente: artigos indefinidos (um, uns, uma e umas) não determinam ou conferem precisão a termo algum, de modo que você elimina de pronto as alternativas A e B. Note agora que a primeira frase do texto é "uma amiga...". Ora, se a primeira menção à tal amiga é a primeira frase do texto, como pode ter havido menção anterior? Com isso, elimina-se a alternativa C e resta a última.

    Letra D

  • Depois de ler os comentários dos amigos concordo com o gabarito, pois realmente traz a ideia de indefinição do artigo.

    Exemplo: AH! uma amiga aí... (não sei quem é, mas é uma amiga de alguém...)

    GAB D.

  • D

    Obs!

    Diferença entre o artigo definido e indefinido é a SEMÂNTICA

    Definido :define com precisão (o, a,os,as) - usamos em 2 situações:

    1.Indica substantivo já conhecido pelos interlocutores

    Ex: Vou falar sobre o Brasil

    ( o (artigo) indicando subst. já conhecido pelo falante e ouvinte)

    2. Referir a substantivo (explícito) mencionado anteriormente

    Vou passar por uma cirurgia, mas antes vou analisar o procedimento

    (o (artigo) referindo-se algo já mencionado)

    Indefinido:indefine/generaliza (um,uma,uns,umas)

    Ex:Queria conversar sobre um procedimento (=qualquer)

    Bons estudos!

  • Não é a letra B, pois não teria como determinar o substantivo "amiga", porque "um" é um artigo indefinido.
  • Artigo indefinido generaliza as coisas ou apresenta algo que ainda não foi mencionado na oração.

  • A questão requer conhecimento sobre o valor discursivo dos artigos.


    Artigos definidos: o, a, os, as.


    Artigos indefinidos: um, uma, uns, umas.

    Alternativa (A) incorreta - O artigo indefinido determina o substantivo de forma imprecisa. É o artigo definido que caracteriza um tom de familiaridade, intimidade com o substantivo determinado pelo artigo.


    Alternativa (B) incorreta - O artigo indefinido até determina o substantivo, mas não traz esse valor enfático.

    Alternativa (C) incorreta - Os artigos definidos também podem desempenhar uma função remissiva no discurso, isto é, referindo-se a um ser já mencionado anteriormente, no entanto os artigos indefinidos não funcionam como coesão anafórica - quando se refere a um termo mencionado anteriormente.

    Alternativa (D) correta - Emprega-se discursivamente o artigo indefinido quando o referente, ou seja, o substantivo ainda não tem a notoriedade do leitor, isto é, quando este termo ainda não é de conhecimento do interlocutor, é uma informação nova. Por outro lado, quando esta informação já é conhecida, emprega-se o artigo definido. Perceba que a frase Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa" introduzida pelo artigo indefinido é a primeira informação do texto.


    Gabarito da Professora: Letra D.

    A questão requer conhecimento sobre o valor discursivo dos artigos.


    Artigos definidos: o, a, os, as.


    Artigos indefinidos: um, uma, uns, umas.

    Alternativa (A) incorreta - O artigo indefinido determina o substantivo de forma imprecisa. É o artigo definido que caracteriza um tom de familiaridade, intimidade com o substantivo determinado pelo artigo.


    Alternativa (B) incorreta - O artigo indefinido até determina o substantivo, mas não traz esse valor enfático.

    Alternativa (C) incorreta - Os artigos definidos também podem desempenhar uma função remissiva no discurso, isto é, referindo-se a um ser já mencionado anteriormente, no entanto os artigos indefinidos não funcionam como coesão anafórica - quando se refere a um termo mencionado anteriormente.

    Alternativa (D) correta - Emprega-se discursivamente o artigo indefinido quando o referente, ou seja, o substantivo ainda não tem a notoriedade do leitor, isto é, quando este termo ainda não é de conhecimento do interlocutor, é uma informação nova. Por outro lado, quando esta informação já é conhecida, emprega-se o artigo definido. Perceba que a frase Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa" introduzida pelo artigo indefinido é a primeira informação do texto.


    Gabarito da Professora: Letra D.

  • o(s), a(s) : artigos indefinidos;

    um(s), uma(s): artigos indefinidos.

  • Resposta correta: Letra D

    Emprega-se discursivamente o artigo indefinido quando o referente, ou seja, o substantivo ainda não é de conhecimento do leitor, ou seja, quando tal termo ainda é uma informação nova. Por outro lado, quando esta informação já é conhecida, emprega-se o artigo definido. Perceba que a frase “Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa" introduzida pelo artigo indefinido é a primeira informação do texto.

  • introduz um termo ainda não conhecido do leitor.

  • Gabarito na alternativa D

    Solicita-se correta função do artigo indefinido destacado em:

    Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa”.

    A) exprimir um tom de familiaridade e precisão.

    Incorreta. O artigo indefinido introduz o substantivo de foram vaga, imprecisa, não havendo que se falar em familiaridade ou precisão.

    B) determina o substantivo “amiga”, enfatizando seu valor.

    Incorreta. Ainda que não seja incorreto afirmar que o artigo indefinido "determina" o substantivo, ainda que o faça de forma vaga e imprecisa, não há qualquer tom enfático em sua utilização.

    C) indicar que o termo “amiga” foi citado anteriormente.

    Incorreta. A função descrita na assertiva leva à classe dos elementos coesivos de função anafórica, normalmente pronomes.

    D) introduz um termo ainda não conhecido do leitor.

    Correta. O artigo é a introdução do substantivo, ou termo equivalente, dando-lhe gênero e número. No caso em tela, o termo substantivo introduzido não é familiar ao leitor.

  • Gabarito na alternativa D

    Solicita-se correta função do artigo indefinido destacado em:

    Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa”.

    A) exprimir um tom de familiaridade e precisão.

    Incorreta. O artigo indefinido introduz o substantivo de foram vaga, imprecisa, não havendo que se falar em familiaridade ou precisão.

    B) determina o substantivo “amiga”, enfatizando seu valor.

    Incorreta. Ainda que não seja incorreto afirmar que o artigo indefinido "determina" o substantivo, ainda que o faça de forma vaga e imprecisa, não há qualquer tom enfático em sua utilização.

    C) indicar que o termo “amiga” foi citado anteriormente.

    Incorreta. A função descrita na assertiva leva à classe dos elementos coesivos de função anafórica, normalmente pronomes.

    D) introduz um termo ainda não conhecido do leitor.

    Correta. O artigo é a introdução do substantivo, ou termo equivalente, dando-lhe gênero e número. No caso em tela, o termo substantivo introduzido não é familiar ao leitor.