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ID
5344228
Banca
IDIB
Órgão
Prefeitura de Verdejante - PE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO II

Arte de ser feliz


    Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.

    Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.

    Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias - e me sentia completamente feliz.

    Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.

    Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos: que sempre parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.

    Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


MEIRELES, Cecília. Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro,

Editora José Olympio, 1975.

Assinale a alternativa em que o vocábulo em destaque é classificado como preposição.

Alternativas
Comentários
  • a) “Borboletas brancas, duas a duas...”.

    Correto. A rigor, entre palavras repetidas, quando houver uma vogal "a", esta será uma preposição, classe de palavra que não exerce função sintática. Recorde-se: isso, no entanto, não é regra;

    b) “...e mesmo que a ouvisse, não a entenderia...”

    Incorreto. Esse "a" é um pronome cuja função sintática é a de objeto direto do verbo "ouvir";

    c) “Avisto crianças que vão para a escola”.

    Incorreto. Esse "a" é um artigo definido cuja função sintática é a de adjunto adnominal;

    d) "Eu não a podia ouvir, da altura da janela..."

    Incorreto. Esse "a" é um pronome cuja função sintática é a de objeto direto do verbo "ouvir".

    Letra A

  • Preposições essencias: A - COM - DE - PARA - POR - EM

    Lembrar do sentido de relação que a preposição exerce com os termos.

  • a) “Borboletas brancas, duas a duas...”.

    No presente caso, os termos da oração denotam a ideia de quantidade. um exemplo semelhante: "três em três".

    b)“...e mesmo que a ouvisse, não a entenderia...”

    É a mesma situação vislumbrada na alternativa "d". Quem ouve, ouve A alguma pessoa, ou seja, a vogal grifada é um pronome obliquo que substitui o pronome do caso reto "Ela"

    c) “Avisto crianças que vão para a escola”.

    No assertiva, é preciso considerar a regência do verbo ir (que no caso encontra-se na terceira pessoa do presente do indicativo: "vão"). Pensemos da seguinte forma: quem vai, vai para algum lugar, ou seja, o verbo é regido pela preposição para. Assim sendo, o "a" que antecede a palavra escola (substantivo) é um artigo definido e não uma preposição.

    d) “Eu não a podia ouvir, da altura da janela...”

    Sempre pergunte para o verbo: quem não pode ouvir, não pode ouvir algo (alguma coisa), de alguém (alguma pessoa). No caso, verifica-se então, que que a pessoa não podia ouvir a uma outra do gênero feminino ("a" é pronome oblíquo que substitui o pronome do caso reto "ela"). Logo, o termo grifado é um pronome.

  • Letra B - Pronome Oblíquo Átono em Próclise

    Letra C - Artigo

    Letra D - Pronome Oblíquo Átono em Próclise.

    Gabarito Letra A, pois é a única alternativa que apresenta o que exige o enunciado. Preposição.

  • Artigo varia, preposição, não!

    Na dúvida, tente colocar todas as frases no plural, e se deixar de ser "a" para ser "as", trata-se de artigo.

  • Questão do concurso que fiz! Letra A.
  • Gabarito A

    o/a antes de substantivo = ARTIGO

    o/a retomando termo anterior= PRONOME

  • ALTERNATIVA "A"

    PREPOSIÇÃO: palavra gramatical, invariável, que liga dois elementos de uma frase, estabelecendo uma relação entre eles.

  • A questão requer conhecimento sobre as classes gramaticais (substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição).


    Alternativa (A) correta - Preposição. Em palavras repetidas, não se usa artigo. O “a" é preposição.

    Alternativa (B) incorreta - Pronome pessoal oblíquo átono. Está substituindo o substantivo “mulher", no terceiro parágrafo, segundo período.

    Alternativa (C) incorreta - Artigo definido. Está acompanhando o substantivo “escola".

    Alternativa (D) incorreta - Pronome pessoal oblíquo átono. Está substituindo o substantivo “mulher", no terceiro parágrafo, segundo período.

    Gabarito da Professora: Letra A.

  • 1) Coloca a frase no plural, se o "a" variar não é preposição.

    2) A letra "A" já é suspeita, pois normalmente entre palavras repetidas a letra "a" assume função de preposição.

  • Alternativa (A) correta - Preposição. Entre palavras repetidas, via de regra, não se usa artigo. O “a" é, pois, preposição.

    Alternativa (B) incorreta - Pronome pessoal oblíquo átono. Está substituindo o substantivo “mulher".

    Alternativa (C) incorreta - Artigo definido. Está acompanhando e determinando o substantivo “escola".

    Alternativa (D) incorreta - Pronome pessoal oblíquo átono. Está substituindo o substantivo “mulher", no segundo periodo do terceiro parágrafo.

  • “Borboletas brancas, duas a duas...”.

  • Quando o A é preposição.

    A + masculino

    A + verbo no infinitivo

    A = plural

    A + artigo indefinido

    A + pronome pessoal e indefinido.